Família

Adoção vinda no DNA

O Grupo de Apoio à Adoção (AME) realiza hoje no Tropical Shopping exposição fotográfica para mostrar famílias formadas por laços de amor, não somente biologicos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48
Adotado, Madian Carvalho recebe o carinho  do  neto, Jackson, adotado pela filha, Adriana Carvalho
Adotado, Madian Carvalho recebe o carinho do neto, Jackson, adotado pela filha, Adriana Carvalho (Família Carvalho - adoção)

Para a empresária Adriana Carvalho, falar de adoção nunca foi tabu. Até porque, em sua família, adotar crianças ou ser adotado é algo tão natural quanto dar à luz um filho biológico. A história de adoção em sua família remonta ao início do século XIX, quando da construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, no Acre.

“Minha bisavô por parte de mãe morava na Ilha de Madeira quando engravidou da minha avó. Ela não poderia ter a criança e imigrou para o Brasil, para onde a Ferrovia Madeira-Mamoré estava sendo construída. Ela deu à luz uma menina, que viria a ser a mãe da minha mãe. Então, minha bisavó a deu para um casal de negros e voltou para a ilha da Madeira. Ao mesmo tempo esse casal se mudou para o Ceará com minha avó”, contou.

No entanto, as histórias de adoção na sua família não pararam por ai. O pai de Adriana – o engenheiro civil Madian Viana de Carvalho – também foi adotado ainda quando era um bebê de 3 meses. “Meu avô biológico saiu para tocar no interior e não voltou mais. A irmã da minha avó biológica, que era casada com um homem rico para a época, adotou meu pai ainda bebê, em Colinas”, lembrou Adriana Carvalho.

“Minha avó criou varias outras crianças em Colinas, mas apenas meu pai foi oficialmente adotado. Os demais tinham contato com os pais biológicos e não foram adotados. Acredito que todas essas histórias fizeram com que adoção fosse algo natural para mim”, completou.

Foi algo tão natural que quando ela se casou acabou adotando uma criança de 2 anos. “Ele era filho de uma pessoa que trabalhava na nossa casa. Um dia ela o trouxe para casa quando tinha 2 anos de idade e o processo foi natural. Ele voltou no fim de semana seguinte, passou a ficar a semana toda e acabamos adotando-o aos 3 anos. O processo legal demorou cerca de um ano”, lembrou.

O menino que ela adotou em 1994 hoje é o estudante universitário Jackson Carvalho Araújo. “Ser adotado nunca foi problema para mim. Sempre foi algo natural. Problema era convencer as outras pessoas de que isso é uma coisa normal”, observou ele.

Exposição

A história de Madian, Adriana e Jackson é apenas uma das histórias de famílias com casos de adoção que estará na exposição fotográfica que o Grupo de Apoio à Adoção (AME) está organizando para comemorar a passagem do Dia Nacional da Adoção, comemorado na última quarta-feira (25).

A ação batizada de “1º Adote – uma tarde pela adoção” acontecerá neste sábado, das 16h às 19h, na Praça do Sol, no Tropical Shopping. No programa constam canto coral infantil, contação de história e espetáculo de dança.

“É uma forma lúdica de começar a esclarecer as pessoas sobre o que é adoção, como se faz e mostrar que as famílias que adotam são iguais a todas as outras”, afirmou a vice presidente da entidade, Elis Ramos.

O AME é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo trabalhar pela promoção do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes e pelo fortalecimento da cultura da adoção no Maranhão. O AME reúne voluntários que atuam no apoio a processos de adoção, na preparação de adotantes, no acompanhamento de pais adotivos no pós-adoção e na conscientização da sociedade sobre a legitimidade da família adotiva.

“A adoção é uma forma legítima de se tornar família e tem que ser incentivada. Temos de despertar para o abandono das crianças nas instituições de acolhimento, que estão passando vários anos sem família, gerando um impacto muito grande no seu desenvolvimento”, destacou Abel Santanta presidente do AME.

Saiba mais

Um dos desafios em relação à adoção é conciliar o perfil de crianças e adolescentes aptos e a expectativa dos pretendentes. Há um grande número de crianças maiores de 3 anos ou grupo de irmãos. Contudo, o perfil mais desejado ainda é o de bebês.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que, atualmente, o Cadastro Nacional de Adoção tem 35 mil pretendentes e cerca de 6,5 mil crianças e adolescentes aguardando serem adotadas. Em São Luís, a situação se repete. Há 96 pretendentes a adoção habilitados junto à 1ª Vara da Infância, e 26 crianças e adolescentes disponíveis para adoção.

Outra questão é a falta de informação em relação ao processo de adoção legal. Pesquisas indicam que apenas 35% dos interessados em adotar procurariam a Vara da Infância. Um dos desafios da AME é justamente apoiar no processo de orientação da comunidade.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.