Acordo nuclear

Mesmo com acordo, Obama diz que há diferenças entre os EUA e o Irã

Potências fecharam acordo com Irã para limitar capacidade nuclear do país; preocupações de Israel em relação ao Irã são legítimas, diz Obama; Os EUA apresentaram ontem ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução para ratificar o acordo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h56
(Obama fala sobre o acordo nuclear firmado com o Irã)

Estados Unidos - O presidente Barack Obama afirmou ontem que profundas diferenças entre o Irã e os Estados Unidos persistirão, apesar do histórico acordo nuclear alcançado entre Teerã e as potências mundiais.

O acordo foi anunciado na manhã de terça em Viena, na Áustria, e tem como objetivo evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear e garantir que o programa nuclear seja usado apenas para fins pacíficos. Em troca, serão retiradas as sanções internacionais contra o país.

Os chefes da diplomacia do Irã, do grupo 5+1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha) e da União Europeia negociavam há 17 dias no palácio de Coburg da capital austríaca.

"Mesmo com este acordo, continuaremos tendo profundas diferenças em relação ao Irã quanto a seu apoio ao terrorismo e às ações para desestabilizar partes do Oriente Médio", declarou Obama nesta quarta em coletiva de imprensa na Casa Branca.

"O Irã ainda representa desafios aos nossos interesses e valores", afirmou. Segundo Obama, os Estados Unidos esperam que o comportamento do Irã mude, mas ele "não aposta nisso". Mas Obama, que tenta vender o acordo fechado com o Irã a parlamentares céticos dos EUA e ao povo norte-americano, disse ontem que o acordo sobre o programa nuclear iraniano representa uma chance histórica de se buscar um mundo mais seguro.

"Sem um acordo, o regime de sanções internacionais irá ruir, com pouca capacidade de reinstaurá-lo. Com esse acordo, nós temos a possibilidade de resolver pacificamente uma grande ameaça à segurança regional e internacional", disse.

Obama afirmou que haveria um risco de mais confrontos no Oriente Médio sem um acordo e que outros países da região se sentiriam compelidos a buscar seus próprios programas nucleares "na região mais volátil do mundo". Obama declarou ainda que espera um debate firme no Congresso sobre o acordo, que ele disse cortar todos os caminhos para o Irã conseguir uma arma nuclear.

Preocupações - O presidente americano também destacou que as preocupações de Israel em relação ao Irã são legítimas. Após o anúncio do acordo, o governo de Israel o chamou de "rendição histórica".

"O Irã terá um caminho livre para desenvolver armas nucleares e muitas das restrições que o impediam serão suspensas. Esse é o resultado quando se deseja um acordo a todo custo", disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu por meio de comunicado.

"Fizeram grandes concessões em todos os temas que deviam impedir que o Irã consiga armas nucleares. Adicionalmente, o Irã receberá bilhões de dólares para alimentar sua máquina terrorista e sua agressividade e expansão pelo Oriente Médio", completou.

Projeto de resolução - Os Estados Unidos apresentaram ontem ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução para ratificar o acordo nuclear concluído na terça, segundo fontes diplomáticas ouvidas pela agência Reuters. A votação dessa resolução será realizada na próxima segunda ou terça-feira, segundo a fonte.

A ratificação do acordo na ONU será uma mera formalidade, já que o acordo e o próprio projeto de resolução foram negociados pelos membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, China, Rússia, França e o Reino Unido) mais Alemanha.

O texto, que será aprovado no início da próxima semana, valida o acordo de Viena e substitui as sete resoluções adotadas desde 2006 pela ONU para punir o Irã pelas disposições não respeitadas.

O projeto de resolução prevê um levantamento paulatino e sob condições das sanções econômicas internacionais impostas ao Irã à medida que Teerã reduza sua capacidade de fabricação de uma arma atômica.

Mantém, no entanto, o embargo sobre armas convencionais durante cinco anos e uma proibição de qualquer tipo de transação de mísseis balísticos com capacidade de levar ogivas nucleares durante oito anos.

MAIS

O acordo sobre o programa nuclear iraniano com as potências mundiais é uma vitória política para o Irã, disse o presidente Hassan Rohani ontem, acrescentando que a medida significa que o país não vai mais ser classificado como ameaça internacional.

"Ninguém pode dizer que o Irã se rendeu", disse Rouhani durante encontro televisionado pela rede estatal. "O acordo é uma vitória legal, técnica e política para o Irã. É um feito que o Irã não será mais chamado de ameaça mundial", disse.

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