Influenciadora digital

Destaque nacional na web

Professora maranhense Rosane Borges, 42 anos, está entre as 25webnegras 2016, lista elaborada pelo site blogueirasnegras.org

Selma Figueiredo / O Estado do Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
A professora Rosane Borges no lançamento do livro mais recente
A professora Rosane Borges no lançamento do livro mais recente

Para quem compartilha o universo da internet, é público que a maioria não curte “textão”, como são chamados aqueles textos de análise, mais elaborados e extensos. E isso fica claro em perfis e postagens. Mas em algum momento a realidade virtual parece estar longe do mundo real. Ao menos para a professora e pesquisadora maranhense Rosane Borges, 42 anos, que está entre as #25webnegras 2016, lista elaborada pelo site blogueirasnegras.org a partir da “opinião da comunidade, observância dos talentos da web e além dela”, como destaca a própria página.

“Esse é o grande desafio”, declara ela, que afirma estar feliz com a inclusão de seu nome na lista nacional. “É uma honra e uma alegria receber essa indicação. Hoje, as redes sociais acentuaram uma realidade que é irreversível, inescapável: é que todos nós somos produtores de mensagens.

Nós postamos comentários, escrevemos textos de cunho pessoal... Então, nesse mar, nessa avalanche de informações, você se destacar, ser referenciada, referenciado como alguém que as pessoas devem ouvir, escutar e seguir, de fato, é uma grande alegria”, relata.

Rosane Borges participa do lançamento da revista Observatório 21, no Itaú Cultural; é articulista
Rosane Borges participa do lançamento da revista Observatório 21, no Itaú Cultural; é articulista


Nesse cenário, ela meio que delimita um universo de atuação. “Meu lugar de fala está circunscrito a esses campos: sou professora, pesquisadora na área das relações raciais, da comunicação, das relações de gênero (...) São três campos em que eu tenho uma incidência de modo a construir, intervir na esfera pública, com opinião, com dados, estudos e pesquisas”, declara.
Para ela, os likes são consequência natural nesse processo.

“Quando publico, não penso obrigatoriamente nas pessoas que vão me seguir. Agora, inevitavelmente, quando a gente oferece ao espaço público as nossas intervenções, com os nossos trabalhos, evidentemente que isso não se passa sem consequência. Porque o que se diz em termos das questões nacionais que envolvem as pessoas, sempre tem desdobramentos. Então, eu tenho consciência que, se por um lado, eu não escrevo pensando em seguidores e likes, por outro lado os meus artigos, meus textos no espaço público, fatalmente provocarão uma reação, seja de adesão, de concordância, seja de crítica, de discordância”, afirma ela, que tem uma agenda sempre cheia , com presença instigante em seminários, palestras e debates pelo Brasil.

Nesta edição mais recente, a lista inclui nomes como Zelinda Barros (antropóloga, ciberativista, doutora em Estudos Étnicos Africanos pela Universidade Federal da Bahia), Núblia Moreira (doutora em sociologia pela Universidade Brasília e professora adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), Maria Shu (dramaturga e professora) e também a carioca Alessandra Aires Landin, a Lellêzinha, única menina a integrar o Dream Team do Passinho.

Bagagem
Uma visualizada no currículo da jornalista e professora colaboradora da Universidade de São Paulo (USP), que cresceu no bairro Monte Castelo, em São Luís, comprova o porquê da indicação e mostra que ela tem bagagem para muitos posts aprofundados. É pós-doutoranda em Ciências da Comunicação pela ECA-USP; doutora e mestre em Ciências da Comunicação pela USP; integra o grupo de pesquisa Midiato (ECA-USP). Foi coordenadora nacional do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da Fundação Palmares, órgão do Ministério da Cultura; e da Revista Nguzu (NEAA-UEL).

Na bibliografia, é autora e organizadora de oito livros, entre os quais “Mídia e Racismo” (2012); “Jornal: da forma ao discurso” (2002), “Rádio: a arte de falar e ouvir” (2003) e “Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro” (2004). Ano passado, lançou “Esboços de um tempo presente”, pela editora Malê. É também articulista do blog da Editora Boitempo e do site Justificando, escrevendo regularmente nos portais de notícias Observatório da Imprensa e Geledés. E parece que ela descobriu um jeito próprio para falar de assunto sério e ser influente, ser lida.

Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Rosane Borges diz manter uma “relação estreita” com o estado. “Participo de atividades em São Luís. Este ano, vim três vezes a trabalho. Participei do seminário do Coletivo Bantu, de rodas de conversa com a Secretaria Municipal de Educação e dei conferência em seminário sobre políticas públicas na UFMA. Tenho um vínculo com o ativismo negro na cidade”, destaca. Após mais uma visita ao estado, ela voltou domingo, 8, a São Paulo, onde já morou por 10 anos e para onde retornou em 2014.

Saiba Mais

#25webnegras

A lista #25webnegras é composta por pretas da web, das artes, da música, da academia e da comunidade. O site promotor destaca que não é um ranking.
A ideia é mostrar aquelas que deram o gás para ter o seu talento ‘visibilizado’, sua arte ganhando valor, seus ‘corres’ reconhecidos.

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