Manifestação folclórica realizada no Sábado de Aleluia, desde o período da colonização, a tradição da queima de Judas, mesmo com menor intensidade, ainda resiste ao tempo. Hoje, em vários pontos da cidade, populares se concentram nas praças para aguardar a leitura do testamento e punição do traidor de Jesus.
De corpo magro, desengonçado e inexpressivo, o boneco de pano tem a estatura de uma pessoa de 1,60m aproximadamente. Geralmente, recheado de fogos de artifício, o que promove grande show pirotécnico, Judas aguarda apenas a execução de sua sentença de morte, que sempre ocorre depois das 18h do sábado, quando enfim ele paga pelos pecados por trair Jesus Cristo com um beijo no rosto e em seguida o vender por 30 moedas.
O músico José Raimundo Coelho, 52 anos, confeccionou três Judas e os colocou na cabeceira da Ponte do São Francisco, no sentido centro. Diferente do que comumente ocorre, ele não deu aos Judas o nome de nenhum personagem ou personalidade. “Quero apenas chamar a atenção das pessoas para uma tradição que está se perdendo com o tempo”, contou.
Apesar disso, a brincadeira manteve o tom de critica social, que muitas vezes tem quando o Judas é batizado com o nome de algum político. “Hoje, as pessoas se trocam por menos que 30 moedas de prata. A gente pode ter um Judas ao nosso lado e não saber”, comentou.
Este é o quinto ano que ele monta o Judas na cabeceira da Ponte do São Francisco. Foram três bonecos. Um deles fazendo alusão a uma bruxa, pendurado em um poste, outro deitado na tampa de um caixão e o terceiro sentado em uma cadeira. “Aqui é um local em que passa muita gente, tem muita visibilidade, por isso, coloco o Judas aqui”, disse. Em 2015, o Judas de José Raimundo Coelho representava um motociclista ensanguentado. “Foi para chamar atenção da combinação de álcool e direção”, afirmou.
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A Malhação do Judas é uma antiga tradição brasileira. O costume abrange toda a América Ibérica, uma vez que a brincadeira tem suas raízes na Idade Moderna portuguesa e espanhola, com o advento da Inquisição, quando os condenados pelo Santo Ofício que conseguiam fugir ou morriam durante o processo, eram queimados em efígie ou tinham seus ossos desenterrados e queimados.
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