O medo persiste. Apesar das providências anunciadas pelos órgãos de segurança do estado, escolas municipais de São Luís ainda são alvos de ameaças criminosas. O Estado percorreu, na tarde de ontem, três unidades de ensino da cidade (Maria Rocha, na Areinha; Rosa Mochel e Nadir Moraes, no Coroado) e constatou que funcionários estão recebendo, via WhatsApp, mensagens de supostos bandidos.

Nos áudios, os criminosos afirmam que “vão tocar fogo” nas escolas. Além das gravações, os muros das unidades de ensino também exibem pichações – que até o fechamento desta edição ainda não haviam sido apagadas – com frases referentes a grupos criminosos. Apesar das pichações e dos áudios, nas três unidades visitadas, as aulas transcorriam normalmente.

Uma das funcionárias da escola Rosa Mochel que não quis ser identificada, disse que os áudios criminosos foram recebidos na semana passada. Ela contou ainda que o caso foi repassado à Secretaria Municipal de Educação (Semed). “Estamos aguardando as providências. O que posso dizer é que sinto um medo muito grande ao vir trabalhar aqui”, disse.

Ainda de acordo com a funcionária da escola Rosa Mochel, após o caso ter sido repassado à Semed, foi providenciada vigilância no local. “Antes, não tinha vigilância na unidade. A partir das ameaças, a Secretaria [de Educação] providenciou um vigilante, ao menos, à noite”, disse. Segundo ela, os pais dos alunos também têm receio de levar os filhos para o colégio. “Nós conversamos com todos eles, no entanto, alguns ainda têm medo, afinal de contas são seus filhos”, afirmou.

Pichações

Uma das funcionárias da escola Maria Rocha, com nome preservado, disse que a pichação – em um dos muros do prédio que abriga a unidade – foi feita há uma semana. “Outros estabelecimentos próximos também foram pichados. Até o momento, nenhuma das ameaças foi cumprida, mas a gente vive com medo. Até porque, na atual situação, não temos tranquilidade nem em nossas casas”, disse.

Na UEB Nadir Moraes, poucos funcionários querem falar sobre o assunto. Apenas uma professora, que também preferiu não ser identificada, afirmou que as pichações intimidam os funcionários. “ Se eles querem passar medo para a gente, conseguem”, disse.

A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que o número de vigilantes foi reforçado nas unidades de ensino, tanto no período diurno, quando no noturno, visando prevenir novos ataques. A Semed esclareceu, ainda, que tem reforçado a parceria com a Guarda Municipal e a Polícia Militar, que atuam em rondas nas proximidades das escolas.

A Polícia Militar do Maranhão (PM) informou que realiza, diariamente, rondas na Areinha e no Coroado e que as ações nestes locais serão intensificadas, com o objetivo de evitar ataques.

Saiba mais

Desde o dia 30 do mês passado, de acordo com levantamento feito por O Estado e com base nos dados repassados pelo Corpo de Bombeiros e Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP), 14 escolas da Grande Ilha foram atacadas. No dia 1º deste mês, seis escolas foram incendiadas por bandidos. De acordo com o último levantamento da SSP, até ontem, 115 pessoas haviam sido presas por participação nos ataques a escolas, unidades de saúde e ônibus registrados desde o dia 29 do mês passado.

Ataques em escolas

30/09 – UEB Darcy Ribeiro, no Sacavém

30/09 – UEB Professor Carlos Saad, na Vila Mauro Fecury I

30/09 - UEB Rubem Almeida, no Coroadinho

1º/10 – Escola Ana Lúcia Chaves Fecury, no bairro São Bernardo

1º/10 – Escola Maria de Lourdes, no Canavieiro, em São José de Ribamar

1º/10 – UEB Tiradentes, na Vila Maranhão

1º/10 – Escola Roseana Sarney, na Vila Roseana Sarney, em São José de Ribamar

1º/10 – Escola Primeiros Passos, no Turiúba, em São José de Ribamar

1º/10 – Escola Maria José Vaz dos Santos, no João de Deus

2/10 = Escola Janaína, no Pirapora

2/10 – Escola Municipal Nice Lobão, na Vila Kiola, em São José de Ribamar

2/10 – Escola Liberano Pereira, no Maiobão (tentativa)

2/10 – Escola São Francisco, na Maiobinha (tentativa)

3/10 – UEB João Lima Sobrinho, na Vila Natal, no Parque Timbiras

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