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COLUNA
Rogério Moreira Lima
Engenheiro e professor, foi coordenador Nacional da CCEEE/CONFEA e vice-presidente CREA-MA (2022). É membro da Academia Maranhense de Ciência e diretor de Inovação na Associação Brasileira de
Rogério Moreira Lima

Fake news do chuveiro elétrico: chega de pitacos e siga as dicas

Seguir as normas previne acidentes e salva vidas.

Rogério Moreira Lima

O chuveiro elétrico é muito usado no Brasil, mas circula muita informação equivocada sobre ele. O perigo real não é a tensão, e sim a corrente elétrica. Correntes a partir de 30 mA (0,03A) podem causar fibrilação cardíaca, risco potencialmente fatal.

Um chuveiro em 110 V apresenta mais risco que um em 220 V, pois para fornecer a mesma potência, a corrente é exatamente o dobro, aumentando o potencial de acidentes.

O funcionamento do chuveiro se baseia no efeito Joule, que transforma energia elétrica em calor quando a corrente atravessa um resistor. A água que passa pela resistência elétrica aquece instantaneamente, permitindo o banho quente em segundos.

Além disso, o efeito pelicular, fenômeno do eletromagnetismo, faz com que a corrente alternada se concentre na superfície do condutor. Isso significa que o aquecimento da resistência ocorre de fora para dentro, pois a densidade de corrente é maior na camada externa. Esse efeito ocorre devido ao campo magnético variável gerado pela corrente alternada, que induz correntes internas opostas, deslocando a corrente para a periferia do condutor. Em resistências finas, como as do chuveiro, isso torna o aquecimento mais eficiente e uniforme, garantindo rápida resposta térmica.

Como engenheiro eletricista, me incomoda ver ditos “especialistas” afirmando que 220 V é alta tensão. Na realidade, alta tensão só se aplica a valores muito superiores, geralmente acima de 1.000 V residenciais, conforme ABNT NBR 5410.

A segurança elétrica no Brasil é rigorosa. O Dispositivo Diferencial Residual (DR ou DDR) de 30 mA é obrigatório em pontos molhados, pois o aterramento sozinho não garante proteção. Todas as instalações devem oferecer proteção contra contato direto e indireto, DDR de 30 mA e aterramento adequado, conforme NBR 5410 e NR-10 .

Acidentes não acontecem por azar, fita isolante, fé ou chinelo. O chinelo não protege nem garante isolamento suficiente, sendo outro equívoco comum. Eles decorrem de não conformidades nas instalações elétricas. Seguir as normas previne acidentes e salva vidas.

A vida vale mais. Projeto, execução ou reforma de instalação elétrica, procure um engenheiro.


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