Renascimento

Inspiração que leva as pessoas para mais próximo de Deus

Com o encerramento de mais um ano, em meio a reflexões do que foi bom e ruim, o padre Cláudio Fernandes pode dizer que fez bem feito seu dever de casa em 2015 e conseguiu, com suas homilias, ajudar quem precisou

Jock Dean/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52
padre Cláudio prega na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, no Cantinho  do Céu
padre Cláudio prega na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, no Cantinho do Céu (Especial salvadores )

SÃO LUÍS - Este é o último domingo de 2015 e, à medida que o fim do ano se aproxima, cres­ce o sentimento de reflexão. As pessoas começam a repassar o ano e a pesar erros e acertos. Mas há quem tenha bons motivos para comemorar o ano que se finda, por ter inspirado outras pessoas. O padre Cláudio Sousa Fernandes, da Gruta Nossa Senhora de Lourdes, é uma dessas pessoas. Com sua pregação, que une o Evangelho à música e literatura, ele fez sua mensagem de fé e esperança ser ouvida em diversos lugares do mundo. Em meio a tantos afazeres, ainda guarda um tempo para prestar assistência psicológica a quem precisa.

Aos 43 anos, 15 dedicados ao sacerdócio, seis dos quais na Gruta Nossa Senhora de Lourdes, padre Cláudio desistiu de ser advogado para se dedicar à vida vocacional. “Eu queria levar algo de positivo para as pessoas e encontrei na vocação sacerdotal esse caminho para fazer a minha doação em prol do outro”, contou.

O padre atua na formação de novos padres e ministra missas todo dia 11, quartas-feiras e último domingo de cada mês na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, localizada no Cantinho do Céu. E foi por causa da sua pregação que ele começou a atrair a atenção da comunidade católica de São Luís. “Em minhas homilias, eu uso outras janelas de reflexão. A linha mestra é o Evangelho, mas também uso a literatura brasileira e internacional, a poesia e outros escritos”, informou.

Psicologia no sermão

Psicólogo de formação, ele também usa textos de pensadores como Freud em suas reflexões e até músicas de compositores como Caetano Veloso e Chico Buarque. “Não fugimos do padrão da liturgia, mas procuramos fazer uma missa em que as pessoas fiquem mais tocadas e a partir dessas reflexões se tornem pessoas melhores. E esses outros textos que eu trabalho são re­cortes que acrescentam e enriquecem a reflexão”, afirmou.

Aos poucos, os frequentadores da missa começaram a gravar a pregação do sacerdote via celular para que pudessem ouvir em outros momentos e para repassar à outras pessoas. “Hoje, a gente fala para 1.400 pessoas durante a missa. Imagine 700 pessoas colocando seus celulares perto da caixa de som para gravar. Teve um momento em que as pessoas começaram a levar os celulares umas das outras por engano. Então, uma senhora chamada Zilmar Fernandes propôs a gravação e venda de CDs, também como uma forma de contribuir com a casa”, disse.

Hoje o padre tem mais de 17 CDs gravados com três homilias cada um deles. E a mensagem, que ficaria restrita aos fiéis da gruta, chegou a países como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Japão. “Pessoas que frequentam a missa compram para os seus parentes. Com isso, o CD se tornou uma ferramenta provocadora de pensamentos, estimulando a pessoa de mudar sua vida. Pois ela pode ouvir em casa, no carro, no trabalho, absorvendo tolerância, caridade, respeito pelo outro, valores que são essenciais no discurso e prática de Jesus”, explicou.

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Reflexões de pessoas que fizeram diferença no ano que se encerra

Mas padre Cláudio não é apenas um sacerdote. Ele também presta atendimento psicológico a quem precisa. Antes e depois das missas e em outros dias da semana, ele abre espaço para as pessoas que necessitam de aconselhamento espiritual ou avaliação psicológica. “Hoje, temos um grande número de pessoas com síndrome do pânico, transtornos alimentares, depressão e outros transtornos que elas acabam confundindo com questões espirituais”, disse o padre, que atende cerca de 12 pessoas por dia.

A rotina de sacerdote, administrador do Seminário Sagrado Coração de Jesus e psicólogo é cansativa, mas isso não o desmotiva. “Queria ter mais tempo para atender as pessoas, mas a demanda é alta. Quando noto que ela precisa de atendimento psicológico mais frequente, encaminho para um colega. Além disso, é preciso estar preparado para se doar para o outro. Por isso, eu reservo uma manhã ou tarde para me refazer e poder continuar com esse trabalho”, disse o sacerdote.

Por isso, o padre sente-se grato por poder ajudar às pessoas que lhe procuram. “A melhor resposta é quando alguém me procura e fala que a minha mensagem lhe provocou mudar para melhor. Mais que um elogio ou um aplauso, essa mudança pessoal na vida das pessoas é que me motiva”, contou.

Eu faço um trabalho psicoespiritual. Meu trabalho consiste em fazer a pessoa discernir se o seu problema é psicológico ou espiritual. Na maioria das vezes, é psicológico e eu preciso fazer a pessoa a mudar sua postura”Padre Cláudio Fernandes

SAIBA MAIS

Padre Cláudio pensava em ser advogado, assim como seu irmão mais velho. Aos 15 anos ele estava decidido a se mudar para o Rio de Janeiro, onde morava o irmão e seguir sua profissão. Mas aos 16 anos ele resolveu viver uma experiência dentro de grupos de jovens na Igreja Católica e foi se interessando pelo trabalho que era desenvolvido por meio das ações sociais que tinham projetos de consciência social, política, psicológica. Então, terminado o ensino médio, informou aos pais que viria para São Luís estudar em um seminário. De início os pais estranharam já que ele já havia dito que iria seguir a carreira do irmão, mas não o impediram. Ele lhes disse que tentaria a vida vocacional e se percebesse que não era seu caminho retomaria o antigo projeto, o que nunca aconteceu.

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