Reclamação

CRM denuncia falta de remédios e material hospitalar nos Socorrões

Presidente do Conselho Regional de Medicina, Abdon Murad, em ofício enviado à Secretaria Municipal de Saúde, cobra providências e diz que, caso situação não seja resolvida, denunciará caso ao MP

Leandro Santos / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
Pacientes atendidos em corredor do Socorrão I é mostra da superlotação e capacidade esgotada
Pacientes atendidos em corredor do Socorrão I é mostra da superlotação e capacidade esgotada (Socorrão I)

As deficiências dos hospitais Socorrão I e II, os dois maiores da rede municipal de saúde de São Luís, voltaram a ser denunciadas. Ontem, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA), Abdon Murad, encaminhou à Secretaria Municipal de Saúde (Semus) um ofício pedindo providências para uma série de problemas, como falta de medicamentos, constatados nessas unidades de saúde.

Por diversas vezes, os problemas do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), localizado no centro da cidade, e do Hospital de Urgência e Emergência Doutor Clementino Moura (Socorrão II), localizado na Santa Efigênia, foram denunciados por O Estado. Falta de materiais de trabalho e remédios são problemas corriqueiros dentro dessas duas unidades de saúde e que causa a insatisfação dos pacientes e inviabiliza o trabalho de médicos, enfermeiros e outros profissionais.

Diante desses problemas, a Prefeitura de São Luís havia informado anteriormente que tinha buscando soluções para esses problemas e melhorado a saúde no âmbito municipal, não apenas nos dois Socorrões, mas também em outras unidades que também são de responsabilidade da Semus. No entanto, o ofício encaminhado ontem pelo presidente do CRM-MA vem provar que tais problemas ainda estão longe de serem solucionados por completo.

Ofício

No documento encaminhado ontem por Abdon Murad à titular da Semus, Helena Duailibe, o presidente do CRM-MA afirma que chegou ao conhecimento do conselho a precariedade na qual se encontram os Socorrões I e II, onde não existem materiais básicos, cirúrgicos e até de higiene. No fim do oficio, Murad solicita providências imediatas para as deficiências apontadas nessas duas unidades de saúde.

Segundo Murad, faltam itens como algodão, seringas e materiais básicos, como luvas, medicamentos, itens de higiene, entre outros. Há caso em que os acompanhantes dos pacientes têm de ir até as farmácias para comprar materiais para o atendimento.

“Muitas pessoas estão ligando isso a questões políticas, mas não é. Esse é o papel do Conselho. Vários médicos já fizeram denúncias desses casos e também nós já verificamos durante vistorias que realizamos”, disse Abdon Murad.

Ele afirmou também que, por causa dessa situação, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e todos os pacientes são diretamente penalizados. “A pior coisa que existe é trabalhar sem condições. E o paciente é quem paga por tudo isso, sendo o mais prejudicado, tendo que esperar várias horas na fila para ser atendido”, pontuou o presidente do CRM-MA. Murad frisou que, caso não haja solução para esses problemas, o caso será denunciado ao Ministério Público (MP), como já aconteceu outras vezes.

Verbas

Dados do site do Fundo Nacional de Saúde (FNS) mostram que a Prefeitura de São Luís, até o mês de julho, já havia recebido cerca de R$ 400 milhões em repasses do Governo Federal para aplicação em serviços de assistência farmacêutica, atenção básica, assistência médica de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, vigilância em saúde e investimentos. Apesar disso, a saúde municipal em São Luís continua precária e provocando reclamações dos usuários.

A maior parte dos recursos repassados ao Município por meio do Fundo Estadual de Saúde, R$ 203 milhões, foi destinada para a média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar e a menor, quase R$ 2,5 milhões, para a atenção básica. Dos R$ 164 milhões repassados diretamente ao Fundo Municipal de Saúde, R$ 127 milhões também foram para a média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar e apenas R$ 100 mil para os chamados investimentos em saúde, depósito único, que foi feito em fevereiro deste ano.

A Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Saúde ajuizou várias ações públicas pedindo que a Prefeitura de São Luís melhorasse o atendimento oferecido nesses dois principais hospitais de urgência e emergência da capital.

Dessas ações da Promotoria de Saúde, a mais antiga é do ano de 1999, requerendo que o Município fizesse melhorias no Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I. A mais nova é de 2015, que requer ainda melhorias no Socorrão II. Ao longo desses anos, os problemas persistiram: enfermarias lotadas, pacientes atendidos em macas espalhadas pelos corredores, muitas outras ainda à espera de atendimento, entre várias irregularidades.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informa que vem realizando um amplo programa de reestruturação da rede pública municipal de saúde, pelo qual 30 unidades de saúde já foram reformadas. Já os hospitais municipais, a exemplo do Hospital da Criança está em obras de ampliação dos serviços ofertados e no número de leitos. O hospital Socorrão I teve a UTI ampliada, permitindo o funcionamento de mais 10 leitos. O hospital possui cerca de 150 leitos de retaguarda. No Socorrao II foi construído um novo espaço para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde foram instalados 11 novos leitos. Sobre o fornecimento de medicamentos na rede municipal, a Semus comunica que realiza com frequência a compra do quantitativo necessário para suprir a demanda, obedecendo a relação de fármacos e insumos definida pelo Ministério da Saúde, em conformidade com o nível de atenção prestado por cada unidade. A Secretaria esclarece, ainda, que eventuais desabastecimentos podem ocorrer devido a atrasos na entrega ou distribuição, no entanto, são situações pontuais imediatamente sanadas. Por fim, a Semus informa que ainda não foi notificada acerca do ofício expedido pelo Conselho Regional de Medicina.

Mais

O Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I) começou a funcionar em 1972, mas só passou a integrar a rede municipal de saúde em 1982, quando foi doado pela Cruz Vermelha Brasileira à Prefeitura de São Luís. A unidade recebe, em média, 12 mil atendimentos mensais, em urgências clínicas, cirúrgicas, ortopédicas, neurológicas e neurocirúrgicas com pacientes da capital e do interior do estado.

O Hospital Municipal de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura (Socorrão II) foi inaugurado em 1998 para reforçar a rede de urgência e emergência do município de São Luís. Mensalmente, a equipe médica do hospital atende na emergência ortopédica mais de 600 pacientes, provenientes tanto da capital quanto de municípios do interior do estado. Em média, são realizadas cerca de 300 cirurgias ortopédicas por mês.

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