Ataque terrorista na Riviera Francesa é mais um revés para o turismo do país
Atentado de Nice provocou o cancelamento de reservas em hotéis da cidade;Muitos eventos culturais também foram cancelados, como o show da cantora pop Rihanna, marcada para sexta-feira, 15
Nice - Ao tomar como alvo um cartão postal da Riviera Francesa, que costuma atrair turistas abastados do mundo inteiro, o atentado de Nice atingiu em cheio o turismo do país, que ainda está se recuperando dos ataques de 2015, em Paris.
O local do ataque é um dos mais emblemáticos: o Passeio dos Ingleses, avenida da orla de Nice com vista privilegiada sobre o Mediterrâneo, onde o mar é tão cristalino que justifica o nome de Costa Azul.
A data também é simbólica: o dia 14 de julho, feriado nacional que celebra da Queda da Bastilha, com os tradicionais fogos de artifício. Foi justamente logo depois da queima de fogos que o caminhão saiu atropelando a multidão, deixando 84 mortos e dezenas de feridos.
Para Georges Panayotis, presidente da consultoria MKG, o fato de a França ter sido alvo de repetidos atentados nos últimos meses pode afetar uma das principais fontes de renda do país. "Não se trata mais de um terrorismo clássico, quando bastavam alguns meses para que a atividade econômica voltasse a funcionar", aponta o especialista.
A repetição de atentados no país em janeiro, novembro e julho "pode desestimular turistas por um bom tempo", prevê Panayotis.
Cancelamentos em massa
"Já registramos cancelamentos em massa desde ontem [quinta-feira] à noite", afirma à AFP Denis Cippoloni, presidente do setor hoteleiro de Nice, ressaltando que é complicado fazer um balanço da situação no momento.
O presidente do setor afirma que, antes de fazer as contas, tem como prioridade fornecer apoio aos familiares das vítimas. A agência de viagem alemã TUI já ofereceu aos clientes adiar ou cancelar gratuitamente reservas para Nice até o dia 31 de julho.
Muitos eventos culturais também foram cancelados, como o show da cantora pop Rihanna, marcada para sexta-feira, 15, ou um festival de jazz que deveria começar neste sábado.
O impacto financeiro promete ser brutal na região, que costuma receber turistas com forte poder aquisitivo nos hotéis de luxo, mansões ou até iates suntuosos.
Responsável por 7% do PIB da França, o setor, que mantém dois milhões de empregos diretos ou indiretos, já não andava muito bem.
Na quarta-feira, no primeiro "comitê de emergência econômica" dedicado especificamente ao turismo, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Marc Ayrault, pediu uma "mobilização geral" para que a França "continue sendo o primeiro destino turístico do mundo".
Paris vinha registrando uma baixa de 11% das chegadas de turistas em voos regulares desde janeiro, mas outras regiões recebiam em média 1% de visitantes a mais, uma alta que chegou a 11% nos dez primeiros dias de julho.
Reservas
O Ministério das Relações Exteriores tinha observado no início da semana passada um aumento das reservas de última hora desde outros países europeus, justificado, em outros motivos, pelo êxito da organização da Eurocopa, realizada entre 10 de junho e 10 de julho.
Ainda é cedo para avaliar o tamanho real do prejuízo para o turismo francês, mas os setores do turismo e do transportes sofreram quedas na Bolsa de Valores de Paris, com as ações de grupos como o gigante hoteleiro AccorHotels ou a locadora de carros Europcar despencando em 4%.
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