[e-s001]Quase 1h de sexta-feira, dia 21, uma mãe com um filho recém-nascido em casa liga para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A supervisora da sede, no Anjo da Guarda, corre de sua sala até o pátio onde designa uma equipe para atender o chamado. A partir daí, começa uma corrida contra o tempo para que o atendimento ocorra o mais breve possível. Todo o procedimento, da saída da unidade até seu retorno à base, leva 45 minutos.

Quando uma equipe é designada para atender a um chamado, tem apenas 60 segundos para sair de sua base. Na ambulância, um técnico e o condutor. O chamado vem da Rua Espanha, no Anjo da Guarda, mesmo bairro em que fica a sede do serviço. Como é madrugada, a Avenida dos Portugueses está sem trânsito. Poucos são os veículos que trafegam por ela e a ambulância do Samu segue sem dificuldade o mais rápido possível. “Se fosse durante o dia, seria preciso vencer um trânsito intenso”, disse o condutor Francisco de Assis Ribeiro.

Mas nem por isso foi fácil achar o endereço. Desesperada ao telefone, a mãe informou como referência a feira do bairro. Para passar por ela, o condutor da ambulância precisou empurrar pela janela uma barraca que ficava no fim da via, para poder abrir caminho pela rua estreita. Assim que a ambulância passou pela ruela indicada pela central de atendimento, foi necessário perguntar o local
exato a uma pessoa na rua, raridade àquele horário. No total, foram 15 minutos desde a saída da base até a chegada na casa de onde partiu o pedido de ajuda.

Em ação - Assim que chegou ao local, o técnico de enfermagem desce imediatamente do veículo e entra na residência. Do lado de fora, o condutor aguarda a postos e pronto para dar continuidade ao atendimento. Muitas vezes, o paciente está em um local de atendimento e precisa ser transferido para outro que disponha de mais recursos. "O condutor não tem formação médica, mas também participa dos treinamentos, pois toda a equipe precisa estar qualificada”, informou Conceição Guimarães, supervisora do plantão noturno do Samu.

[e-s001]Após 20 minutos, o técnico sai da casa. "Foi um alarme falso. A mãe é de primeira viagem, mora sozinha, o bebê começou a chorar muito, ela ficou preocupada que fosse algo mais grave e chamou o Samu. Felizmente está tudo bem. Passamos algumas orientações, acalmamos a mãe e agora está tudo bem", explicou Fabrício Pereira. Apesar de o chamado ter sido causado pela preocupação de uma mãe inexperiente, um único minuto, disse o técnico, pode ser decisivo no atendimento de uma emergência. "E o nosso tempo é o da vida, não o do relógio", informou.

De volta à base, após 45 minutos desde o informe da chamada, a dupla vai descansar e se preparar para sair, caso haja um novo chamado. O tempo de repouso é de uma hora para cada equipe, de forma que sempre há uma equipe a postos para prestar atendimento. Em dias atribulados e de chamados muito graves, se for preciso, a equipe precisa abrir mão do seu descanso para prestar socorro.

• Acidentes de trânsito são os principais atendimentos do Samu

O mesmo vale para a organização do horário de refeição dos profissionais que atuam no serviço. Na madrugada em que O Estado acompanhou a rotina da sede do serviço não houve mais atendimentos além desse, o que é um fato raro. As noites de sexta-feira e madrugadas de sábado costumam ser as mais movimentadas.

Serviço - O serviço funciona 24 horas por dia com equipes de profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, auxiliares em enfermagem e socorristas que atendem às urgências de natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e de saúde mental da população.
"Nós também atendemos outros tipos de ocorrência, apesar de nossa função ser principalmente acidentes de trânsito e casos de ferimento por arma de fogo e branca", explicoua Conceição Guimarães. Os atendimentos de urgência e emergência são feitos em qualquer lugar: residências, locais de trabalho e vias públicas.

O socorro é feito após chamada gratuita, feita para o telefone 192. A ligação é atendida por técnicos na Central de Regulação que identificam a emergência e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. Esse profissional faz o diagnóstico da situação e inicia o atendimento no mesmo instante, orientando o paciente, ou a pessoa que fez a chamada, sobre as primeiras ações.

Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia qual o melhor procedimento para o paciente: orienta a pessoa a procurar um posto de saúde; designa uma ambulância de suporte básico de vida, com auxiliar de enfermagem e socorrista para o atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) móvel, com médico e enfermeiro.

Com poder de autoridade sanitária, o médico regulador comunica a urgência ou emergência aos hospitais públicos e, dessa maneira, reserva leitos para que o atendimento de urgência tenha continuidade, se for o caso.

O Samu trabalha também em parceria com o Corpo de Bombeiros. "Para alguns atendimentos, como nos casos de pessoas com problemas mentais, nós não temos o treinamento necessário para agir, então, fazemos em parceria com o Corpo de Bombeiros", disse Conceição Guimarães.

O serviço ocorre também em parceria com o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), como durante o período carnavalesco deste ano. Na ocasião, servidores do Samu permaneceram durante 24 horas em um dos setores do Ciops, recebendo de forma imediata as informações sobre as ocorrências na capital maranhense e, quando necessário, encaminhando profissionais do serviço e ambulâncias aos locais indicados.

SAIBA MAIS
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 192 é o principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências, criada em 2003, que tem como finalidade proteger a vida das pessoas e garantir a qualidade no atendimento no SUS. A política tem como foco cinco grandes ações:
- organizar o atendimento de urgência nos pronto-atendimentos, unidades básicas de saúde e nas equipes do Programa Saúde da Família;
- estruturar o atendimento pré-hospitalar móvel (SAMU 192);
- reorganizar as grandes urgências e os pronto-socorros em hospitais;
- criar a retaguarda hospitalar para os atendidos nas urgências; e
- estruturar o atendimento pós-hospitalar.

NÚMEROS
12 ambulâncias compõem o Samu de São Luís
6 bases estratégicas são usadas pelo serviço
25% das ocorrências são acidentes de trânsito
60% dos acidentes envolvem motocicletas

MAIS
Durante todo o ano de 2013, foram registrados 4.977 acidentes de trânsito com vítimas, se somadas todas as ocorrências das cidades de São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. Desse total, aproximadamente 75%, ou seja, 3.700 acidentes envolveram motociclistas.

Foi um alarme falso. A mãe é de primeira viagem e mora sozinha. O bebê começou a chorar muito, ela ficou preocupada que fosse algo mais grave e chamou o Samu. Felizmente, está tudo bem. Passamos algumas orientações, acalmamos a mãe e agora está tudo bem"Fabrício Pereira, técnico em enfermagem

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