Dor sem fim

Mãe desabafa: "A perda de um filho ninguém esquece"

Pesquisa mostra que morrem mais negros do que brancos no Brasil.

Neto Cordeiro/Imirante.com*

Atualizada em 27/03/2022 às 11h43

SÃO LUÍS - A dor de enterrar um filho. "É uma ferida que não tem remédio para sarar", explica a mãe de uma jovem assassinada na capital maranhense. "Não tem como esquecer. A perda de um filho ninguém esquece". O relato é de Ana Maria Barros, 43 anos, que prefere ter sua imagem preservada. A filha Ingrid, de 18 anos, foi morta em junho de 2012 por duas jovens na avenida Ferreira Gullar.

Segundo Ana Maria, as garotas já tinham brigado na escola. "Quando cheguei em casa a vizinha disse: 'mataram tua filha, agorinha'", relembra. A vítima era filha única e deixou uma criança de um mês na época; hoje, com 3 anos. Ana Maria tira o sustento de uma banca instalada no bairro do São Francisco, há 22 anos. "Sempre sustentei ela dessa banca. Ela já estava terminando os estudos", lamenta.

A história se enquadra em uma pesquisa que comprova que morrem mais negros do que brancos no Brasil. Segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade, os jovens negros têm 2,6 mais chances de morrer do que os brancos. A pesquisa foi encomendada pelo governo federal ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O risco de os adolescentes e jovens de 12 a 29 anos sofrerem violência aumenta quando o fator desigualdade racial é levado em conta. A média se refere a 2012, último ano em que há dados consolidados, e mostra pequeno aumento em relação há cinco anos. Em 2007, o risco nacional era 2,3.

Segundo o Mapa da Violência 2014, atualmente, os homicídios são a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dos mais de 55 mil homicídios, estima-se que quase 80% foram de negros. O gráfico, abaixo, mostra os dados referentes a este cenário em São Luís.

 Arte: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Arte: Neto Cordeiro/Imirante.com.

*Com informações da Agência Brasil

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