Sem Saúde

Abaixo-assinado da zona rural pede UPA no Parque Independência

Enfermeiros e moradores reivindicam a construção e alegam que unidade de saúde mais próxima é a UPA da Cidade Operária, que não teria mais condições de atender demanda; houve protesto no local e coleta de assinaturas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41

SÃO LUÍS - Enfermeiros e moradores da zona rural II, que abrange 85 comunidades no entorno dos bairros São Raimundo, Vila Cascavel e Santa Bárbara, fizeram, nesta sexta-feira, 10, uma manifestação em frente ao Parque Independência, na Avenida José Sarney. Os manifestantes e a comunidade reivindicam a construção de uma unidade de saúde de atendimento a urgências e emergências no local. Segundo eles, a unidade de saúde mais próxima é a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Cidade Operária, que não teria mais condições de atender à demanda de pacientes. Em 2016, o Governo do Estado requereu a área sob a alegação de que construirá conjunto habitacional no terreno.
O protesto começou às 7h. Com faixas e um carro de som, os manifestantes convocavam quem passava pelo local para assinar um abaixo-assinado solicitando a construção da unidade de saúde. “Achamos que este é o local ideal para a construção da UPA, porque aqui é a porta de entrada para acesso a todas as comunidades da região”, afirma a enfermeira Fátima Sales, líder do movimento. O objetivo do movimento é coletar 20 mil assinaturas para pressionar o Governo do Estado a construir a unidade de atendimento de urgência e emergência.
De acordo com Fátima Sales, a unidade de saúde mais próxima para uso da população dessa região é a UPA Cidade Operária. “Mas a unidade não tem mais condições de atender a toda a demanda. Apenas as pessoas da região da Cidade Operária já lotam a unidade diariamente. Por isso, precisamos de uma unidade de saúde para atender exclusivamente às comunidades do entorno do Parque Independência”, comenta.
Diversos moradores das comunidades da região que passavam em frente ao Parque Independência paravam para registrar o nome no abaixo-assinado. Maria Vilanir de Oliveira Ribeiro, líder comunitária da Vila Vitória, frisou a necessidade da unidade de saúde. “Eu várias vezes já fui com familiares à UPA da Cidade Operária e não consegui atendimento por causa da lotação. Ou seja, além da distância que temos de percorrer, ainda corremos o risco de voltar para casa sem atendimento médico”, reclama.
Nilson Oliveira, presidente da Federação de Entidades Rurais, também participou da manifestação. “A zona rural II é formada por 85 comunidades, como São Raimundo, Santa Bárbara, Vila Cascavel, Vila Vitória, Tajipuru, Guarapiranga, Vila Magril, Bom Jardim, Nova Vida, Andiroba e dezenas de outras que necessitam desta UPA para que a população tenha atendimento médico de qualidade”, informa.

Devolução da área
Mas a escolha do local para a construção da unidade de saúde não é apenas por causa da facilidade de acesso aos moradores das localidades da área. Em junho de 2016, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Gestão e Previdência (Segep) enviou ofício à Associação dos Criadores do Maranhão (Ascem) solicitando a devolução do Parque Independência em 24 horas após a notificação.
No local, a Ascem realizava anualmente a Exposição Agropecuária do Maranhão (Expoema), maior evento agropecuário do Norte/Nordeste. A Ascem administrava o Parque Independência em forma de comodato, desde 2009 e cuja vigência iria até 2026. Por causa da atitude do Governo do Estado a Ascem não realizou a Expoema em 2016, quando seriam comemorados 60 anos do evento.

Em nota divulgada à época, o Governo do Estado, por meio das secretarias de Gestão e Previdência (Segep) e Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid), informou que a área do Parque Independência será destinada à implementação do Programa Habitacional do Servidor Público (PHSP), que será inicialmente voltado para policiais e funcionários da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

Segundo o Governo do Estado, no local serão construídas 2.048 unidades de apartamentos divididos em oito condomínios, sendo cada um de 256 apartamentos implantados na área de 43 hectares. Os apartamentos serão de 2 quartos (52 metros quadrados) ou de 3 quartos (68 metros quadrados). As obras restavam previstas para começar em fevereiro deste ano. A medida visa diminuir o déficit habitacional na região metropolitana, com destinação de imóveis para servidores estaduais.

Reação
O cancelamento da Expoema repercutiu no meio agropecuário local, com fortes críticas ao Governo do Estado. Segundo os criadores, o Maranhão deu passo para trás com o cancelamento do evento, pois na década de 1980 os animais abatidos no Maranhão demoravam cinco anos, pesando 180 quilos. Com o melhoramento genético, hoje o abate ocorre em 3 anos com o animal pesando 250 quilos. Se o rebanho maranhense chegou a esse nível genético que tem hoje se deve muito à Expoema, defenderam os criadores. A Ascem entrou com ação na Justiça requerendo o cumprimento do contrato de comodato.

A retomada do Parque Independência pelo Governo do Estado repercutiu negativamente também por­que a empresa Amorim Coutinho Engenharia e Construções Ltda, que pertence ao empresário Eugênio Coutinho, irmão do presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho (PSB) - aliado do governador Flávio Dino (PCdoB) -, foi pré-qualificada pelo Governo do Estado para assinar contrato junto à Caixa, no valor global de R$ 225.792.000,00, em consórcio com a Canopus Construções Ltda, para a edificação dos apartamentos.

SAIBA MAIS

Retomada

Assim como agora no Governo Flávio Dino, em 2007 o então governador Jackson Lago também retomou o Parque Independência, que à época também era administrado pela Associação dos Criadores do Maranhão (Ascem).

Parque Independência

O Parque Independência foi inaugurado em 8 de setembro de 1972 pelo Governo Pedro Neiva de Santana.

Números
85
comunidades estão localizadas no entorno do Parque Independência
150 mil é a estimativa da população que reside nesta região

Assista o vídeo:

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