Música

Pernambucano Johnny Hooker é um destaques da nova cena musical

Cantor e compositor pernambucano Johnny Hooker destaca-se no cenário musical brasileiro com o novo trabalho “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!”

Max de Medeiros / Especial para o Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
Johnny Hooker é destaque na nova música brasileira
Johnny Hooker é destaque na nova música brasileira (Johnny Hooker)

A nova geração da música brasileira, principalmente da considerada música alternativa, vem desmontando todos os conceitos estabelecidos sobre os ritmos nacionais. Essa geração nasce basicamente na internet e sem o apoio das grandes gravadoras fazem um sucesso estrondoso misturando estilos e subvertendo o que parecia ser a tradicional receita do sucesso que estava baseada na venda de discos. É assim que o cantor e compositor pernambucano Johnny Hooker vem se destacando no universo musical nacional após o lançamento em fevereiro do disco “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!”, que ainda não possui uma versão física em CD, mas ganhou as plataformas virtuais de comercialização de músicas de forma muito rápida e eficiente.

Apesar do pouco tempo circulando na internet e das raríssimas aparições até agora de Johnny Hooker em programas de televisão, o disco já ganhou, para além da aceitação do público, o reconhecimento da crítica. No mês passado ele faturou o Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Cantor e ainda dividiu o palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a consagrada cantora maranhense Alcione para cantarem duas músicas em homenagem a Maria Bethânia.

Se a imagem de Johnny Hooker ainda não está popularizada, talvez a voz a maioria das pessoas já tenha ouvido pelo menos uma vez. Isso graças à participação na trilha sonora da novela "Babilônia" que está sendo apresentada na faixa das 21 horas da Rede Globo. A música “Amor Marginal”, um blues afiado a guitarras e piano, é o tema dos personagens Alice (Sophie Charlotte) e Evandro (Cássio Gabus Mendes) e está na seleção impecável de “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!”.

Por falar em trilha sonora, Hooker já havia participado da novela “Geração Brasil”, onde fez também uma ponta como ator. A música “Alma Sebosa”, que também está no novo disco, era tema do personagem Barata (Leandro Hassum). Já os apreciadores do cinema nacional ao ouvirem o disco irão se lembrar do filme “Tatuagem”, dirigido por Hilton Lacerda e que tinha a música “Volta” na trilha, inclusive com a participação de Johnny Hooker cantando no longa-metragem.

Aos 27 anos de idade, Johnny Hooker já carrega uma relevante bagagem artística, seja como compositor, cantor, ator ou mesmo roteirista e diretor, pois o artista também tem entre seus projetos a produção e lançamento de um curta metragem com o título “Classic”. Nesse cenário da cinematografia, o trabalho de Hooker também se destaca pelos videoclipes já lançados das músicas “Volta”, com participação do ator do filme "Tatuagem" Irandhir Santos, e “Alma Sebosa”, com roteiro do próprio músico, direção de Giovana Machline e participação de atores como Luis Carlos Vasconcelos, Chandelly Braz, Jesuíta Barbosa e a cantora Zélia Duncan.

Por meio dos clipes é possível conhecer o modo performático que já se tornou uma marca registrada nas apresentações de Johnny Hooker nos shows da turnê de “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!”. Com figurinos extravagantes, maquiagem carregada e até salto alto, no primeiro olhar é quase impossível não fazer a comparação com as apresentações de Ney Matogrosso nas décadas de 1970 e 1980. Mas apesar das semelhanças, Johnny Hooker não parece querer imitar o ex-integrante dos Secos e Molhados, ao contrário, Hooker tem uma personalidade própria, marcante e poética. E justamente essa personalidade que o diferencia de qualquer outra artista que tenha vindo antes, pois o pernambucano consegue imprimir características muito pessoais em suas composições, entrelaçando as letras a sentimentos como amor, ódio, sofrimento, perdão. O disco é um profundo diagnóstico das relações humanas na contemporaneidade, com todos os seus tons de agonia e amargura.

Disco- “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!” é um daqueles trabalhos arrebatadores do início ao fim. E como bem sabe fazer essa nova geração da música brasileira, o disco tem muitas influências, vários estilos misturados e fica muito difícil defini-lo em um único segmento musical. As músicas têm um pouco de blues, de brega pernambucano, de frevo, além de ritmos latinos variados que dão um tom universal ao disco.

São ao todo 11 canções autorais com direito a uma versão em espanhol de “Alma Sebosa”. O disco começa com a canção que dá título ao trabalho e com uma percussão vibrante Johnny Hooker mostra o seu poder vocal evocando os orixás Iansã, Ogum e Oxalá para o samba. É assim que ele começa a contar as histórias de amor que roteirizam o disco, permanentemente com uma pegada de sofrimento e mágoa. A segunda canção do disco é “Volta”, um brega cadenciado por guitarras e que mantém o compasso de lamentação, mas evidenciado um ritmo moderno surpreendente, tendência que se completa em “Alma Sebosa”, terceira faixa, com destaque para o naipe de metais e o teclado que conduzem o sofrimento amoroso como flechas certeiras.

Na quarta música, “Chega de Lágrimas”, Johnny Hooker propõe a primeira reviravolta do disco para espantar a tristeza, apesar das amarguras de relacionamentos ainda darem o tom da composição. Em “Amor Marginal”, ele retoma à pegada mais coração partido e engata um blues com guitarras mais lentas e marcantes, dando espaço para a sua máxima expressão vocal. Já a sexta canção, “Segunda Chance”, sob uma base de violões ele apresenta sua música mais romântica do disco.

“Boyzinho” é a música com a letra mais curta e poeticamente falada com a percussão quase em marcha militar. A questão da homossexualidade é um tema recorrente nas músicas e videoclipes de Hooker, no entanto, restringi-lo a um ou outro nicho de público seria no mínimo leviano ou preconceituoso. Suas letras falam para todo mundo que já tenha sofrido por amor. Acentuando essa diversidade dele, a oitava música, “Boato”, é um axé com metais que remontam aos dançantes ritmos caribenhos.

Para encerrar o disco, ele traz “Você ainda pensa?” na qual o personagem criado por Hooker na trajetória do trabalho tem a redenção do sofrimento com o arrependimento da pessoa amada e, finalmente, em “Desbunde Geral”, última faixa, o músico encerra com um frevo para festejar o amor quando chegar fevereiro com o carnaval.

Na banda desse virtuoso trabalho, Johnny Hooker contou com as guitarras de Felipe Soares, baixo de André Soares, teclados de Artur Dantas, percussão de Thiago Duarte, bateria de Eduardo Guerra, trompete de Alan Ameson e trombone de Neris Rodrigues, além das participações especiais na música “Volta” de Leonardo Rosa Benedito na bateria e Pedro Penna na guitarra.

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O disco “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!” de Johnny Hooker pode ser baixado por meio do site oficial do cantor www.johnnyhooker.com.br ou através das plataformas virtuais de comercialização de músicas como o Itunes ou Deezer.

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