Batalha

EI segue usando civis como escudos humanos no Iraque

De acordo com denuncia da ONU, civis são forçados a ficarem em lugares onde estão os extremistas; ''Seguimos recebendo relatórios de humilhações'', disse Nações Unidas; no dia 19 de outubro, militantes do EI amarraram as mãos de seis civis a um veículo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

Iraque - O Estado Islâmico (EI) continua usando civis como escudos humanos ao forçá-los a ficarem em lugares onde estão seus militantes e a impedi-los de fugir para outras localidades, denunciou ontem o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Em entrevista coletiva, seu porta-voz, Rupert Colville, indicou que "várias e diversas fontes de várias origens" denunciaram que os militantes do EI "estão usando civis como escudos humanos de forma deliberada, ao forçá-los a ficarem em lugares onde estão os combatentes e ao evitar que eles possam ir para outros lugares".

Colville disse que não vai nomear as fontes para protegê-las, já que elas se encontram noIraque, e esclareceu que tem uma relação de confiança com muitas delas há bastante tempo.

O porta-voz também especificou que "é muito difícil verificar essas denúncias", por isso pediu que esses exemplos sejam tratados como "preliminares, e não definitivos".

"Seguimos recebendo relatórios de humilhações - incluindo execuções extrajudiciais e sumárias - contra crianças, mulheres e homens por parte do EI, enquanto as forças do governo iraquiano avançam rumo a Mossul", afirmou Colville.

Denúncias

Além disso, o porta-voz relatou vários exemplos de denúncias, como uma ocorrida na cidade de Safina, onde aparentemente 15 civis foram assassinados e seus corpos jogados em um rio em uma tentativa de aterrorizar a população.

Em outra ocasião, no dia 19 de outubro, militantes do EI amarraram as mãos de seis civis a um veículo e os arrastaram por toda a cidade, supostamente por terem laços familiares com uma pessoa que luta ao lado das forças governamentais.

Outras denúncias afirmam que os jihadistas assassinaram três meninas e três mulheres na cidade de Rufeila porque elas caminhavam muito devagar em sua saída forçada da cidade, já que uma das menores era deficiente.

Além disso, os militantes supostamente assassinaram nos arredores de Mossul 50 policiais que tinham sido sequestrados. "Existe o temor de que essas não serão as últimas denúncias de ações bárbaras do EI", assumiu Colville.

O porta-voz também fez um pedido para as forças governamentais iraquianas e seus aliados para garantirem que seus soldados não vão cometer abusos contra os civis que conseguirem escapar das áreas controladas pelos jihadistas.

Colville denunciou que as autoridades de Kirkuk assediaram os deslocados internos da cidade ao forçá-los a deixarem suas residências, após um ataque surpresa de militantes do EI.

O porta-voz disse que entende as preocupações de segurança, mas reiterou que as forças não devem violar os direitos de pessoas que já estão sofrendo bastante.

Fuga de Mossul

Um comboio de veículos do grupo Estado Islâmico (EI) deixou nas últimas horas a cidade de Mossul, alvo de uma ofensiva do Exército do Iraque, em direção à cidade síria de Raqqa, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

De acordo com o Observatório, um dos carros que deixou Mossul teria levado o líder máximo do EI, Abu Bakr al Bagdhadi. Os 24 veículos 4x4 chegaram na noite de ontem a Raqqa, no nordeste da Síria, e depois seguiram para a periferia oeste da cidade.

Mossul, principal reduto do EI no Iraque, é alvo de uma ofensiva do Exército do Iraque e seus aliados desde a semana passada. Segundo o Observatório, 340 membros do grupo extremista morreram na batalha, entre eles vários menores de idade, chamados pela organização de "filhotes do califado".

O Observatório destacou que centenas de milicianos sírios do EI ainda estão em Mossul e outras partes do Iraque. Há cinco dias, a ONG revelou que dezenas de famílias de militantes do grupo e 45 "escravas" dos radicais já tinham fugido de Mossul.

Raqqa

Localizada em uma margem do rio Eufrates, perto da fronteira com a Turquia, Raqqa tem cerca de 200 mil habitantes e, em março de 2013, tornou-se a primeira capital de província síria a cair nas mãos dos rebeldes.

Na época, foi a Frente Al Nusra, braço da Al Qaeda no país, que conseguiu arrebatar seu controle do regime de Bashar al Assad, mas depois desavenças internas entre os extremistas levaram a uma cisão da qual surgiu o Estado Islâmico.

Os combatentes começaram a impor à população um código de vestimenta islâmica e lançaram ataques contra as igrejas, dando início a um reinado do terror no qual se multiplicaram os sequestros e as decapitações.

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