Sábado de Aleluia

Tradição da malhação de Judas é mantida em alguns pontos de SL

Na Avenida Beira Mar, música fez instalação com três Judas para chamar atenção para manifestação folclórica do Sábado de Aleluia

Jock Dean

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Músico fez instalação com três Judas
Músico fez instalação com três Judas (Judas)

Manifestação folclórica realizada no Sábado de Aleluia, desde o período da colonização, a tradição da queima de Judas, mesmo com menor intensidade, ainda resiste ao tempo. Hoje, em vários pontos da cidade, populares se concentram nas praças para aguardar a leitura do testamento e punição do traidor de Jesus.

De corpo magro, desengonçado e inexpressivo, o boneco de pano tem a estatura de uma pessoa de 1,60m aproximadamente. Geralmente, recheado de fogos de artifício, o que promove grande show pirotécnico, Judas aguarda apenas a execução de sua sentença de morte, que sempre ocorre depois das 18h do sábado, quando enfim ele paga pelos pecados por trair Jesus Cristo com um beijo no rosto e em seguida o vender por 30 moedas.

O músico José Raimundo Coelho, 52 anos, confeccionou três Judas e os colocou na cabeceira da Ponte do São Francisco, no sentido centro. Diferente do que comumente ocorre, ele não deu aos Judas o nome de nenhum personagem ou personalidade. “Quero apenas chamar a atenção das pessoas para uma tradição que está se perdendo com o tempo”, contou.

Apesar disso, a brincadeira manteve o tom de critica social, que muitas vezes tem quando o Judas é batizado com o nome de algum político. “Hoje, as pessoas se trocam por menos que 30 moedas de prata. A gente pode ter um Judas ao nosso lado e não saber”, comentou.

Este é o quinto ano que ele monta o Judas na cabeceira da Ponte do São Francisco. Foram três bonecos. Um deles fazendo alusão a uma bruxa, pendurado em um poste, outro deitado na tampa de um caixão e o terceiro sentado em uma cadeira. “Aqui é um local em que passa muita gente, tem muita visibilidade, por isso, coloco o Judas aqui”, disse. Em 2015, o Judas de José Raimundo Coelho representava um motociclista ensanguentado. “Foi para chamar atenção da combinação de álcool e direção”, afirmou.

Mais

A Malhação do Judas é uma antiga tradição brasileira. O costume abrange toda a América Ibérica, uma vez que a brincadeira tem suas raízes na Idade Moderna portuguesa e espanhola, com o advento da Inquisição, quando os condenados pelo Santo Ofício que conseguiam fugir ou morriam durante o processo, eram queimados em efígie ou tinham seus ossos desenterrados e queimados.

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