Transporte público

Greve de ônibus na Grande São Luís chega ao fim após 43 dias

Transporte público volta ao funcionamento normal nesta quinta-feira (31).

Imirante.com

Atualizada em 30/03/2022 às 23h33
Chegou ao fim a greve no transporte público da Grande São Luís,
Chegou ao fim a greve no transporte público da Grande São Luís, ((Foto: Paulo Soares / Grupo Mirante))

SÃO LUÍS - Após 43 dias, a greve no transporte público da Grande Ilha de São Luís foi encerrada na noite desta quarta-feira (30). Em audiência de mediação realizada na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (TRT-MA), em São Luís, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) chegaram a um acordo para que os rodoviários tenham reajuste salarial de 8%, pouco mais da metade do que a categoria reivindicava no início da paralisação. A audiência contou ainda com a presença de representantes do município de São Luís.

De acordo com o que foi definido na audiência de mediação, o município de São Luís vai subsidiar o reajuste salarial dos rodoviários, que inclui ticket alimentação e plano de saúde, por meio da manutenção do pagamento referente ao Cartão Cidadão, no valor de R$ 1,5 milhão. Em seus perfis nas redes sociais, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, falou sobre o encerramento da greve no transporte público na Grande Ilha.

"Pessoal, a greve de ônibus acabou, e foi com uma ação da Prefeitura na Justiça do Trabalho. A boa notícia é que a greve acabou sem aumento de passagem e sem demissão de cobradores. E também com o nosso empenho, garantimos os recursos necessários para o reajuste dos rodoviários. Ah, e os ônibus já começam a rodar amanhã (quinta-feira). Eu tô pronto, e com vocês!", afirmou Braide.

Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) confirmou o fim da greve e comemorou o acordo.

“Depois de todos esses meses de intensas negociações e a deflagração de um movimento grevista que durou mais de 40 dias, chegamos a um percentual, em que poderíamos sentar retomar as discussões. De fato, 8% de reajuste nos salários e no ticket, não é o ideal, mas sem dúvida, não deixa de ser uma importante conquista, já que durante todo esse tempo, não tínhamos a garantia nem de 1% de aumento em nossos salários. A luta foi difícil, foi árdua, inclusive, com mandados de prisão expedidos para toda a diretoria do nosso sindicato, mas mesmo diante de todas essas situações, conseguimos garantir o nosso reajuste. Essa vitória é de todos nós, companheiros!”, afirmou Marcelo Brito, presidente do Sttrema.

Nenhum ônibus circulou na Grande São Luís entre terça-feira (29) e quarta-feira (30). Por falta de acordo entre rodoviários e empresários, foi deflagrada, pela segunda vez neste ano de 2022, a paralisação total da frota, que estava operando de forma reduzida após decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (TRT-MA).

O cenário, que já era complicado para os usuários do transporte público, ficou ainda pior nos últimos dois dias: quem precisou se dirigir ao trabalho, por exemplo, recorreu a outros meios de locomoção pela cidade, como vans, mototáxi ou serviço de transporte por aplicativo.

O Sindicato dos Rodoviários do Maranhão informou que a paralisação geral da categoria foi mantida por falta de avanço nas negociações entre empresários e os trabalhadores rodoviários. O Sttrema explica que, durante esse período, cumpriu as decisões judiciais, mantendo inclusive, o mínimo de 60% da frota de ônibus em operação em toda a Grande São Luís. Na última audiência de conciliação, no TRT-MA, em 18 de março de 2022, a questão foi encaminhada para julgamento, já que mais uma vez, não houve entendimento entre as partes.

Além disso, o Sindicato dos Rodoviários afirmou em nota que “não tem interesse algum em causar transtornos a população, mas apelar para a greve foi a única alternativa que restou, para que o rodoviários tivessem os seus direitos respeitados e garantidos pelos empresários”.

Greve

Os rodoviários de São Luís deflagraram uma greve geral do transporte público da Grande Ilha de São Luís nas primeiras horas do dia 16 de fevereiro. O Sttrema alega que não chegou a um acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (SET): além do reajuste de 15% nos salários, os rodoviários reivindicam um ticket-alimentação de R$ 800, inclusão de um dependente no plano de saúde, regularização dos salários atrasados e emprego assegurado para os cobradores de ônibus.

Na semana anterior ao início da greve, em audiência no Ministério Público do Trabalho do Maranhão (MPT- MA), os empresários fizeram uma proposta para os trabalhadores de conceder reajuste salarial de 5%, mediante a demissão de todos os cobradores do sistema. A proposta foi considerada desrespeitosa pela categoria, que alega que o percentual oferecido não chega nem próximo das perdas inflacionárias sofridas no decorrer do último ano e que está fora de cogitação qualquer possibilidade de demissão de trabalhadores do sistema.

Suspensão da greve

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) confirmou, em Assembleia Geral realizada no dia 19 de fevereiro, a suspensão da greve no transporte público da Grande Ilha de São Luís. Em ofício encaminhado ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) e assinado pela advogada Valuzia Maria Cunha Santos, o Sindicato dos Rodoviários disse que continuará buscando a solução dos conflitos sobre reajuste salarial e solicitou uma reunião com o SET.

A nota do Sindicato dos Rodoviários repudiou ainda a ação de guardas municipais, que conduziram três membros da diretoria do Sttrema para a Superintendência da Polícia Federal no dia 19 de fevereiro. "Esses agentes públicos não possuem poder de polícia. A atividade deles se resume a segurança patrimonial municipal, o que não era o caso", criticou o sindicato.

Com a decisão do Sttrema, os veículos do transporte público da Grande Ilha de São Luís voltaram a circular no dia 19 de fevereiro, após quatro dias de greve. A informação foi confirmada pelo prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PODEMOS), em seus perfis nas redes sociais.

A medida atendeu a uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (TRT-MA), determinando que a Prefeitura de São Luís e o SET garantissem o funcionamento regular do transporte público na Grande Ilha de São Luís em até 48 horas.

Aumento no preço das passagens

Um novo aumento no preço das passagens do transporte coletivo urbano da capital maranhense foi anunciado no dia 25 de fevereiro, pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte de São Luís (SMTT). O aumento anunciado foi de R$ 0,20 no preço das tarifas das linhas não integradas e integradas.

Com o novo aumento no preço das passagens do transporte público coletivo, a tarifa das linhas não integradas (aquelas que não entram nos terminais) passa a ser de R$ 3,40, e as integradas, agora, têm valor de R$ 3,90. O reajuste começou a valer no dia 27 de fevereiro.

Auxílio prorrogado

No dia 14 de fevereiro, o prefeito Eduardo Braide anunciou a prorrogação, por mais dois meses, do auxílio emergencial ao setor do transporte público da capital. O auxílio, a ser repassado nos meses de fevereiro e março, será de R$ 2,5 milhões (auxílio direto) e mais R$ 1,5 milhão, por meio do programa “Cartão Cidadão”.

A prorrogação foi efetivada no início do mês de fevereiro, segundo a Prefeitura de São Luís. O auxílio emergencial ao setor do transporte público foi anunciado no fim de 2021.

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