O presidente da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha a tragédia causada pelo rompimento da barragem de mineração de Fundão, da empresa Samarco, em Mariana (MG), deputado Sarney Filho (PV-MA), recebeu hoje um laudo técnico da SOS Mata Atlântica que aponta a gravidade da situação na bacia do rio Doce e seus afluentes.

A coordenadora da pesquisa, Malu Ribeiro, e especialistas de universidades, depois de percorrerem 650 quilômetros ao longo da bacia, apontaram no laudo que a água do rio Dove e seus afluentes está imprópria para o consumo humano e de animais.

“Infelizmente, as chuvas arrastaram ainda mais lama para o leito do rio e a situação tende a ficar ainda mais complicada. A lama e os metais pesados não mascararam ou diminuíram as concentrações de poluentes provenientes de esgoto sem tratamento e de insumos agrícolas”, afirmou Malu Ribeiro.

Os pesquisadores defenderam a realização de laudos independentes para acompanhar a situação do rio Doce, e dar suporte às ações de recuperação de médio e longo prazo para a bacia.

A análise de água foi realizada de 6 a 12 de dezembro de 2015. Ao todo, foram analisados 18 pontos em campo, percorridos 29 municípios e coletados 29 amostras de lama e água para análise em laboratório. Desses 18 pontos, 16 apresentaram o IQA (Índice de Qualidade da Água) péssimo e 2 obtiveram índice regular.

O deputado Sarney Filho afirmou que o país enfrenta nesse momento duas grandes tragédias: a de Mariana, e o nascimento de crianças com microcefalia, situação ligada ao zica vírus.

“O drama que envolve as famílias e o meio ambiente na bacia do rio Doce está em curso, porque a lama continua a vazar da barragem, e os recursos emergenciais para reparar os danos e indenizar as famílias que perderam tudo ainda não estão disponíveis”, disse Sarney Filho. Ontem, o plenário da Câmara aprovou requerimento do deputado que cria uma comissão Externa da Câmara para acompanhar as ações no caso do zica vírus e das famílias que estão enfrentando o drama da microcefalia.

Presentes à reunião, parlamentares que integram a Comissão Externa de Mariana, e outros, como Alessandro Molon (Rede/RJ) e o novo relator do projeto que cria um novo marco regulatório para a mineração, Laudivio Carvalho ( PMDB/MG), cobraram ações mais incisivas do governo e a punição dos responsáveis. “Esta foi uma tragédia anunciada e o que aconteceu foi um crime”, afirmou o Laudivio Carvalho.

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O laudo, elaborado de acordo com as coletas e análises físico-químicas, que obedeceram às normas estabelecidas pelo Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, aponta que “todos os pontos avaliados na pesquisa da água estão em desacordo com o que é preconizado na legislação vigente”.

Entre os metais pesados encontrados nas amostras estão o magnésio, cobre e alumínio e manganês. Somam-se a este quadro a presença de bactérias amplamente distribuídas no solo e na água.

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