Moradores da Estiva, que vivem às margens do Estreito dos Mosquitos, estão apreensivos quanto ao seu futuro, porque a força das águas do canal tem invadido seus terrenos e destruído suas casas. Segundo eles, a situação vem ocorrendo desde que as empresas responsáveis pela obra da ampliação da Adutora do Sistema Italuís aterraram um igarapé que passava no fundo das casas. Isso fez com o que o fluxo d’água tomasse outro rumo.

A aposentada Maria José Marques Gomes, de 70 anos, mora há 40 anos no local. Uma parte de sua casa, que servia de fábrica de gelo e era gerenciada pelo seu filho, já foi levada pela maré, restando apenas algumas paredes em pé. “É uma situação que nós temos vivido. A gente é pobre e não quer sair do lugarzinho da gente”, afirmou Maria José Gomes.

Segundo ela afirmou, quando a obra foi iniciada, os responsáveis chamaram todos os moradores e disseram que eles não seriam prejudicados. Afirmaram até que fariam um aterramento nas proximidades das casas, para evitar um possível avanço da maré, mas até hoje nada disso foi feito.

E os moradores temem o período mais crítico das chuvas. Hoje eles dizem que no pico da maré a água chega muito próximo do fundo das casas. A apreensão deles é de que quando começar o período chuvoso todo o local seja invadido e eles percam tudo. Vale lembrar que a maioria das casas na região ainda são construídas de taipa.

O pescador Francisco Nascimento, que tem 42 anos e praticamente nasceu no local, conta com tristeza da situação que estão vivendo. De acordo com ele, até mesmo a pesca tem sido prejudicada, já que, por exemplo, o cais onde ficavam as canoas também foi destruído pela maré, graças à construção, e os peixes têm se afastado ainda mais do local. “Não somos contra a obra, mas a gente quer uma ajuda, pois estamos sofrendo e sendo prejudicados aqui”, ressaltou Francisco.

Adutora
As obras de conclusão da nova adutora do Sistema Italuís, cerca de 19 quilômetros atravessando o Campo de Perizes, deveriam ter sido entregues em julho deste ano, conforme cronograma, mas ainda restam pontos críticos a serem concluídos, como a parte da passagem sobre o Estreito dos Mosquitos.

Segundo o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Davi Telles, em entrevista a O Estado em abril deste ano, a demora no repasse de recursos oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, um dos financiadores da obra, foi o fator decisivo pelo novo atraso na conclusão das obras.

Segundo Telles, houve necessidade de ajustes ao projeto inicial, e os serviços tiveram de desacelerar, especialmente no fim de 2015. Ainda no ano passado, já sob a gestão do governador Flávio Dino, a obra enfrentou outros problemas, como atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores. Isso causou a suspensão da obra por alguns dias.

Ordem
As obras de troca da adutora foram iniciadas em novembro de 2012, após assinatura da ordem de serviço pela então governadora do estado, Roseana Sarney. Segundo o cronograma do PAC, a obra estava orçada em mais de R$ 106 milhões. Atualmente, segundo a Caema, cerca de 450 mil pessoas são atendidas pelo Sistema Italuís.

SAIBA MAIS
A vazão da adutora é de 1,8 metro cúbico por segundo. Com as intervenções que serão realizadas, a estrutura passará a ter capacidade de 2,1 metros cúbicos por segundo. Com 19 quilômetros de extensão, no Campo de Perizes, a nova adutora será composta por 1.500 tubos de aço patinável, cada um com 12 metros de comprimento e 1,40 metro de diâmetro, que ficarão suspensos, visando facilitar a manutenção dos mesmos.

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