Rede de apoio

Rita Lee e Roberto de Carvalho: como a proximidade de entes queridos pode ajudar no caso de uma doença grave

Unidos pessoal e profissionalmente, o casal enfrentou os tratamentos contra o câncer de pulmão de Rita.

Publispot / Hapvida

Atualizada em 25/05/2023 às 16h17
A rede de apoio da família, de amigos e até de outros relacionamentos é essencial na rotina de quem atravessa momentos difíceis por alguma doença grave.
A rede de apoio da família, de amigos e até de outros relacionamentos é essencial na rotina de quem atravessa momentos difíceis por alguma doença grave. (Foto: Reprodução)

SÃO LUÍS - “Entre corações que tenho tatuados, de você me lembro mais, de você não esqueço jamais”. Assim como na letra da famosa canção Minha Vida, a cantora Rita Lee, que faleceu no dia 8 de maio, também pôde contar com um grande parceiro ao longo de quase cinco décadas: o guitarrista Roberto de Carvalho. Unidos pessoal e profissionalmente, o casal enfrentou os tratamentos contra o câncer de pulmão de Rita. Essa parceria do casal acende um holofote sobre um questionamento: afinal, permanecer próximo de quem se ama pode ajudar em um processo de doença?

A rede de apoio da família, de amigos e até de outros relacionamentos é essencial na rotina de quem atravessa momentos difíceis por alguma doença grave. Segundo a psicóloga Débora do Santos, do Hapvida NotreDame Intermédica, essa proximidade é importante desde o início do processo, no momento de descoberta e aceitação de um câncer, por exemplo. “Uma notícia de câncer faz com que o paciente entre em um processo de luto. Isso não significa que ele morrerá, mas que deve aceitar que perdeu saúde e que precisará aderir a um tratamento muitas vezes invasivo e difícil, com efeitos colaterais. Tendo esse apoio, ele se sentirá menos desamparado”, explica.

O isolamento, comportamento que tende a surgir nesse contexto de doenças mais delicadas, acaba afastando pessoas do convívio diário. A psicóloga ressalta que cabe a essa rede de apoio ter sensibilidade para perceber essa mudança. “Quando o paciente se afasta, nem sempre significa que ele queira ficar sozinho, mas é como se ele não quisesse dar trabalho, nem que as pessoas sofressem por sua causa. Por isso, é preciso identificar esse retraimento e não desistir de oferecer companhia e ajuda. O acompanhamento psicológico também é muito importante”, afirma.

Como se aproximar positivamente?
A especialista conta que existem estratégias para suavizar a trajetória da pessoa, que podem melhorar e potencializar os tratamentos. “Ajudá-lo a ter ativação comportamental, como sair da cama, fazer algum tipo de atividade física, ter momentos de lazer, desfocando a atenção da doença em si, são ações bem-vindas”, destaca.

O estímulo à criatividade também é uma opção interessante nesse processo. “Pinturas de quadros, escrever um diário ou uma biografia, abrir um canal no YouTube, são estratégias que podem ajudar o paciente a desfocar do processo de adoecimento, concentrando-se em questões que ele mesmo pode ensinar sobre sua caminhada”, afirma a profissional.


Além disso, é importante estar atento a como não agir diante de um paciente em condições delicadas, para não promover um efeito adverso e negativo. “Ficar perguntando o tempo todo sobre a doença, visualizando a pessoa com pena, como se já estivesse sentenciada à morte, chorando. É preciso estimulá-lo a sair da emoção negativa, que já vem naturalmente nessa fase. Sabemos que um minuto de emoção negativa, como raiva ou medo, desequilibra e desorganiza nosso sistema imunológico, dificultando muito mais a recuperação da saúde”, finaliza a psicóloga.

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