Alexandre de Moraes fala em 'gabinete do ódio' ao citar explosão suicida em Brasília
No discurso, Moraes afirmou que explosões registradas na área central de Brasília são resultado do ódio político que se instalou no país nos últimos anos – e não um "fato isolado do contexto".
BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes se pronunciou a respeito do homem que se matou com um explosivo em frente ao tribunal na noite desta quarta-feira (13). O caso é tratado como suicídio pela polícia.
No discurso, Moraes afirmou que explosões registradas na área central de Brasília são resultado do ódio político que se instalou no país nos últimos anos – e não um "fato isolado do contexto".
Ele também defendeu que a pacificação nacional é necessária, mas não será feita com anistia (perdão) aos criminosos.
"Não podemos ignorar o que ocorreu ontem. E o Ministério Público é uma instituição muito importante, vem fazendo um trabalho muito importante no combate a esse extremismo que lamentavelmente nasceu e cresceu no Brasil em tempos atuais. Nós precisamos continuar combatendo isso", afirmou ao abrir uma aula magna no Conselho Nacional do Ministério Público.
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"O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto. [...] Queira Deus que seja um ato isolado, este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro", afirmou.
"Isso foi se avolumando sob o manto de uma criminosa utilização da liberdade de expressão. Ofender, ameaçar, coagir, em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime", seguiu.
"Isso foi se agigantando e resultou, a partir da tentativa de descrédito das instituições, no 8 de janeiro. E o 8 de janeiro, o que ocorreu, o que vem sendo investigado e denunciado [...] O STF já condenou mais de 250 pessoas pelos crimes mais graves", pontuou.
Segundo o ministro, a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal devem assumir as investigações – que, inicialmente, ficaram a cargo da Polícia Civil do Distrito Federal. Por já relatar os inquéritos ligados aos atos antidemocráticos, incluindo os relacionados aos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023, Moraes pode ser designado relator do caso. É a chamada "prevenção", que concentra casos similares nas mãos de um mesmo juiz. A decisão sobre essa distribuição, no entanto, caberá ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.
No pronunciamento, Moraes afirmou que a pacificação do país é necessária – mas rejeitou a tese, defendida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, de dar "anistia" a criminosos e golpistas. Em nota, ex-presidente Bolsonaro diz lamentar explosões em frente ao STF e pede 'pacificação nacional'
"Ontem é uma demonstração de que só é possível essa necessária pacificação do país com a responsabilização de todos os criminosos. Não existe a possibilidade de pacificação com anistia a criminosos", disse.
"Nós sabemos, e vocês do Ministério Público sabem, que o criminoso anistiado é o criminoso impune. E a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem. As pessoas acham que podem vir até Brasília, tentar entrar no STF para explodir o STF. Porque foram instigadas por muitas pessoas, lamentavelmente várias com altos cargos na República", disse.
E completou: "Não podemos compactuar com a impunidade de ninguém que atente contra a democracia, contra os poderes de Estado, contra as instituições. Todos nós, independentemente do posicionamento político e ideológico, temos que nos unir sempre na defesa da democracia".
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