Apurações

Após TCE, MPF monta ofensiva contra possíveis fraudes no EJA no Maranhão

Órgão solicitou à Corte de contas fiscalização exclusiva em 20 prefeituras maranhense.

Gilberto Léda/ipolítica

Atualizada em 09/04/2024 às 16h09
Gestões municipais podem estar criando matrículas fantasmas
Gestões municipais podem estar criando matrículas fantasmas (divulgação)

SÃO LUÍS - A Procuradoria da República no Maranhão (PR-MA) deu mostras, nas últimas duas semanas, de quem vai ampliar o cerco contra prefeitos que porventura estejam fraudando dados do Censo Escolar.

Desde o ano passado, gestões municipais são investigadas por estar supostamente inserindo dados falsos para aumentar o número de matrículas de alunos no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e, assim, garantir repasses indevidos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Leia mais:
Famem reage a auditoria do TCE que aponta possível fraude de R$ 195 mi no Fundeb
Relatório do TCE pode desencadear novas operações da PF em municípios do MA
PF realiza operação contra fraudes em licitações do FUNDEB

Nos últimos dias, a seção local do Ministério Público Federal (MPF) enviou ao Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA) uma lista de 20 municípios que devem ser fiscalizados quanto à possível ocorrência desse tipo de irregularidade.

São eles:
Matões do Norte
Milagres do Maranhão
Pastos Bons
Água Doce do Maranhão
Aldeias Altas
Centro do Guilherme
Carolina
Santana do Maranhão
Afonso Cunha
Amapá do Maranhão
Magalhães de Almeida
Araguanã
Cândido Mendes
São Francisco do Maranhão
Lajeado Novo
Paulo Ramos
Pedro do Rosário
Coelho Neto
Brejo
Turilândia

Em novembro do ano passado o TCE-MA já havia finalizado uma fiscalização de matriculas de alunos informadas por dez prefeituras maranhenses.

A apuração ocorreu nos municípios de Santa Quitéria, São Bernardo, Serrano do Maranhão, Bacuri, Igarapé do Meio, Maranhãozinho, Satubinha, Santa Quitéria do Maranhão, Pio XII, Altamira do Maranhão e Zé Doca.

Bloqueio - Na semana passada, pelo mesmo motivo – e também após ação do MPF -, o juiz federal Clodomir Reis, titular da 3ª Vara Federal Cível do Maranhão, determinou o bloqueio de R$ 2,5 milhões de uma conta específica do Fundeb do Prefeitura de São Bernardo.

De acordo com a denúncia, o Município informou no Censo Escolar que havia 6.048 matriculados em 2023 no programa. Desse total, no entanto, somente 6,6% efetivamente cursam o EJA. Já nesta semana, o MPF abriu um inquérito civil para apurar suposta fraude no EJA na cidade de Serrano do Maranhão.

Fraude? - A série de fiscalizações e auditorias sobre possíveis fraudes no Maranhão começou no fim do ano passado, após o Imirante repercutir um levantamento da Folha de S. Paulo apontando que pelo menos três prefeituras do Maranhão estariam em uma lista de suspeitas de inflar números de matriculados no EJA.

Leia mais: Deputado diz que cidade suspeita de fraudar matrículas é "modelo"

Segundo a publicação, 108 cidades tiveram grande variação na quantidade de matrículas no programa de 2021 a 2022 e que informaram ter mais de 10% da sua população na modalidade. Três eram maranhenses: Santa Quitéria, Amapá do Maranhão e Serrano do Maranhão.

De acordo com os dados informados pelas próprias gestões municipais, em Santa Quitéria 23,2% da população está matriculada em alguma turma de EJA. Em Serrano, 17,2%; e em Amapá do Maranhão, 12,7%.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.