SÃO LUÍS - O pouso do Boeing 747/400 - jumbo, da companhia norte-americana National Airlines, no aeroporto de São Luís, no último sábado (3), chamou a atenção de muitos apaixonados pela aviação e por quem passava pelas proximidades do aeroporto. O avião trouxe em seu interior uma carga valiosa para a ciência e o mercado espacial brasileiro.
Vindo de Seul, capital da Coreia do Sul, o cargueiro trouxe para o Maranhão peças do HANBIT-TLV, um foguete híbrido de 15 toneladas e de impulso de estágio único, com altura de 16,3 metros, um metro de diâmetro e peso de 9,2 toneladas, de propriedade da INNOSPACE - primeira companhia aeroespacial privada a operar no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
Todo o processo de nacionalização do carregamento foi realizado no Terminal de Cargas do Aeroporto de São Luís, que possui capacidade para o manuseio de diferentes tipos de cargas; área segregada para armazenamento de produtos restritos (perigosos); câmara fria para armazenamento de produtos congelados e resfriados.
A movimentação da carga foi iniciada imediatamente após o balizamento do gigante cargueiro no pátio do aeroporto que há cerca de um mês recebeu outra aeronave rara de se ver em operação pelo Nordeste, o Boeing 757-200. O desembaraço da carga contou com força-tarefa especial, montada pela CCR Aeroportos (que administra o terminal aéreo de São Luís), que atuou em parceria com a transportadora acionada pela Innospace para fazer o transporte das peças até Alcântara, a AGS Global Logistics.
Jaison Mello, Gerente Executivo dos Aeroportos CCR no Nordeste, destaca que a operação aconteceu após um planejamento de meses que pautou todos os pontos logísticos para que a carga pudesse ser transportada da Coreia do Sul para o Maranhão sem qualquer intercorrência. Além disso, reforçou o compromisso da CCR Aeroportos em atuar para fortalecer a mobilidade de pessoas e o transporte de cargas nacionais e internacionais no Maranhão, assim como em todas as suas unidades pelo país.
“Essa é uma operação de vários meses de planejamento, onde a CCR Aeroportos preparou a estrutura, fez o treinamento do time e demais adequações necessárias, inclusive aprovações junto ao órgão regulador, para que a operação fosse realizada com toda segurança necessária”, destaca Mello. “O sucesso dessa operação endossa o Aeroporto de São Luís como uma importante base para transporte de cargas internacionais, de grande valor e peso elevado, através de uma aeronave que ainda não tinha operado no Maranhão”.
A Gerente Executiva de Cargas da CCR Aeroportos, Maria Fan, também destaca que a operação é resultado de um empenho da concessionária em ampliar as operações no Terminal de Cargas do Aeroporto de São Luís. “A CCR Aeroportos vem trabalhando junto ao mercado para ampliar as operações aéreas cargueiras e liberação alfandegária das mercadorias diretamente nos vários aeroportos internacionais onde atua, proporcionando maior agilidade, conveniência e segurança para os importadores locais, evitando as conexões aéreas e rodoviárias, como nesta operação da INNOSPACE”.
Foguete HANBIT-TLV
A importação do HANBIT-TLV para futuro lançamento a partir da base espacial de Alcântara (MA) é fruto de um contrato assinado pela Força Aérea Brasileira (FAB) com a INNOSPACE, onde ficou expresso a disponibilização de bens e serviços para lançamentos de veículos espaciais a partir da área 1, conhecida como área da SISPLAT/VLS do CLA.
O contrato é consequência do Edital de Chamamento Público nº 02/2020 da Agência Espacial Brasileira (AEB), de 22 de maio de 2020, e possui vigência de cinco anos, podendo ser prorrogado por até igual período. O primeiro voo de teste suborbital deve validar o motor do primeiro estágio do HANBIT-Nano, o menor veículo lançador da empresa sul-coreana, capaz de carregar uma carga útil de 50 kg. O planejamento é que o foguete atinja uma altitude de 100 km e caia em alto mar.
Élcio Jeronimo de Oliveira, Diretor de Negócios da INNOSPACE do Brasil, declara que a operação é histórica para a empresa. “A INNOSPACE está muito orgulhosa e esperançosa em iniciar as atividades comerciais de exploração espacial a partir do território brasileiro, especificamente de Alcântara-Maranhão. A chegada de nosso foguete, o HANBIT-TLV, é a marca indelével dos inúmeros desafios logísticos e tecnológicos superados para a realização dessa histórica operação. Agradecemos a todos os nossos parceiros e, em especial, a CCR Aeroportos de São Luís, que sempre esteve conosco na formatação desse complexo processo”.
Boeing 747-400 no Maranhão
De acordo com registros históricos, essa é a primeira vez que um Boeing 747-400 pousa na pista do Aeroporto Internacional de São Luís. Trata-se de uma aeronave a jato usada no âmbito civil e militar para transporte de passageiros e de carga, referida com frequência como Jumbo Jet ou Queen of the Skies (Rainha dos Céus). A sua corcunda na parte superior frontal da fuselagem faz com que seja uma das aeronaves mais reconhecíveis do mundo, sendo também a primeira do gênero produzida em massa.
Fabricada pela Boeing nos Estados Unidos, a versão original do 747 tem duas vezes e meia mais capacidade de passageiros que o Boeing 707, um dos grandes aviões comerciais dos anos 1960. Efetuando o seu primeiro voo comercial em 1970, o 747 ostentou o recorde de capacidade de passageiros (que pode chegar a uma média de 400 por voo) durante 37 anos. Quanto à sua capacidade para o transporte de cargas, o gigante pode transportar cerca de 130 toneladas por viagem.
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