Guerra civil Síria

Irã participará pela primeira vez de discussões sobre guerra civil Síria

Convidado pelos EUA e com apoio da Rússia, país terá ministro em reunião; encontro em Viena terá ainda representantes da Arábia, Turquia e Líbano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53

Teerã - O Irã, principal aliado do regime sírio no Oriente Médio, vai participar pela primeira vez amanhã, 30, em Viena, nas negociações internacionais sobre o conflito sírio, uma grande virada diplomática desejada por Moscou.

"Analisamos o convite e foi decidido que o ministro das Relações Exteriores vai participar nas negociações", informou o porta-voz da diplomacia iraniana, Marzieh Afkham, citado pela televisão estatal.

Essas "discussões expandidas" serão precedidas na quinta-feira por uma reunião quadripartida entre o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, e seus colegas americano, saudita e turco, John Kerry, Adel al-Jubeir e Feridun Sinirlioglu, de acordo com uma fonte diplomática russa.

Uma primeira reunião no mesmo formato aconteceu na sexta-feira passada para discutir as perspectivas de uma resolução para a guerra civil síria que matou mais de 250 mil pessoas desde 2011. O Irã nunca havia participado de discussões internacionais sobre a resolução da crise síria.

Em 2012, Teerã não participou da conferência de Genebra-1 sobre a Síria, e seu convite para participar nas conversações-2 em 2014 foi retirado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, depois da oposição dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.

O Irã xiita e a Arábia Saudita sunita - as duas grandes potências rivais na região - são abertamente opostos sobre a questão síria. Teerã fornece apoio financeiro e militar para o regime de Damasco, enquanto a Arábia Saudita apoia os rebeldes e participa nos ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI).

Desta vez "convidado pelos Estados Unidos", o Irã irá se juntar em Viena aos chefes da diplomacia russa, americana, saudita, turca, libanesa e egípcia.

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, e a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, também estarão em Viena.

A Rússia insiste desde o início do conflito na Síria sobre a participação do Irã. Mas o envolvimento de Teerã foi firmemente rejeitado pelos Estados Unidos antes da mudança surpresa na terça-feira de sua posição.

"Esperamos que o Irã seja convidado a participar", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, evocando um cenário que representaria um importante ponto de viragem diplomática no conflito sírio.

' Seriedade'

Para a Arábia Saudita, essas negociações serão a ocasião de testar "a seriedade" do Irã e da Rússia na busca de uma solução negociada do conflito. "Não espero avanços importantes nas discussões de Viena (...)" declarou, por sua vez, o secretário de Estado adjunto americano, Tony Blinken, de passagem à Paris. "É uma etapa para ver se podemos chegar a um acordo sobre a forma de uma transição política", explicou.

Favorável à presença do Irã em Viena, a França indicou ter consultado na terça-feira à noite seus aliados ocidentais e árabes sobre as "modalidades de uma transição política garantindo a saída de Bashar al-Assad".

O destino do presidente sírio Bashar al-Assad continua a dividir Washington e Moscou. Contudo, o diretor da CIA, John Brennan, disse estar convencido de que os russos vão por fim procurar obter a saída de Bashar al-Assad.

"Apesar do que dizem, acho que os russos não veem Assad no futuro da Síria", disse na terça-feira. "A questão é quando e como serão capazes de fazê-lo (Assad) deixar o palco", concluiu.

Prova das grandes manobras em curso, o presidente americano Barack Obama telefonou na terça-feira ao rei Salman da Arábia Saudita para discutir a luta contra o EI e uma possível "transição política na Síria", de acordo com um comunicado divulgado pela Casa Branca.

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