SÃO LUÍS – Um encontro realizado na FIEMA com a participação de representantes da FIRJAN, Eneva, Gasmar e Governo do Estado, na tarde da última terça-feira (28/05), debateu o desenvolvimento da indústria de petróleo e gás no Maranhão, especialmente na Margem Equatorial do Brasil. A Margem Equatorial é uma área promissora no Arco Norte brasileiro. Duas de suas cinco bacias em águas profundas estão em território maranhense: bacia Pará-Maranhão e Barreirinhas, cujo potencial estimado é de 30 bilhões de barris de petróleo equivalente.
A reunião foi uma oportunidade para troca de experiências, destacando como a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) estruturou suas estratégias de construção de conteúdos e fortalecimento de relações com empresas e órgãos governamentais nos mercados de petróleo, gás natural, indústria naval e agora energia.
O vice-presidente executivo da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) e presidente do Conselho Temático de Desenvolvimento Industrial, Luiz Fernando Renner, ressaltou a importância do mercado de petróleo e gás que agora o Maranhão começa a participar inicialmente com os investimentos realizados e projetados pela Eneva na exploração de gás convencional e futuramente gás não convencional, que deverá alavancar ainda mais a produção maranhense no setor.
Parceria
“A presença da FIRJAN aqui é significativa, pois é uma federação já com expertise de muito tempo no atendimento ao setor industrial, ao setor empresarial e na qualificação de profissionais para esse segmento. Então, é uma experiência ímpar e nós esperamos estreitar ainda mais essa relação. A FIEMA está empenhada em preparar o setor empresarial para esse novo momento que vai acontecer, sendo apenas uma questão de tempo. Basta apenas que o IBAMA autorize a perfuração de dois poços nas bacias Pará-Maranhão e de Barreirinhas. A FIEMA e o SENAI estão preparados para qualificar fornecedores e trabalhadores”, antecipou Renner.
O diretor regional do SENAI-MA, Raimundo Arruda, lembrou que já existe uma parceria entre o SENAI-MA e o SENAI-RJ e que a ideia é ampliar o portfólio, especialmente na área de petróleo e gás que tem uma demanda crescente no estado. “Queremos trazer projetos ainda mais importantes para a capacitação de mão de obra e o consequente desenvolvimento do estado”, frisou Arruda.
O diretor-presidente da Gasmar, Allan Kardec Dualibe, participou da reunião por videoconferência. Kardec destacou a fase preliminar em que se encontra a exploração na região, mas ressaltou o potencial significativo que a área possui, especialmente com a perspectiva de exploração do novo “pré-sal” no Arco Norte. O potencial da Margem Equatorial no que se refere às bacias do Pará-Maranhão e de Barreirinhas, é calculado em 30 bilhões de barris de petróleo equivalente. A esse potencial, aliam-se a capacidade eólica e solar e perspectivas de produção de hidrogênio verde para agregar valor à economia, ao meio ambiente e à sociedade maranhenses.
José Reinaldo Tavares, titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos (SEDEP), trouxe uma visão estratégica sobre a importância da exploração da Margem Equatorial para o estado. Ele destacou que a exploração de petróleo e gás pode transformar a economia maranhense, criando um polo de desenvolvimento sustentável. Tavares também mencionou a necessidade de segurança energética, hídrica e alimentar, ressaltando que o Maranhão possui recursos naturais abundantes que podem ser aproveitados para impulsionar o seu crescimento econômico.
Além de diretores da FIEMA e presidentes de sindicatos patronais, participou da reunião com a FIRJAN o diretor da Eneva, Aurélio Amaral. Ele destacou a trajetória da empresa e seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e econômico do Maranhão. Amaral mencionou projetos ambiciosos, como a exploração de gás não convencional e a criação de um gasoduto que ligará Santo Antônio dos Lopes ao Porto do Itaqui, com investimentos que podem chegar a um bilhão de reais. “Com a exploração de gás e petróleo temos a oportunidade de mudar a história econômica e social do Maranhão. A FIEMA tem o papel de trazer essas discussões para seus associados, classe política e sociedade. Nós empenhamos nosso compromisso nesse sentido para além das questões econômicas, mas também de preparação de mão de obra e demais necessidades”, disse Amaral.
Expertise
A gerente de Óleo, Gás e Naval da FIRJAN, Karine Fragoso, debateu sobre o cenário atual e futuras colaborações entre a FIEMA, FIRJAN e os SENAIs do Maranhão e do Rio de Janeiro para preparar mão de obra qualificada e abrir novas frentes de negócios no estado. Karine ressaltou que esta deve ser a primeira de muitas visitas, promovendo maior interação entre o SENAI-MA e o SENAI-RJ. A ideia é que as duas unidades caminhem juntas para "a formação de mão de obra qualificada para esses mercados, buscando mais saúde e segurança para os trabalhadores dessa indústria, criando oportunidades de empregos e abrindo frentes para fornecedores e empresas que queiram investir no Maranhão", afirmou.
Karine enfatizou ainda a importância de criar um ambiente de negócios favorável e de estabelecer parcerias estratégicas para garantir o sucesso dos projetos no Maranhão. Ela acrescentou a necessidade de coordenação entre diferentes atores do mercado de petróleo e gás para mitigar riscos e garantir a sustentabilidade dos investimentos.
Mercado
A FIRJAN desempenha um papel crucial no mercado de gás natural, petróleo e indústria naval, com diversas iniciativas e mapeamentos que visam fomentar o desenvolvimento e a competitividade desses setores. O cenário desse mercado para 2024 é de 7 mil empresas mapeadas e 2,4 mil novos blocos de exploração. Atualmente, 88% da produção do Pré-Sal acontece no Rio de Janeiro, com 58% menos emissão de CO₂ que a média mundial. No estado, ocorre 72% da produção bruta de gás natural do Brasil e tem 2.400 fornecedores mapeados.
O mercado de petróleo e gás tem outras oportunidades e projetos, como potencial de integração de gás natural com tecnologias de Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS), especialmente em campos depletados, ou seja, não economicamente viáveis; envolvimento em projetos de energia eólica offshore e hidrogênio, além de petroquímicas e fertilizantes.
Em 2023, esse mercado recebeu R$ 2,7 bilhões investidos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), sendo 56% em exploração e produção, 20% em temas transversais como segurança, meio ambiente e novos materiais, e 14% em outras fontes de energia.
Entre 2023 e 2027, os royalties pagos aos municípios cariocas devem aumentar em mais de 20%. A região Leste Fluminense representa 60% dos royalties pagos aos municípios. Maricá deve receber cerca de R$ 18 bilhões, seguido por Saquarema, com R$ 11 bilhões, e Niterói, com R$ 9 bilhões. Os principais cursos demandados pata atuar nesse mercado são de sondador, corte e soldagem subaquática, operador de produção, automação industrial, manutenção elétrica, entre outros. Já os principais serviços são: análise de falhas, análises laboratoriais, consultorias e ensaios não destrutivos.
É consenso a importância de parcerias estratégicas como essa entre a FIEMA e a FIRJAN, a geração de aprendizado contínuo e a criação de um ambiente de negócios favorável para o desenvolvimento da exploração de petróleo e gás no Maranhão. Só assim será possível aproveitar todo o potencial energético da região, garantindo benefícios econômicos e sociais significativos para Maranhão.
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