Assassinato

Políticos e diplomatas se despedem de embaixador russo morto em Ancara

Velório de Andrei Karlov acontece no Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em Moscou. Presidente Vladimir Putin participou de cerimônia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42

Moscou - A Rússia prestou uma homenagem nacional ontem a seu embaixador assassinado na Turquia. Embora Moscou afirme que é prematuro para identificar os responsáveis pela morte, Ancara atribuiu a morte ao movimento do pregador Fethullah Gulen.

O caixão de Andrei Karlov foi velado na sede do ministério russo das Relações Exteriores, ao lado de uma bandeira do país e vigiado pela Guarda de Honra, de acordo com a France Presse.

Depois da conclusão do velório, o caixão foi levado à Catedral de Cristo Salvador de Moscou, o principal templo ortodoxo do país, onde o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, oficiará uma missa em memória do diplomata assassinado, segundo a Efe.

O presidente Vladimir Putin, o primeiro-ministro Dmitri Medvedev, o chefe da diplomacia Serguei Lavrov e o conjunto da élite política compareceram para prestar homenagens a Karlov.

O embaixador, de 62 anos, "foi vítima de um ato terrorista covarde e terrível, enquanto exercia seu dever profissional", declarou Lavrov, diante da esposa e do filho do embaixador assassinado na Turquia.

Putin concedeu na quarta-feira,21, o título de herói da Rússia a Karlov em caráter póstumo por sua "coragem e grande contribuição" à política externa russa. O presidente compareceu ontem a uma missa na catedral de Cristo Salvador em Moscou.

'Provocação'

O assassinato do diplomata por um policial turco em uma galeria de arte na segunda-feira em Ancara foi denunciado por Rússia e Turquia como uma "provocação", com o objetivo de minar as relações que os dois países estão restabelecendo após quase um ano de crise.

As duas nações estão em lados opostos na guerra da Síria: a Rússia apoia o regime de Bashar al-Assad e a Turquia os rebeldes que lutam contra ele.

Diante das câmeras, Mevlüt Mert Altintas, um policial de 22 anos, atirou nove vezes contra o embaixador Karlov, gritou "Allah Akbar" (Deus é grande) e afirmou que pretendia vingar a tragédia na cidade síria de Aleppo, antes de ser morto.

Apesar das declarações, que parecem vincular o assassinato à situação na Síria, os investigadores turcos privilegiam a pista do movimento de Fethullah Gulen, inimigo do presidente Recep Tayyip Erdogan, que o acusa de ter planejado a tentativa de golpe de Estado de julho.

O policial era "um membro da organização terrorista FETO (acrônimo que designa o movimento de Gulen), não há necessidade de esconder", declarou Erdogan na quarta-feira.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que não se deve tirar conclusões apressadas" e pediu que as pessoas "aguardem os resultados do trabalho dos investigadores".

Um fato inédito, a Turquia aceitou a participação na investigação de 18 policiais, agentes dos serviços secretos e diplomatas russos.

'Provas sólidas'

"É provável que os russos não se conformem com explicações como: 'o assassino de Karlov é um gulenista', afirmou Murat Yetkin, chefe de redação do jornal turco Hürriyet. "Pedirão provas sólidas", completou.

De acordo com a imprensa, os investigadores encontraram livros sobre a organização de Gulen durante uma operação de busca na casa de Altintas.

As autoridades turcas liberaram nesta quinta-feira os integrantes da família do homicida: seus pais, sua irmã, dois tios e uma tia, que estavam em detenção preventiva desde segunda-feira, informou a agência Anadolu.

Os investigadores procuram 120 pessoas relacionadas com o assassinato, de acordo com a agência.

O governo turco apresenta com frequência Gulen, que negou qualquer envolvimento na tentativa de golpe de Estado de julho, como o principal suspeito dos males que afetam o país.

Gulen, que tem a extradição solicitada por Ancara aos Estados Unidos em vão, afirmou estar "comovido e muito triste" com o assassinato do embaixador russo.

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