Dia do Idoso

Geriatra dá orientações sobre como cuidar de um idoso dependente

“O ambiente familiar é o melhor lugar”, afirma a geriatra Mariany Oliveira.

Liliane Cutrim/Imirante.com*

Atualizada em 27/03/2022 às 11h39
(Foto: Jonas Sakamoto/Imirante.com)

SÃO LUÍS – No dia 1º de outubro é comemorado o Dia Internacional do Idoso, uma referência à criação do Estatuto do Idoso, que foi aprovado em 1º de Outubro de 2003.

Segundo o IBGE, o Brasil tem, atualmente, mais de 23 milhões de idosos, o que representa 13% da população e é uma prova de que aumentou a expectativa de vida do brasileiro, que hoje passa dos 73 anos.

Um dado bem interessante também, é que no país 4,5 milhões das pessoas com mais de 60 anos estão no mercado de trabalho. Mas, por outro lado, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, 6,8% dos idosos têm limitações para realizar atividades de vida diária, como comer, tomar banho, ir ao banheiro, vestir-se, andar em casa de um cômodo para outro e deitar-se. E esses idosos precisam muito de cuidados para poder ter qualidade de vida. É sobre esse assunto que nós conversamos com a geriatra Mariany Oliveira.

Imirante.com – Doutora Mariany, o que vem a ser um idoso dependente?

Geriatra Mariany Oliveira – O idoso dependente é um idoso com dificuldades em realizar suas atividades básicas de vida diária sozinho. Atividades que a gente costuma definir como as funções de autocuidado como trocar de vestimenta, usar o banheiro para higiene pessoal e tudo mais que envolve o autocuidado. O idoso dependente pode ter também dificuldades nas atividades instrumentais de vida diária como o uso do seu dinheiro, como tomar suas medicações, como preparar e trabalhar as questões domésticas, transporte, viagens, compras, etc. Desse modo, dependendo do nível de intervenção do dia a dia podemos definir se o idoso é mais dependente ou menos dependente.

Imirante.com – Quais são as principais causas de dependência dos idosos?

Geriatra Mariany Oliveira - Existe todo um complexo de fatores que vão contribuir para que o idoso tenha uma dependência funcional. As comorbidades, as síndromes geriátricas como quedas, as síndromes demenciais como a depressão, as insuficiências de maneira geral, as insuficiências sociais, as síndromes de mobilidade. Então, são vários fatores e problemas que vão contribuir para que esse idoso se torne incapaz. Aí vem a importância da identificação precoce desse problema.

Imirante.com ­- Quais os cuidados necessários nesses casos?

Geriatra Mariany Oliveira - Primeiro o idoso deve ser avaliado para ver quais problemas ele tem, para evitar até a iatrogenia, que é o efeito de medicamentos inadequados, no caso os efeitos colaterais. Quem trabalha com idoso vai acabar identificados esses problemas. E esse trabalho tem que ser interdisciplinar, o médico sozinho não consegue fazer essa abordagem. Cada síndrome tem que ter um tipo de atenção e o tratamento multifatorial é que realmente vai ajudar na proteção desse idoso. Outro fator importante é a reabilitação física para que o paciente mantenha ou ganhe massa muscular, além de respeitar a autonomia do idoso, não alterando o ambiente físico em que ele vive, por exemplo. Enfim, é um trabalho conjunto para que ele viva da melhor maneira possível.

Imirante.com - As casas de repouso são adequadas para oferecer esse tratamento?

Geriatra Mariany Oliveira - A história dessas casas de repouso que a gente chama hoje de instituições de longa permanência, antigos asilos, veio mudando ao longo da história da medicina e é diferente a realidade brasileira dos países desenvolvidos e a gente ainda está muito longe de centros que respeitem a autonomia do idoso. O livro “Mortais” fala muito dessa realidade de envelhecimento e sobre essas casas de repouso, eu indico essa leitura para ampliar o conhecimento sobre esse assunto. A gente ainda está muito longe do ideal, geralmente se quer impor as regras do centro e é difícil lidar com esse momento em que o idoso tem dificuldades de autocuidado, por isso a gente tem que respeitar a autonomia dele. A grande questão hoje é tentar trabalhar na atenção domiciliar, a casa, o ambiente familiar é o melhor lugar. Não é barato, exige um cuidador ou alguém da família que se disponha a cuidar desse idoso, é complicado. Mas o cuidador precisar buscar o conhecimento de como agir adequadamente em relação ao seu idoso. O cuidado domiciliar quando humanizado e adequado é o cuidado fundamental. Vamos identificar cada família e reconhecer cada realidade para ver o que é o melhor para cada caso.

Imirante.com ­- Em caso de idosos que ainda não chegaram ao nível de dependência, o que fazer para que eles continuem tendo uma vida independente?

Geriatra Mariany Oliveira - Não tem segredo nem pílula milagrosa para manter uma saúde mental na velhice, aqui vem a questão genética, pois cada um tem a sua e isso é determinante. Mas a mudança no estilo de vida é fundamental. Então, cuide do seu cérebro, aprenda, estude, cuide do seu coração e faça exercícios físicos de forma orientada, obedecendo as limitações de cada um. E, claro, mantendo cuidando do emocional, trabalhando, indo a grupos de idosos, grupo de convivência. Esse idoso tem que ficar ativo, socialmente e mentalmente. Cuide do seu sono, cuide do seu lado espiritual, pois cada vez mais vemos a importância desse cuidado, principalmente no envelhecimento, diante da finitude e das limitações da vida.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.