Violência

Assaltantes de ônibus agem para “ostentar”, segundo a polícia

Perfil daqueles que assaltam coletivos não é de quem vive da criminalidade; são jovens que querem celulares caros e dinheiro para se divertir no fim de semana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

Apenas no mês de julho, a Polícia Militar do Maranhão, por meio do Batalhão Tiradentes, apreendeu seis armas de fogo, 114 armas brancas e 28 simulacros de armas de fogo em ônibus que circulam na Região Metropolitana de São Luís. Nesse mesmo período, ocorreram 32 roubos ou tentativas de roubos a coletivos. Conforme o tenente-coronel Marques Neto, comandante do Batalhão Tiradentes, os números se tornam ainda mais contundentes, porque a maioria dos detidos nas abordagens são reincidentes, ou seja, são sempre as mesmas pessoas que assaltam os ônibus e pelo menos 85% delas são menores de idade.

Para o comandante, essa situação torna ainda mais difícil o trabalho da polícia, que, mesmo atuan­do de forma efetiva, sempre se depara com as mesmas pessoas e nada podem fazer além de conduzi-las de novo à delegacia. “A gente pega, leva para a delegacia, chama a mãe. Eles ouvem o sermão, dizem que não vão mais fazer, mas depois estão de volta”, frisa o comandante.

A maioria desses assaltantes rouba ônibus não porque viva disso, mas porque quer suprir outra necessidade, segundo a polícia: a de ostentar. E se engana quem pensa que apenas homens atuam no crime dentro de coletivos.

Meninas na vez
Este mês mesmo, segundo o comandante, uma menina de 13 anos foi detida assaltando um ônibus. Indagada sobre o porquê de fazer aquilo, ela afirmou que o celular dela havia quebrado e por isso foi “atrás de um novo”. Relatou, ainda, que no transporte coletivo poderia escolher, à vontade, a marca que queria.
Os policiais foram em busca da família da adolescente e descobriram que o pai dela está preso há vários anos, enquanto a mãe passa o dia trabalhando para suprir as necessidades da família. Em casa, ela ficava com outras duas irmãs, de 8 e 9 anos. No dia do assalto, deixou as duas menores sozinhas e saiu para “pegar um celular novo”.
Se seguir as estatísticas do batalhão, essa menina deve voltar a ser detida em breve, assim como vários outros que praticam este tipo de crime para manter um status, que não poderiam ter apenas com os ganhos obtidos pela família.
Assim, a maioria dos assaltos acaba sendo cometida durante a semana, quando os jovens criminosos querem angariar dinheiro para curtir o fim de semana. “São pessoas que não vivem do crime. Então, tem de se achar um mecanismo para que não façam mais isso”, ressalta o comandante.

Abordagens
Para sistematizar e amplificar o potencial do trabalho no combate a assaltos a ônibus, a Polícia Militar começou na terça-feira, dia 16, a traba­lhar com bilhetes eletrônicos. Estes são passados nas catracas dos ônibus, registrando que uma equipe de policiais esteve ali fazendo abordagem.
Com base nos dados repassados em tempo real, o Comando da Polí­cia Militar sabe onde exatamente os policiais estão trabalhando e por onde já passaram.
Cada grupo de trabalho do Bata­lhão Tiradentes vai ter de abordar pelo menos 10 ônibus por dia. Com os números atuais da guarnição, a intenção é fazer, em média, 300 abordagens a veículos de transporte coletivo em 24 horas. A operação, batizada de “Busca Implacável”, vai atuar com viaturas e motos nos trechos e avenidas onde ocorrem mais assaltos.

SAIBA MAIS

O Batalhão
O Batalhão Tiradentes foi criado em abril e é o mais novo grupamento da Polícia Militar do Maranhão (PMMA). Ele atua no combate aos assaltos a ônibus. Diariamente, 100 policiais atuam na região metropolitana, em áreas mais vulneráveis aos roubos, e direcionam a atenção ao público usuário do transporte coletivo.

Simulacros
Das apreensões realizadas pela PM em ônibus da Região Metropolitana de São Luís no mês de julho, 28 são de simulacros de armas de fogo. Diferentemente de armas caseiras ou de garruchas, o simulacro não dispara. É apenas uma imitação, às vezes feito em casa. Um pedaço de madeira ou papelão envolvido com fita isolante ou outro material preto. Às vezes, uma arma de brinquedo, utilizada em assaltos apenas para intimidação.
No momento do roubo, geralmente a vítima não percebe que se trata de uma arma falsa. Mesmo assim, a recomendação da polícia é que nunca haja reação. Um dos grandes problemas do simulacro é que o fato de a pessoa ser encontrada com um objeto desses pode não caracterizar um crime.
Isso vai depender da análise e do julgamento do delegado que for apurar o caso. Além disso, mesmo que seja indiciado, a pena por assalto cometido com um simulacro é menor do que a cometida com uma arma de verdade. “Já tivemos casos de o delegado liberar o preso na nossa frente, porque ele estava com um simulacro e ainda não tinha cometido o roubo”, afirmou o comandante Marques Neto.

Apreensões

Armas de fogo - 6
Armas branca - 114
Simulacros - 28

Drogas

Maconha - 38 papelotes
Maconha - 401 cigarros
Cocaína - 22 petecas
Crack - 17 petecas
Loló - 21 frascos

Ocorrências dentro de coletivos

Assalto a coletivos evitados - 8
Tráfico de drogas - 4
Porte ilegal de arma de fogo - 6
Foragidos de justiça - 17
Veículo roubado localizado - 4
Roubo/tentativa de roubo - 32
Averiguação - 18

Abordagens dentro de coletivos

Pessoas - 8.014
Carros - 459
Motos - 721
Coletivos/Vans - 1.442

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