Investigação

Dono de cartório alvo do Gaeco em RO tinha braço de esquema no MA, diz MP

Cartorário foi alvo da Operação Kraken, do Ministério Público de Rondônia.

Ipolítica

Atualizada em 09/06/2024 às 08h52
Investigação em Rondônia começou em 2023
Investigação em Rondônia começou em 2023 (Divulgação/MPRO)

RONDÔNIA - Um cartorário de Envira, no Amazonas, e alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Rondônia, estaria ampliando os braços de uma operação criminosa para o Maranhã.

Foi o que afirmou o Ministério Público de Rondônia (MPRO) após a deflagração da Operação Kraken, na semana passada.

A ação cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em residências, sedes de pessoas jurídicas, cartório extrajudicial, e um mandado de busca pessoal itinerante, deferidos pelo Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal da Comarca de Ariquemes (RO).

A investigação começou em 2023, a partir de notícia-crime enviada pela Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia (TJRO), tendo como objeto a apuração da suposta prática dos crimes de falsidade ideológica lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Segundo apurado, o titular do cartório de Envira estaria lavrando escrituras indevidamente em Cujubim (RO), Alto Paraíso (RO), Cacaulândia (RO) e Ariquemes (RO), mas declarando-os falsamente como celebrados em Envira.

“Descobriu-se que, para a consecução dos delitos, foi montada uma estrutura composta pelo referido cartório situado no interior do Amazonas e vários escritórios denominados despachantes nas cidades rondonienses, constituídos em nome de terceiras pessoas e atraindo usuários de serviços cartorários mediante a oferta de preços inferiores ao praticado pelos cartórios oficiais da Comarca de Ariquemes/RO”, diz o MPRO em nota.

De acordo com os investigadores, por meio desses despachantes os investigados iludiam os usuários fazendo-os acreditar estarem usando serviços regulares para a prática dos atos cartorários, especialmente escrituras de compra e venda de imóveis a baixo custo, quando, na verdade, os atos eram totalmente irregulares e, a princípio, nulos juridicamente. “Essa atuação estruturada e em grandes proporções rendeu, notadamente ao líder do grupo criminoso, o aumento de 533,14% […] do faturamento semestral do pequeno Cartório de Envira/AM, saltando de R$ 106.488,92 […] no primeiro semestre de 2021 para R$ 674.222,52 […] no segundo semestre de 2022, conforme dados extraídos na aba Justiça Aberta, disponível no portal eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, completa o MP.

Em contrapartida, segundo levantamento da Corregedoria-Geral do TJRO, a justiça rondoniense sofreu um prejuízo total estimado de R$ 1.595.892,00 a partir do momento em que o líder do esquema criminoso assumiu a serventia de Envira e passou a atuar ilegalmente na Comarca de Ariquemes.

Braço no Maranhão - A investigação também revelou que o líder do esquema já estava expandindo suas atividades para o Maranhão, convertendo parte do dinheiro obtido em Ariquemes em ativos lícitos nos ramos de hotelaria e locação de móveis, utensílios e aparelhos domésticos, além de instrumentos musicais e até veículos automotores. “Não somente isso, também já constituíra em São Luiz/MA (sic) um despachante similar aos utilizados em Ariquemes/RO", afirma o comunicado do Ministério Público.

Por conta disso, os GAECOs dos Ministérios Públicos dos Estados do Amazonas e do Maranhão também contribuíram para a investigação, desde a fase preliminar até a deflagração na data de hoje, realizando diligências pertinentes a investigados, pessoas jurídicas, endereços e outras questões logísticas, inclusive para o cumprimento dos mandados em Envira e São Luís.

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