Renascimento

Histórias de superação são exemplo na luta contra o câncer

Athos Silva Vieira e Nádia Reis Costa tiveram muito o que agradecer em 2015, pois ficaram curados de câncer, após mais de três anos de tratamento; além do apoio da família e amigos, eles contaram com o acolhimento da Fundação Antonio Brunno

Jock Dean/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

[e-s001]Desespero. Essa foi o sentimento de Nádia Reis Costa em 2013, quando, aos 15 anos, foi diagnosticada com câncer no colo do útero. Agora, no início de 2016, a sensação é outra: ansiedade para rever a família e os amigos e voltar definitivamente à rotina que tinha antes da doença. Na mesma expectativa está Athos Silva Vieira, de 17 anos, dos quais quatro passou em tratamento contra a leucemia. Para os dois, o ano de 2015 marcou o fim de uma luta que terminou com final feliz, já que eles podem se considerar curados.

Nádia Reis Costa tem 18 anos e é natural de Nova Olinda, município maranhense a 350 quilômetros de São Luís. Aos 15 anos, após duas cirurgias para retirada de um cisto no colo do útero, ela sentiu-se mal em casa e foi trazida para São Luís, a fim de fazer novos exames que diagnosticaram o câncer. “Foi um choque quando eu soube que estava doente. Foi um começo muito difícil”, lembrou.

Mas esse não foi o único momento de desespero de Nádia Reis Costa. “Meu segundo choque foi quando eu soube que meu cabelo cairia por causa do tratamento. Eu disse a minha mãe que nunca mais sairia de casa e que ninguém iria gostar de mim. Eu fiquei realmente muito abalada. Cheguei a passar um tempo sem sair de casa por causa disso. Depois de um tempo, com minha mãe e as pessoas vindo conversar comigo, foi que eu voltei a sair”, disse.

Consequência inevitável do tratamento, os cabelos de Nádia Reis Costa caíram. Porém hoje, mais de um ano e meio após o fim das sessões de quimioterapia, ela fala com orgulho da nova cabeleira que cultiva. “Muita gente acha que meu cabelo não caiu, mas ele caiu, sim. Mas já cresceu muito”, contou, enquanto passava a mão no coque que tinha feito minutos antes da entrevista.

Agora, Nádia Reis Costa está na chamada fase de acompanhamen­to. Após todo o tratamento, ela precisa fazer exames periodicamente para saber se não há qualquer alteração que indique a volta da doença. “Eu faço exames mensalmente. Mas estou bem tranquila agora, porque é só esperar até receber a alta definitiva”, afirmou. E ela tem planos para 2016. “Eu quero voltar a estudar, rever minha família. O ano de 2016 vai ser muito diferente. Terminar meus estudos, que eu tive de parar por causa do tratamento, é minha maior vontade”, disse.

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Curado
A ansiedade de Nádia Reis Costa é compartilhada por Athos Silva Vieira e sua mãe, Francisca Martins Silva. Hoje, ele tem 17 anos e está curado de leucemia. “Ele entrou na fase de acompanhamento. Os exames não mostram mais a leucemia. Meu filho está curado, e isso é uma alegria muito grande para toda a família. Agora, é só seguir as recomendações durante esses cincos anos de acompanhamento para o diagnóstico definitivo”, comemorou a mãe.

Foram quase quatro anos até a cura da doença. Aos 13 anos, Athos Silva Vieira teve catapora, doença comum em crianças, sobretudo até os 10 anos, e que não apresenta gravidade. Mas após o desaparecimento dos sintomas ele ficou com um inchaço no pescoço. A mãe, preocupada, o trouxe para São Luís para que fizesse exames mais detalhados e o médico chegou a marcar uma cirurgia para a retirada do que seria um tumor. “Mas eu chamei a atenção do médico para o fato de ele estar muito anêmico. Ele o encaminhou para uma hematologista e os exames diagnosticaram a leucemia”, lembrou Francisca Martins Silva.

[e-s001]Assim que saiu o diagnóstico, a médica recomendou a internação imediata. A família procurou atendimento médico, mas não con­seguiu. Então, mãe e filho voltaram para casa, em Codó, cidade maranhense distante 290 quilômetros de São Luís. “Lá, eu tive uma crise e voltamos para São Luís. Fui internado em uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento] e depois encaminhado para o Hos­pital Carlos Macieira, onde tive que receber transfusão de plaquetas e sangue”, informou Athos Silva Vieira.

A partir daí, foi um longo tratamento, de quimioterapia a internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Somente a primeira internação durou três meses. “Teve momentos em que eu cheguei a desistir. Os médicos chegavam para mim e diziam que já tinham feito tudo o que podiam e eu pensava: ‘Não, Deus vai salvar meu filho’”, contou a mãe de Athos Silva Vieira.

Terminada a fase de internações, o adolescente continuava enfrentando dificuldades no tratamento. “Na fase de manutenção, eu tomava a medicação e voltava para casa, mas eu passava muito mal, vomitava, mas também venci essa etapa”, lembrou o jovem.

Em 2015, após um tratamento árduo, veio a boa notícia: Athos Silva Vieira estava curado. “Agora, faço exames regularmente e nenhum deles detecta mais a doen­ça. Vou esperar mais cinco anos para o diagnóstico definitivo, mas isso é parte do tratamento. O importante é que já venci a etapa mais difícil”, contou sorrindo.

Perguntado sobre o que espera deste ano que acabou de começar, ele respirou fundo e disse sem titubear que quer ter a vida que tinha antes da doença. “Já voltei a estudar, já jogo futebol com meus amigos. A médica já liberou mi­nha rotina normal. Eu só preciso ter moderação”, afirmou o jovem, esperando que os tempos de tribulações tenham ficado no ano que passou.

[e-s001]Fundação Antonio Brunno Pessoa Sousa

Vontade de vencer, apoio da família e de amigos, acompanhamento médico específico e disciplina podem ser apontadas como parte da receita para vencer um câncer ou outra doença grave. Mas infelizmente, sobretudo os dois últimos itens não são acessíveis a todo paciente. Athos Silva Vieira e Nádia Reis Costa têm muito o que agradecer também a Fundação Antonio Brunno Pessoa Sousa. Moradores do interior do Maranhão, eles não teriam como dar seguimento ao tratamento não fosse o apoio e a acolhida que receberam da entidade.

Em 2015, a casa chegou à marca de 780 pessoas atendidas desde 2011. Atualmente, 630 pessoas são apoiadas pela entidade. A casa acolhe os pacientes e seus acompanhantes lhes dando abrigo, alimentação, custeando exames e medicamento, deslocamento para as sessões de radio e quimioterapia, atividades lúdicas e, infelizmente, também auxilia com despesas funerárias dos pacientes mais humildes.

A Fundação Antonio Brunno Pessoa Sousa foi fundada em 2011 pelo casal Antonio e Fátima Lima Sousa após a morte do filho Antonio Brunno Pessoa Sousa em decorrência de câncer. Antonio Brunno Pessoa Sousa elaborou o projeto da casa de apoio durante seu tratamento contra a doença, mas desde jovem ajudava a pacientes oncológicos. Atualmente, a fundação, que sobrevive apenas com doações de voluntários, está em busca de recursos ou da doação de materiais para a construção de uma nova sede que vai possibilitar o atendimento a mais de duas mil pessoas.

Endereço: Rua C, Quadra 09, Casa 18, Planalto Anil II

Contas para doação:

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Ag: 42889
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Itaú
Ag: 4525
C/C: 25280-7

Contatos:

Telefones: (98) 3181-0016/ 98825-5472/ 98296-2329
E-mail: assabrunno@gmail.com

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