“Fui diagnosticada aos 18 anos, após uma série de convulsões que me deixaram confusa e assustada. Desde então, minha vida mudou completamente”. É assim que a jornalista Ana Maria Silva, 32, descreve a sua relação com a epilepsia, doença com a qual convive há muitos anos. De acordo com o Ministério da Saúde, o problema acomete cerca de 2% da população brasileira e pelo menos 50 milhões de pessoas em todo o mundo. A data de 26 de março marca o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia. A iniciativa serve para aumentar a compreensão sobre essa condição neurológica e apoiar aqueles que convivem com ela.
Para Ana Maria, o diagnóstico afetou todos os aspectos da vida, como o trabalho, as relações pessoais e as atividades do dia a dia. “O estigma em torno da epilepsia muitas vezes me faz sentir isolada e incompreendida. Mas estou determinada a não deixar a doença me definir. A educação e a conscientização são fundamentais para quebrar os estereótipos e oferecer apoio adequado às pessoas que vivem com epilepsia", afirma.
Sintomas
De acordo com os especialistas, a epilepsia é uma condição neurológica em que, durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, causando crises que podem se manifestar em convulsões ou outros sintomas, como movimentos incontroláveis do corpo, espasmos musculares, perda de consciência, confusão mental, sensações estranhas, como cheiros, sabores ou sensações táteis incomuns, além de lapsos temporários de memória.
O neurologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Luciano Lobão Salim Coelho, explica que com a evolução dos estudos sobre essa condição médica, o diagnóstico é cada vez mais precoce. “Com mais acesso às informações, as pessoas conseguem suspeitar da doença e procurar o neurologista, para o diagnóstico e o tratamento correto”, afirma.
Foi o caso de Ana Maria, que classifica a primeira crise como assustadora. “Quando tive meu primeiro episódio de convulsão, foi assustador tanto para mim quanto para minha família. A incerteza do que estava acontecendo e o estigma em torno da epilepsia tornaram tudo ainda mais difícil”, compartilha.
Ana relata como as convulsões afetaram sua vida cotidiana. “No início, eu tinha medo de sair de casa, com medo de ter uma convulsão em público. Mas ao longo do tempo e com o tratamento correto, aprendi a lidar com a minha condição e não deixar que ela defina quem eu sou”, afirma.
Tratamento
Para o neurologista, o preconceito e os estigmas sociais em relação à doença ainda são os principais obstáculos ao tratamento correto. “Em algumas situações, existe ainda uma certa dificuldade e até medo de procurar um médico. Mas eu acredito que isso também, com o avanço da informação, vem diminuindo cada vez mais” pontua o especialista.
Na maioria das vezes, o tratamento envolve medicamentos. A boa notícia é que o acesso a eles está mais fácil. “Os medicamentos são a cada dia mais de amplo espectro e de maior eficácia. Isso significa que pacientes que antes tomavam dois ou três medicamentos podem tomar apenas um e controlar a doença de forma mais fácil”, avalia. O neurologista explica ainda que cerca de 70% dos casos de epilepsia são considerados de fácil controle, em que os pacientes conseguem ter uma vida completamente normal. “A chave é o tratamento e o acompanhamento médico constantes”, reforça.
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