Nosso trânsito

Obras para melhorar o fluxo em SL ainda precisam de ajustes

Para o engenheiro, é preciso adequar sinalização de orientação e segurança e garantir espaço para pedestres e acessibilidade a deficientes

Jock Dean/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51

[e-s001]As obras de intervenção executadas pela Prefeitura de São Luís são, principalmente, de alte­ração geométrica em áreas de retorno historicamente conhecidas pelo grande fluxo de veículos e constantes engarrafamentos. Segundo Francisco Soares, vice-presidente do Conselho Estadual de Trânsito, elas têm cumprido seu objetivo imediato, que é melhorar a fluidez do tráfego. Mas ele também aponta problemas que comprometem a segurança de motoristas e pedestres.

Francisco Soares é engenheiro, e também ex-secretário adjunto de Transportes e ex-diretor-geral da Agência Regional de Serviços Públicos. Entre os principais problemas que ele aponta nas obras de intervenção executadas pela Prefeitura estão a sinalização vertical e horizontal, o que compromete a segurança nas vias. “Mas eu diria que são problemas resolvíveis. O mais difícil se conseguiu, que era acabar com a lentidão. A questão da segurança é fácil de resolver com uma boa sinalização”.

Sinalização confusa
É o caso da obra executada no Retorno do Bacanga. Segundo ele, a sinalização, tanto horizontal quan­to vertical, é muito confusa. “Por ter sido a primeira intervenção, eu acredito que houve muita dificuldade de implementar a requalificação. A obra peca pelo excesso de sinuosidade, o que demonstra improvisação.

Do ponto de vista de fluidez, ele conseguiu resolver o problema, mas tem uma sinuosidade desnecessária, com curvas que não têm sentido, que eu acredito que poderiam ser reduzidas”, explicou Francisco Soares.

[e-s001]O engenheiro frisou que a solução que tem sido adotada pela Prefeitura de São Luís para melhorar o tráfego é “muito inteligente”, pois são alterações geométricas que substituem os re­tornos circulares (rotatórias), mas esbarra no excesso de sinalização horizontal. “É aquela sinalização que não se consegue apagar, pois a Prefeitura não dispõe de mecanismo para apagar a sinalização anterior e sobrepõe uma nova sinalização e isso confunde o motorista, que vai pegar caminhos errados até aprender.

Ali, a falha é o excesso de sinalização residual, que perdeu o valor”, comentou. Ele apontou que o local precisa de melhorias na sinalização que oriente o condutor sobre que sentido seguir.

Problemas de segurança
Já na intervenção realizada no Jaracati, a sinalização precisa ser de segurança. “O Jaracati era uma área como muita lentidão e acidentes, onde foi executada uma intervenção geométrica no retorno. Do ponto de vista de fluidez, foi boa. Diminuiu o congestionamento. Por outro lado, ficou a questão da segurança”, disse.

Para Francisco Soares, com a largura da faixa de rolamento do retorno e a falta de sinalização horizontal e vertical, o motorista é induzido a pegar uma faixa de retorno, pensando que teria aces­so à ponte, trafegando em alta velocidade, o que pode fazer com que ele atravesse o canteiro e provoque acidentes graves, inclusive fatais. “A sinalização vertical é muito deficiente. É preciso informar com muita clareza ao motorista qual dessas faixas vai levar ao retorno e qual vai levar à pon­te”, informou.

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Entre as soluções que melhorariam a segurança do trânsito na área, apontadas pelo engenheiro, estão o estreitamento das duas faixas de retorno, sinalização verticalmente na divisão desse fluxo, sinalização horizontalmente com pórtico e, principalmente, em cima da alça do retorno, onde é preciso mudar a placa indicativa existente. “A que existe hoje é mui­to pequena e chama pouca atenção. Precisa haver uma placa maior, de dois metros de altura por um de largura, indicando uma cla­ra divisão de fluxo”, afirmou.

