População de rua

CAPS AD atende no centro de São Luís

Forma de abordagem mudou este ano, para facilitar o acesso aos dependentes químicos; a intenção é convencê-los a receber tratamento no centro psicossocial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Número de dependentes químicos aumentou no centro de São Luís; muitos ficam na Praça do Pantheon
Número de dependentes químicos aumentou no centro de São Luís; muitos ficam na Praça do Pantheon (dependentes)

SÃO LUÍS - O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) e a Polícia Civil prestaram aten­dimento a dependentes químicos e pessoas em situação de rua no centro de São Luís na manhã de ontem. A forma de abordagem aos dependentes químicos mudou para facilitar o tratamento, Esta foi a primeira ação do tipo executada em 2017. Atualmente, existem 310 usuários em atendimento no CAPS AD, onde eles permanecem em média um ano ao longo do seu tratamento.

Antes, o CAPS AD e a Polícia Civil faziam o recolhimento de dependentes químicos nas ruas de São Luís e as encaminhavam para tratamento. “Durante os cinco anos da chamada Operação Resgate, percebemos que muitos deles achavam que ficariam presos. Isso dificultava a nossa aproximação e, consequentemente, o tratamento. Ago­ra, nós vamos até o local em que eles estão e tentamos convencê-los a buscar tratamento”, explica Marcelo Costa, diretor do CAPS AD, localizado no Monte Castelo.

Tenda
A primeira ação do ano aconteceu no centro de São Luís, próximo ao Mercado Central, onde foi montada uma tenda para avaliação clínica. Lá, profissionais da área da saúde, da assistência social e outros faziam a avaliação das pessoas que foram até o posto e fazia o encaminhamento para o tratamento adequa­do. O público em geral também foi atendido na tenda, onde era possível fazer a verificação da pressão arterial e da taxa de glicemia.

O Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) é uma referência no atendimento desse público, atendendo somente no ano passado mais de 8 mil pessoas. A maioria foi oriunda do bairros Barreto, Cidade Operária Liberdade e João Paulo.

A unidade oferece tratamento diário à população com transtornos decorrentes do abuso e dependência de substâncias psicoativas (álcool e outras drogas), ofer­tando tratamento dentro das diretrizes determinadas pelo Ministério da Saúde, que tem por base o tratamento do paciente em liberdade, buscando sua reinserção social.

Além do CAPS AD, os dependentes químicos podem ser encaminhados para outros dois locais para tratamento: a Unidade de Tratamento Transitório, que fica na Cohab, e a Fazenda Esperança, em Coroatá, cidade localizada a 240 quilômetros de São Luís, onde exis­te uma comunidade terapêutica ligada à Igreja Católica, cujo tratamento da população com trans­­tornos decorrentes do abuso e dependência de substâncias psicoativas encaminhada pelo CAPS AD é custeado pelo Governo do Estado do Maranhão.

Aumento
O trabalho foi feito em parceria com o 1º Distrito Policial, sob o comando do delegado Joviano Furtado. Segundo o delegado, o centro de São Luís foi escolhido para a primeira ação de 2017 porque houve um crescimento da população com transtornos decorrentes do abuso e dependência de substâncias psicoativas na região. “O que temos notado é que está havendo uma migração dessas pessoas de um ponto para o outro. Antes, o João Paulo era a área onde tínhamos mais pessoas nesta situação. Agora, o Centro é o principal ponto de concentração de dependentes químicos”, informa.

De acordo com Furtado, esta migração para o Centro ocorre porque a área oferece condições menos adversas. “No Centro, temos muitos casarões abandonados, que servem de abrigo para eles, e isto é um atrativo. Além de ser uma área onde há grande circulação de pessoas ao longo de todo o dia. E muitos dos dependentes químicos acabam ficando sem casa e sem emprego, usando os casarões como moradia e vivendo às custas de trocados doados pela população”, explica.

Marcelo Costa destaca que a maioria dos dependentes químicos são viciados em crack, mas a droga não é o principal problema deles. “Cerca de 90% das pessoas que nós atendemos são viciados em crack, mas o principal problema é a situação de exclusão social em que estas pessoas se encontram. Elas são abandonadas pelas famílias, acabam sem emprego e vão para as ruas, onde ficam ainda mais vulneráveis”, diz.

SAIBA MAIS

Perfil dos usuários atendidos pelo Caps AD em 2016
90% são usuários de crack
7% são usuários de álcool
3% são usuários de outras drogas (cocaína, maconha e benzodiazepínicos)

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