Lava Jato

Citado em delação da Odebrecht, assessor especial de Temer pede demissão

José Yunes, que é amigo do presidente Michel Temer há 50 anos, foi citado no anexo da delação de Cláudio Melo Filho

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
José Yunes foi apontado como intermediário da entrega de “apoio financeiro” para campanhas do PMDB pedido pelo presidente Michel Temer
José Yunes foi apontado como intermediário da entrega de “apoio financeiro” para campanhas do PMDB pedido pelo presidente Michel Temer (José Yunes)

O assessor especial da Presidência da República José Yunes pediu demissão do cargo ontem. Em carta, ele afirmou que a demissão é para preservar sua dignidade. Yunes, que é amigo do presidente Michel Temer há 50 anos, foi citado no anexo da delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho.

"Nos últimos dias, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação. É fantasiosa a alegação que teria recebido recurso em espécie de doações do PMDB", disse Yunes na carta. Ele lamentou ainda não poder "ajudar o amigo de 50 anos a colocar o País nos trilhos".

Melo Filho afirmou, em anexo entregue ao Ministério Público Federal, que o presidente Michel Temer pediu "apoio financeiro" para as campanhas do PMDB em 2014 a Marcelo Odebrecht, que se comprometeu com um pagamento de R$ 10 milhões.

O ex-executivo detalha um jantar com Temer no Palácio do Jaburu, no qual estiveram presentes Temer, Marcelo Odebrecht e Padilha. Segundo o delator, Temer solicitou "direta e pessoalmente para Marcelo, apoio financeiro para as campanhas do PMDB no ano de 2014".

Uma das entregas teria sido feita no endereço do escritório de advocacia de José Yunes, segundo Melo Filho, o que sugere o pagamento em dinheiro em espécie.

Mais saídas - Após almoço com o presidente Michel Temer, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário Moreira Franco, o presidente nacional do PMDB e líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (RR), negou que os principais aliados do presidente da República tenham a intenção de entregar carta de demissão.

Ele afirmou que ambos têm a confiança do presidente e que cabe a Temer decidir quem entra ou sai de seu governo. "Não é nenhum tipo de notícia armada, pressão indevida ou tentativa de desestabilização que levará o presidente a fazer mudanças no seu ministério sem ele querer", declarou

O senador disse que no almoço foi discutido como vão encerrar o ano de forma vitoriosa, seja no esforço da votação do Orçamento ou das medidas de interesse do governo. Jucá relatou que Temer está tranquilo e disposto, com o governo funcionando "a pleno vapor". O líder disse que não tem mini pacote a ser apresentado amanhã, mas sim medidas que o governo está estudando há algum tempo e que gostaria de ver implementadas. Jucá afirmou que amanhã pela manhã vão concluir as medidas administrativas e econômicas que vão ajudar na recuperação da atividade econômica. O senador não quis antecipar os pontos que serão apresentados.

O senador disse ainda que o partido não vai dar curso a nenhuma medida jurídica questionando o vazamento das delações dos executivos da Odebrecht.

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