Caos financeiro

Mais da metade das prefeituras do MA está com as contas no vermelho

Dados são de estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios.

Ipolítica

Atualizada em 30/08/2023 às 15h12
No mesmo período de 2022, situação era favorável a municípios
No mesmo período de 2022, situação era favorável a municípios (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

SÃO LUÍS - Um estudo divulgado nesta semana pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que mais da metade das prefeituras maranhenses estão atualmente com as contas no vermelho.

Segundo dados contábeis da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) compilados pela entidade municipalista, 58% das 111 prefeituras que enviaram informações apresentaram mais despesas que receitas no primeiro semestre de 2023 (leia aqui a íntegra do estudo).

“No mesmo período de 2022, a situação fiscal era favorável, posto que somente 6% das cidades estavam em déficit. Essa mudança repentina de cenário, de 2022 para 2023, é explicada especialmente pelo pequeno crescimento das transferências – decorrente do represamento do pagamento de emendas e pela redução de cota-parte do ICMS – e a expansão generalizada do gasto público, em especial das despesas de custeio, que é a manutenção da máquina pública”, diz a entidade.

Nesta quarta-feira (30), por conta de problemas financeiros, prefeituras de todo o Maranhão iniciaram uma mobilização marcada por uma paralisação de serviços.

Segundo os dados preliminares da STN, para o terceiro bimestre, para 193 dos 217 Municípios maranhenses, a poupança municipal – entendida como a diferença das receitas e despesas – caiu 98% no primeiro semestre de 2023 comparada ao mesmo período de 2022, passando de R$ 1,7 bilhão para aproximadamente R$ 35 milhões. Se nos primeiros seis meses de 2022 somente 21 cidades incorriam em déficit, neste ano já são 111 cidades (mais de 5 vezes a quantidade do ano anterior).

“A piora do resultado fiscal tem levado a um maior comprometimento das receitas com despesas típicas para o funcionamento das prefeituras – como pessoal e o custeio da máquina pública. No primeiro semestre de 2022, a cada R$ 100 arrecadados, R$ 81 eram destinados para despesas correntes. No primeiro semestre desse ano, no entanto, a situação piorou consideravelmente, com a elevação para R$ 93 a serem destinados para as despesas correntes”, avalia a CNM.

Alternativas à crise

O entendimento da Confederação é o de que o atual momento de crise “é resultado de um contínuo processo de deterioração do Pacto Federativo. Nos últimos anos, os Municípios cada vez mais têm sofrido com a imposição de novas despesas – determinadas pelo Congresso ou pela criação de programas federais pelo Poder Executivo – sem a devida fonte de
financiamento”.

“O congelamento dos valores do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) – corroídos pela inflação desde 2018 – obrigam os gestores municipais a custearem uma parcela cada vez maior do transporte escolar, aumentando as suas despesas de custeio. O atraso no envio de emendas parlamentares para a área de saúde – mesmo as de caráter impositivo – também obriga os gestores a elevarem despesas de custeio para a manutenção do serviço público que é essencial à população. O reajuste piso do magistério possui efeito similar, ao obrigar a elevação dos gastos de pessoal das prefeituras”, acrescenta o estudo.

Segundo a CNM, duas proposta podem ser alternativas viáveis a crise atual: a aprovação na Câmara dos Deputados, da PEC 25/2022, que criará o adicional de 1,5% do FPM para o mês de março, o que garantiria aos Municípios do Estado mais de R$ 487 milhões; e a aprovação do PL 334/2023, que reduzirá o recolhimento de alíquotas patronais ao INSS de 20% para 8%.

“O projeto [PL 334/2023] já foi aprovado no Senado e agora está na Câmara dos Deputados. A sua aprovação significará recursos adicionais imediatos para os prefeitos, que deixarão de recolher 60% dos valores atualmente enviados ao INSS. Essa medida deve injetar anualmente até R$ 291 milhões. A ampliação da reforma da previdência da União para os Municípios (PEC 38/2023) terá o potencial de reduzir consideravelmente as alíquotas recolhidas pelos RPPSs municipais, liberando recursos da gestão municipal”, conclui o estudo.

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