Levantamento

Pedidos de refúgio no Brasil crescem 2.868% em cinco anos, diz Justiça

Número de refugiados cresceu 127% no mesmo período, aponta relatório; maioria é homem e adulto; até março, 6,8 mil pedidos foram indeferidos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Brasília - O número de pedidos de refúgio recebidos pelo Brasil cresceu 2.868% entre 2010 e 2015, segundo levantamento do Ministério da Justiça divulgado ontem. O estudo também mostra que 8 em cada 10 pedidos são de homens, e quase metade dos possíveis refugiados tem idade entre 18 e 29 anos.

Em 2010, o Departamento de Polícia Federal recebeu 966 pedidos de entrada de refugiados no Brasil. Cinco anos depois, o número chegou a 28.670. O ranking de países "exportadores" de refugiados para o Brasil é liderado pelo Haiti, que gerou 48,3 mil solicitações no período. Senegal e Síria completam a lista, com 7,2 mil e 3,4 mil, respectivamente.

Nesses cinco anos, o Brasil também recebeu número significativo de requisições de países como Bangladesh, Nigéria, Angola, Congo, Gana, Líbano e Venezuela. Os solicitantes alegam motivos como perseguição política, guerra civil ou intolerância religiosa para buscar abrigo no país.

Enquanto o número de solicitações foi multiplicado por 30, o número de pedidos aprovados cresceu "apenas" 127% no mesmo período. No acumulado até 2015, o Brasil concedeu refúgio a 2,3 mil sírios, 1,4 mil angolanos, 1,1 mil colombianos, 968 congoleses e 376 palestinos. No total, são 8.863 refugiados.

Entre os refugiados da Colômbia e da Palestina, boa parte foi "reassentada" no país. Isso significa que os habitantes já tinham deixado seus países nativos, mas vieram ao Brasil em busca de condições melhores de vida. Dos pedidos concedidos, 70% são de homens e 78,8% são adultos.

De 2010 até março deste ano, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) contabilizava 6.817 pedidos de refúgio analisados e indeferidos. Foram rejeitados 680 pedidos de colombianos, 657 de romenos e 570 de angolanos, por exemplo.

'Pior quadro da história'
Relatório da Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) divulgado em 2015 com dados do ano anterior afirma que o mundo vive o "pior quadro da história" com relação ao tema. Desde 1997, quando foi criado o Comitê Nacional de Refugiados, o Brasil já reconheceu 8,8 mil estrangeiros nessa "categoria" de fuga.

"Temos o maior número de refugiados em todo o mundo desde a Segunda Guerra Mundial, desde a fundação da ONU. São 60 milhões de pessoas em deslocamento forçado. Destas, 20 milhões são refugiadas e cerca de 4 milhões são sírias. A maior parte se deslocou para Jordânia, Líbano e Turquia", afirmou ao G1 o secretário Nacional de Justiça e presidente do Conare, Beto Vasconcelos, em coletiva em setembro.

O Brasil é o principal destino de refugiados sírios na América Latina. Entre março de 2015 e março deste ano, o número de cidadãos sírios com refúgio concedido cresceu de 1,6 mil para 2,3 mil. A nacionalidade é a mais representativa entre os refugiados em terras brasileiras.

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