Outra falha apontada por ele na execução da obra é a falta de espaço para os pedestres. “Na ou­tra margem [sentido Jaracati/Centro], não há uma calçada onde o pedestre possa sair da parada de ônibus e ir até a cabeceira da pon­te. Ele tem de andar um percurso de quase 100 metros, disputando espaço com os carros. Do ponto de vista de acessibilidade, é um problema que precisa ser enfrentado”, disse. A solução apontada por ele é a construção de uma pas­sarela metálica, acompanhando a crista do talude. Assim, o pedestre teria uma opção segura de acesso à cabeceira da ponte.

Acessibilidade
A Prefeitura também fez obras de intervenções com modificações geométricas na Avenida dos Franceses, no trecho em frente o reservatório do Batatã, e fechou a rotatória para os condutores que trafegam da Avenida dos Africanos no sentido Alemanha, que agora precisam fazer o retorno pela Franceses. “Naquele retorno próximo à rodoviária, a configuração obedece a um princípio inteligente, que é melhor que a rotatória, e lá a sinalização está adequada”, informou Francisco Soares.

Outro ponto positivo, para o engenheiro, é a melhoria da acessibilidade. “Foi feito um trabalho de requalificação das calçadas. Antes, os pedestres tinham de andar em calçadas aterradas, com desníveis. O pedestre precisa ter espaço para poder transitar de forma que ele não precise usar a rua para se deslocar, pois isso provoca conflitos e acidentes”, afirmou, mas com uma ressalva. “Ainda há falhas na área de rampa de acessibilidade para deficientes. Em muitos pontos, eles não têm como ter uma continuidade no calçamento”.

Novas intervenções
A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informou que, além das intervenções viárias com mudanças geométricas realizadas nas principais avenidas de São Luís, como no Anel Viário e Avenida Carlos Cunha, estão sen­do executadas as obras de readequação das vias no cruzamento das avenidas dos Franceses e dos Africanos, que consiste no fechamento da rotatória, estreitamento do canteiro central para a criação de novas faixas de trânsito e o deslocamento do retorno para o canteiro central e no Viaduto do Café sem a necessidade de semáforo ou parada, gerando maior fluidez no local.

Outra obra que resultará em benefícios ao trânsito de São Luís é a intervenção com mudança geométrica na rotatória do aeroporto, passando pelo cruzamento da Avenida dos Franceses, rotatória de acesso à Avenida Santos Dumont, cruzamento com a Avenida Lourenço Vieira, chegando até o retorno da Forquilha.

SAIBA MAIS
Plano Estratégico de Melhorias

As intervenções já executadas e em andamento fazem parte do Plano Estratégico de Melhorias no Trânsito, lançado pela Prefeitura de São Luís em 2014. O pacote prevê 26 intervenções de curto, médio e longo prazo para garantia da mobilidade na capital.

Obras de médio prazo: Avenida dos Portugueses x Avenida Vitorino Freire, Avenida Colares Moreira (fechamento de retornos e semaforização), Avenida dos Franceses x Avenida dos Africanos, Avenida 203 (Cidade Operária), Avenida Jerônimo de Albuquerque (Curva do 90/Novo Tempo), Avenida dos Africanos (entrada do Parque Timbiras), Avenida Guajajaras x Avenida Lourenço Vieira da Silva, Avenida Guajajaras x Avenida Santos Dumont, Avenida dos Holandeses x Avenida Avicênia, Avenida dos Franceses x Avenida Luís Rocha, Avenida Carlos Cunha (em frente ao Banco do Brasil), Avenida Daniel de La Touche (entrada da Cohama) e Avenida Jerônimo de Albuquerque (entrada Cohab/Cohatrac).

Obras de longo prazo: Corredor de Transporte, VLT, BRT e Avenidas Interbairros.

DE OLHO NA NOTÍCIA

[e-s001]1 – Apesar da Rotatória da Avenida dos Franceses com a Avenida dos Africanos está fechada para quem trafega da Africanos no sentido Alemanha, é comum motociclistas fazerem o retorno irregular.

[e-s001]2 – Na intervenção feita na Avenida dos Franceses próximo ao reservatório do Batatã, um condutor colidiu contra as placas indicativas de mudança de fluxo na via com sentido Centro, prejudicando a sinalização na área.

NÚMEROS
364.128
é a frota de veículos de São Luís

324 mil é o número de condutores habilitados da capital
40.128 mil é número de carros a mais que o total de condutores habilitados

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