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“Meu objetivo é bater sempre os meus próprios recordes”

O servente Francisco das Chagas Melo fez da corrida sua mudança de vida e coleciona hoje diversos troféus e medalhas

Juliene Hidelfonso / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h55

Com muito orgulho e carregando incontáveis medalhas e três troféus, Francisco das Chagas Melo, mais conhecido como Seu Madruga, conta com orgulho sobre sua história de vida e os caminhos que percorreu até o ponto em que está hoje. Seu Francisco já foi usuário de drogas, viajante, viveu muitos anos fora de seu estado natal, mas sempre foi um homem muito trabalhador e feliz. Humildemente relembrou sua infância, a época em que viveu com sua avó, que o criou, e as andanças no estado do Pará e Maranhão. Os caminhos pelos quais passou lhe deram muita experiência de vida. Um pai orgulhoso do filho, um marido muito companheiro e um atleta que a cada dia se supera. “Comecei engatinhando para depois correr”, disse.

Natural de São Luís, com 1 ano de idade, seu Francisco se mudou com sua família para a cidade de Bacabal, onde foi criado, e, aos 20 anos, se mudou para Coroatá. Ele foi criado por sua avó materna, mas sempre com sua mãe ao lado, pois eles moravam em uma casa conjugada no interior do Maranhão. Ainda na cidade de Coroatá, Seu Madruga conheceu sua esposa e constituiu família. Ele sente muita falta de sua infância, da época em que vivia em Coroatá, e sempre se recorda da escola, do período em que era estudante. “Eu sinto falta de muita coisa. O que me traz muitas lembranças é o colégio em que eu estudei, onde fiz o primeiro, segundo e terceiro ano. Sinto falta também dos jogos e brincadeiras da infância tipo peteca, peão que a gente brincava muito, e pipa. Jogar bola não, porque eu nunca joguei. Brincava de outras coisas. Gostava muito de quadrilha, inclusive brinquei muito lá em Bacabal”, relembrou seu Francisco.

Seu Madruga traz consigo muitas lembranças de sua infância e do tempo em que viveu com sua falecida avó, dona Teodora. E isso se prova com um ferro de engomar que ele guarda até hoje, que era dela. “O que eu guardo mesmo, mas não só da minha infância, mas do casamento da minha avó, é um ferro de engomar que é à brasa. Até hoje eu tenho e é guardado com muito carinho. Ela usou muito para passar nossas roupas quando a gente era criança”, esclarece.

Aos 20 anos, seu Francisco se mudou para a cidade de Coroatá e conheceu sua esposa. De lá para cá, se passaram quase 26 anos de união. Durante esse tempo, seu Francisco e sua esposa Hilda passaram por momentos muito difíceis, com a perda de dois filhos. O primeiro filho do casal faleceu na cidade de Castanhal, no Pará. Logo que se casaram, decidiram se mudar para Paragominas. “No nosso primeiro ano de casamento, ela ficou gestante e nós não tínhamos experiência com filho e ele teve uma infecção intestinal. A gente o levou para o hospital em Castanhal, mas ele morreu”, explica.

Após o acontecimento, seu Francisco de Melo decidiu que não queria mais morar em Paragominas e voltou com a esposa para Coroatá. A esposa engravidou novamente. Fez o pré-natal, mas aos 7 para 8 meses de gestação. O bebê morreu ainda na barriga da mãe. “Ela se sentiu mal. Levamos para o hospital e, chegando lá, ele tinha se enforcado com o cordão umbilical”, conta. Após um tempo, ela engravidou do terceiro filho e descobriu, na hora do parto, que tinha problema de albumina. Recebeu uma recomendação de que devia ligar as trompas após a terceira gravidez e assim o fez. Hildefran nasceu com muita saúde, sem complicações durante a gravidez ou no parto e enche Seu Madruga de orgulho.

Garçom - Há alguns anos, seu Francisco, após conhecer praticamente todo o estado do Pará, finalmente decidiu que estava na hora de conhecer a capital do seu estado natal. Ele recebeu um convite para trabalhar com montagem de móveis em uma loja de São Luís, mas, chegando à capital, os planos de trabalho foram outros. Ele começou a trabalhar como garçom e aprendeu a cozinhar comidas típicas maranhenses e paraenses. De lá para cá, já passou por muitas experiências de trabalho.
Seu Francisco sempre foi um homem trabalhador e interessado em aprender mais e mais. Infelizmente, por muitos anos, teve envolvimento com drogas. Algo que, quando ele pediu dispensa do trabalho para fazer seu tratamento, surpreendeu a todos. Aos 12 anos de idade, começou a usar maconha. Passou 30 anos sendo usuário da droga e de cigarros, além de ter passado seis anos sendo usuário de merla e quatro de crack. “Depois de todos esses anos sendo usuário de drogas, eu fui parar em uma clínica de recuperação. Na CAPSAD, eu conheci uma médica, Luciana, que é fisioterapeuta ocupacional, e botava os dependentes químicos para jogar bola no final da tarde, como eu não gostava de jogar bola, eu ficava correndo ao redor do campo”, relembra.

Seu Francisco, com a corrida, não costumava se cansar e, assim, após ser observado pela médica, recebeu dela uma dica que mudaria sua vida. Ela o questionou sobre corridas de rua e o incentivou para que participasse com o argumento de que, assim, ele poderia ter um futuro diferente. E foi assim que ele começou a correr e hoje está se preparando para ir a Buenos Aires participar de uma corrida. “Eu acho até que nem a doutora Luciana tem dimensão do tanto que as palavras dela fizeram efeito em mim. Eu as guardei e comecei a treinar, correr e hoje estou aqui”, explica.

Raio-X

Nome Completo

Francisco das Chagas Melo

Nascimento

14.09.1969

Profissão

Servente

Filiação

Domingas de Melo

Filhos

2; Ana Cláudia e Hildefran de Aguiar Melo

Esposa

Hilda de Aguiar Melo

Qualidade

Prestativo, solidário e humilde

Defeito

“Não consigo me recordar de um agora”

Alegria

“São muitas. Ser tricampeão em atletismo é uma delas”

Tristeza

“O passado, quando eu me envolvi com drogas”

Saudade

“Da minha avó, que me criou. Teodora Coutinho, já falecida”

Planos

“Participar de todas as corridas que puder. Principalmente as maiores do Brasil como a volta da Pampulha e a meia maratona no Rio, Brasília e Recife”

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