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COLUNA

Allan Kardec
É professor universitário, engenheiro elétrico com doutorado em Information Engineering pela Universidade de Nagoya e pós-doutorado pelo RIKEN (The Institute of Physics and Chemistry).
Coluna do Kardec

Então... é Natal?

Uma crônica sobre o mundo da inovação que aconteceu em 2022.

Allan Kardec

Atualizada em 02/05/2023 às 23h38
 
 

Galinha ao molho pardo. No almoço. Esse era o cardápio lá em casa, de Seu Kardec e Dona Clesemir. Nada de ficar acordado às 12h da noite. Os outros ainda iam à missa do Galo (soube desse nome depois, por causa de Machado de Assis). Mas nós, parte espírita e outra agnóstica, iria fazer o que à meia-noite na Igreja Matriz? 

Era Grajaú, década de 70 do século passado.

E esta semana foi noticiado que a IBM lançou seu computador quântico mais poderoso com 433 qubits. Ou seja, o processo que chamamos de Revolução 4.0 está acontecendo: só que em um aspecto nunca antes visto: o surgimento da informação como desestabilizadora da História!

Já me explico, mas antes vamos tentar entender o que são “qubits”, ou bits quânticos. Bit é a medida de informação de nossos computadores ou celulares – que são, no fundo, computadores. Sempre perguntamos, quando vamos comprar, se são, por exemplo, 128 ou 256 megas, de megabytes. Esse mega é uma medida de um milhão de vezes. Ou seja, não é um conceito fora de nosso dia a dia.

Os qubits não são um conceito que não conheçamos, que não tenhamos ouvido falar. Das religiões, conhecemos o conceito de trindade, por exemplo. Que ora se manifesta como Pai, como Filho ou como Espírito. O qubit é algo similar, mas só que em dupla: ele pode ser zero ou um ao mesmo tempo, mas quando medimos, ele se manifesta.

O fato de estar ao mesmo tempo em dois estados multiplica extraordinariamente o poder computacional dessas novas máquinas! Se sua máquina tem 1 megabyte, seu computador quântico vai precisar somente de 23 qubits! É esse o cálculo! Da mesma forma, 1 gigabyte – que são mil megas – serão só 33 qubits, enquanto 1 terabyte – que são mil gigas – serão só 43 qubits. Essa é a conta que devemos fazer para o que a IBM conseguiu: 433 qubits! Agora imagina como ficarão os celulares do futuro!

Falando do futuro, a Time desta semana está um arraso! Uma coletânea denominada “As melhores invenções de 2022 – 200 inovações mudando a forma como vivemos”. Acessibilidade, inteligência artificial, energia verde, metaverso, fitness, bem-estar e por aí vai. Um mundo de inovações e revolução!

Claro que não vai dar para falar das 200 aqui, mesmo porque Clóvis Cabalau não me deixaria... Brincadeira. Mas citaria algumas. Até recentemente, encontrar a estrutura 3D exata de uma única proteína levava cerca de cinco anos. Hoje, a mesma tarefa é possível em segundos graças ao programa de inteligência artificial denominado AlphaFold, desenvolvido pela DeepMind, subsidiária da trilionária Alphabet.

Outra. O programa DALL-E 2 democratiza o poder da inteligência artificial de uma maneira bem divertida. Como um gênio da lâmpada, basta digitar o que você quer que apareça – digamos, “Astronauta montado em um cavalo” – e o mecanismo de IA desenvolvido pela OpenAI gera uma imagem.

Enfim, tenho falado neste espaço que vivemos uma revolução, a 4.0. Ela é bem diferente da primeira, ou 1.0, onde foi inventada a máquina a vapor. As outras duas foram igualmente baseadas em energia, algo que é palpável. Esta que vivemos é baseada em informação que, ao contrário da energia ninguém consegue pegar nem carregar no tanque de um carro como gasolina. É algo mais sofisticado: é a medida de surpresa. Diga-me se você não ficou surpreso com o AlphaFold e o DALL-E 2? Pois é. Vai lá já página da revista que tem mais!

Você deve estar se perguntando: mas e o Natal? Bem, as empresas deixam sempre para fazer anúncios bons no final do ano. A IBM foi um caso, a matéria da Time também. Além de nos incentivar a comer peru à meia-noite, em vez de galinha a molho pardo no dia seguinte.

*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.

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