Violência

Ataques em Aleppo, na Síria, atingem mesquita e clínica

Rebeldes mataram pelo menos 15 na mesquita na sexta 29; vários ficaram feridos no ataque à clínica

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Síria - Bombardeios atingiram uma clínica e uma mesquita em Aleppo, no Norte da Síria, na sexta-feira,29. O ataque rebelde contra a mesquita, que fica na área controlada pelas forças governamentais, deixou pelo menos 15 mortos, de acordo com a Associated Press.

O bombardeio contra a clínica, que fica em uma área rebelde, provocou graves danos no edifício e deixou vários feridos. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) afirma que pelo menos uma mulher e uma criança morreram no bairro.

O ataque contra a clínica foi registrado pouco mais de 24 horas depois de um bombardeio contra um hospital apoiado pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), nesta mesma zona rebelde. O número de vítimas no ataque ao hospital Al-Quds subiu para 50, em balanço divulgado nesta sexta pela ONG. Nesta semana, cerca de 200 civis morreram na cidade, de acordo com a OSDH. A cidade está dividida desde 2012.

Oração cancelada
Por medo de novos bombardeios, a oração da sexta foi suspensa pela primeira vez nas regiões rebeldes, de acordo com o majlis sharii, um conselho considerado como uma autoridade religiosa.

"Por causa da sangrenta campanha dirigida pelos inimigos da Humanidade e da religião em Aleppo, e por causa do risco que implica fieis reunidos ao mesmo tempo em um local, o majlis sharii recomenda, pela primeira vez, que as mesquitas suspendam a oração de sexta-feira", afirma a autoridade religiosa em um comunicado.

A oração de sexta-feira, a mais importante da semana para o Islã, deve ser realizada em uma mesquita e reúne, no geral, um grande número de fiéis.

Hospital
Entre os 31 mortos no ataque ao hospital, ocorrido estão três crianças e três médicos, de acordo com informações divulgadas pela rede americana CNN na quinta-feira. A emissora "Al Jazeera" e a ONU atribuíram o ataque contra o hospital de Al Quds às forças governamentais. Um dos últimos pediatras que havia na região, o doutor Wasem Maaz, estava no hospital e morreu no bombardeio.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) também condenou o ato "revoltante que visou mais uma vez um centro médico na Síria". Este era "o principal centro pediátrico da região", informou a ONG.

A ONU considerou "imperdoável" o ataque ao hospital, e seu chefe Ban Ki-moon pediu que "justiça seja feita para estes crimes", segundo a France Presse.

Para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Aleppo está "no limiar de um desastre humanitário". "Em toda a parte, é possível ouvir as explosões mortais, bombardeios e aviões sobrevoando a área", relatou Valter Gros, representante do CICV na cidade.

Frágil acordo de trégua
A crescente violência na Síria, que sofre com o fim de um frágil acordo de trégua e o colapso de conversas de paz, pode resultar em novos níveis de horror, afirmou o chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Zeid Ra'ad al-Hussein, segundo a Reuters.

Ele destacou que todas as partes mostraram um "monstruoso desrespeito" pelas vidas de civis. "A cessação de hostilidades e as conversas de Genebra eram a única solução possível, e se estão abandonadas agora, tenho que pensar sobre quanto mais horror iramos ver na Síria", disse Zeid Ra'ad al-Hussein em comunicado, divulgado nesta sexta-feira.

Ele fez um apelo para que todos os lados recuem. "A violência está voltando a níveis que vimos antes da cessação de hostilidades. Há relatos profundamente perturbadores de postos militares indicando preparações para um escalada letal", acrescentou, de acordo com a Reuters.

As conversas de paz em Genebra com objetivo de acabar com a guerra, que criou a pior crise de refugiados do mundo, permitiu o crescimento do Estado Islâmico e atingiu potências regionais e mundiais, mas as negociações falharam e um acordo de cessação de hostilidades que seria implantado não teve sucesso.

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