É de cinema!

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

A Sétima Arte não tem uma boa relação com a Fórmula 1. Se a Nascar teve pelo menos uma superprodução, “Dias de Trovão” (com Tom Cruise e Nicole Kidman, no quase longínquo 1990), o Circo da Velocidade só mereceu um filme do mesmo nível com “Rush – No Limite da Emoção”, que narra de forma incrível a não menos espetacular rivalidade entre James Hunt e o campeoníssimo Andreas Nikolaus Lauda.

Mas há muitas histórias na F-1 que simplesmente devem ir parar na telona. As disputas entre Ayrton Senna e Nelson Piquet, por exemplo. Um filme que tivesse como desfecho a melhor ultrapassagem da história, de Piquet sobre Senna, no Grande Prêmio da Hungria do também remoto 1986, seria sem dúvida candidato ao Oscar de Melhor Filme. O mesmo poderia ser dito de um trabalho cinematográfico que abordasse um outro duelo importante para esse esporte – Ayrton contra o “Professor” Alain Prost. No entanto, para que não fiquemos com exemplos mais ou menos recentes, uma cinebiografia do “showman” Gilles Villeneuve com certeza mobilizaria tanto os canadenses quanto aqueles que são apaixonados pelas corridas de automóveis.

Já que o negócio neste momento é procurar acontecimentos mais antigos que possam servir como fonte necessária para um filme de grande porte, temos um que é uma mistura de drama, aventura, desespero e moderação – tudo em um só pacote, na medida certa para um talentoso roteirista.

Estou falando do primeiro título de Jack Brabham na Fórmula 1, no (esse sim) “dinossáurico” 1959. Numa época em que os pilotos da categoria podiam disputar tranquilamente as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans e a segurança era nenhuma. Os pilotos disputavam as provas basicamente sentados sobre o motor, o público acompanhava as provas às margens da pista e o diretor das corridas dava a bandeirada para o vencedor no meio da reta dos boxes. Só essas três informações poderiam servir como ponto de partida para um argumento consistente. E se você acrescentar uma decisão de campeonato resolvida na última volta da última corrida, com o piloto (Brabham, no caso) vítima de pane seca (falta de combustível) a poucos metros da linha de chegada e sendo obrigado a empurrar seu carro para conseguir o quarto lugar que lhe garantiria o título, como a Sétima Arte não se interessaria por uma façanha tão espetacular? Por outro lado, um bom romancista também poderia se interessar por essa aventura.

Só para encerrar, assisti à última prova da Stock em Interlagos, ontem. Durante toda a prova, o narrador apontou um certo “drama” vivido por Cacá Bueno e Marcos Gomes na “luta” pelo título. Ninguém merece.

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