Comércio informal

Vendedores ambulantes ocupam áreas públicas no centro de Caxias

Produtos variados são encontrados no comércio informal, que invade grande parte da cidade, deixando praças e calçadas lotados e intrafegáveis

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
Comércio informal invade as ruas de Caxias e se estende por ruas, praças e calçadas de forma indiscriminada, dividindo opiniões
Comércio informal invade as ruas de Caxias e se estende por ruas, praças e calçadas de forma indiscriminada, dividindo opiniões (Comércio informal)

Caxias - Eles vêm de todos os cantos e com um único propósito: ganhar dinheiro para garantir uma renda no fim do mês como qualquer outro trabalhador formal. O único problema é que os novos ambulantes, que a cada dia oferecem mais variedade de serviço ao consumidor caxiense, ocupam desordenadamente e inadequadamente ruas e logradouros públicos de Caxias.

Na ânsia pela clientela, ganha quem fica nos pontos estratégicos. Nem mesmo a calçada e a esquina da Delegacia de Polícia Civil é poupada por esses vendedores. Chinelos a guarda-chuvas estão à disposição da freguesia. José Welligton Batista disse que é ambulante há três anos, não por uma fatalidade, mas por opção.

O vendedor diz que, mesmo sem carteira assinada, consegue fazer o seu próprio rendimento porque varia os seus locais de atuação. Além de Caxias, ele oferece seus produtos na cidade vizinha de Aldeias Altas e ainda na localidade Brejinho.

"Quando começa a ficar fraco por aqui eu viajo com a minha mercadoria para outro lugar. Não dá para ganhar muito, mas é o suficiente para pagar as contas e comer", revela Batista.

Divergência - Entre os caxienses as opiniões se dividem. Joana Almeida e Rosana Vieira são amigas e trabalham como costureira. Joana acha que o número excessivo de ambulantes só incomoda quando começa a prejudicar o trânsito. Já a amiga acha que o Centro fica muito poluído com a presença de tantos vendedores.

"Por mim tanto faz como tanto fez. Eles podem vender o que quiser e onde quiser. Se eles estão cada vez mais na rua é porque tem quem compre, senão eles diminuiriam sem ter cliente", acredita Joana. Já Rosana discorda da amiga. Para ela, a cidade está um caos, mesmo acreditando que os ambulantes só façam isso como uma alternativa para seu próprio sustento.

"Todos os dias quando você vai no centro da cidade, se depara com um vendedor novo. Na Praça da Matriz nem se fala. Eu acho isso muito feio. A gente vai em Codó, que é uma cidade menor do que Caxias, e não vê esses absurdos que tem aqui", declara a costureira.

Leis - A ocupação desordenada só está acontecendo por negligência da Prefeitura de Caxias, que é responsável pela adequação do espaço físico da cidade. Leis para regulamentar essa atividade existem, principalmente o Código de Postura do Município, que proíbe a ocupação de ruas e praças por ambulantes.

A administração municipal da época chegou a retirar todos os ambulantes e barraqueiros que ocupavam indevidamente esses locais, o que gerou antipatia e revolta por parte desses profissionais informais ainda no começo dos anos 2000.

A medida não durou muito e os ambulantes voltaram a ocupar os logradouros públicos, já que não houve por parte da administração municipal nenhuma ação repressiva para impedir a ocupação desordenada.

Associação não pode barrar novos ambulantes

A presidente da Associação dos Ambulantes e Camelôs de Caxias, Maria José Carneiro de Souza, disse que a entidade nada pode fazer para barrar a invasão dos espaços públicos de Caxias por novos ambulantes e camelôs. Ela afirma que essa é uma medida que só pode ser tomada pela Prefeitura, que é quem regulamenta o serviço.
Em contrapartida, aos mais de 200 novos vendedores ambulantes, a presidente da associação esclarece que na entidade, cuja sede fica nas dependências da União Artística Operária Caxiense, há apenas 100 ambulantes cadastrados desde 1975. Eles pagam uma taxa mensal no valor de R$ 3,00 à associação, além de uma licença anual da Prefeitura para poder ocupar as ruas. Mas essas duas contribuições é uma medida que não é estendida aos novos profissionais informais.
Quem quer levar seu produto para rua pode fazê-lo tranquilamente, não é à toa que calçadas funcionam como boutiques ou servem para a venda de temperos e barracas de alimentos. A presidente da associação disse que essa expansão não é algo que a incomoda, já que todos precisam de um trabalho.
"Eles estão nesses locais porque não têm um lugar para trabalhar, nem como se sustentar. Não me incomoda. Quem reclama mesmo são os donos das lojas. É muito comum eles se incomodarem com esse crescimento", menciona a sindicalista.

Artigos - E a preocupação dos lojistas não é à toa. No Calçadão do Centro, só para se ter um exemplo, além de artigos pirateados, roupas infantis, bolsas, bijuterias e calçados, as duas pontas do local são invadidas pelos vendedores de frutas e verduras.

Além de usarem o espaço para a venda do produto, é nessa mesma área que eles fazem o descarregamento das mercadorias, prejudicando o trânsito e o tráfego de pedestres. Esse grupo de ambulantes, em especial, já foi retirado desses locais pelos menos três vezes pela Secretaria Municipal de Urbanismo e homens da Guarda Municipal.

Na queda de braço pela ordem no Centro, quem acabou vencendo foram os ambulantes que voltaram a ocupar o espaço e dessa vez em maior número. O poder público deixou-se vencer pela desordem que impera no centro da cidade de Caxias.

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