Rios

Poluição e assoreamento prejudicam rios de São Luís

A professora Ediléa Dutra fala ao Imirante.com sobre o assunto.

Ana Beatriz e Neto Cordeiro/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h49

SÃO LUÍS – Bairros cortados por rios. Pontes erguidas sobre águas escuras. A vitalidade de grandes avenidas contrasta com a passagem lenta do rio abandonado. Este é o retrato de regiões da capital maranhense, que não souberam valorizar suas riquezas naturais. O Imirante.com conversou com a professora Ediléa Dutra, do departamento de Geociência da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que tem pesquisas na área.

Ela explica que a ilha possui quatro bacias importantes: a do rio Bacanga, a do rio Anil, a bacia do rio Paciência e a do Tibiri. A pesquisadora cita, ainda, algumas características dos rios da capital (Veja a foto abaixo). “Temos a entrada das marés tanto, superficialmente, pelo rio, quanto pela água subterrânea. Na ilha, somente alguns trechos têm água o ano inteiro, a maioria são intermitentes. E as vazões são muito baixas”, explica.

 Trecho do rio Bacanga. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Trecho do rio Bacanga. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.

Ela aponta a ocupação nas proximidades das bacias hidrográficas como grave problema. “Na lei das águas, a 9.433, eles dizem que as bacias hidrográficas têm que ter as unidades de planejamento. A cidade cresceu muito na área do rio Anil, por exemplo. A maioria dos rios foi assoreada, a bacia perdeu muitos afluentes, rios perenes passaram para intermitentes, muitas nascentes foram aterradas e as pessoas utilizam essas áreas para moradia”, relata.

Cada nascente que morre, segundo a geógrafa, ou cada afluente aterrado faz o rio perder contribuição. Funciona como uma poupança mesmo: se houver apenas retirada de dinheiro, uma hora a conta seca. A ação do homem causou grandes transformações na paisagem dos bairros de São Luís. “Os efluentes são jogados nos nossos rios. O esgoto tratado ainda é insignificante. Se cem por cento dos esgotos fossem tratados teríamos mudanças na qualidade da água dos rios. Não é só o poder público, a sociedade, também, tem que contribuir”, ressalta.

 Lixo em trecho do rio Anil, no bairro que leva o mesmo nome. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Lixo em trecho do rio Anil, no bairro que leva o mesmo nome. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.

Apesar disso, a poluição nos rios não compromete, diretamente, o abastecimento. “Ele é feito pelas águas subterrâneas. O solo funciona como um filtro. Na descida, o material [poluído] é depurado nas camadas (arenosas, argilosas) com permeabilidades diferentes. Além disso, muitas bactérias possuem curto tempo de vida: um dia ou algumas horas. Ao longo do percurso a água pode evaporar, pode ser capturada por algum mineral ou absorvida por algum vegetal”, esclarece. Dessa forma, a água contaminada dos rios, quando consegue chegar ao subsolo, já está, praticamente, filtrada.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) se manifestou sobre o assunto. Foi informado que estão sendo realizados estudos na área da gestão de recursos hídricos. A disponibilidade hídrica e a qualidade da água de cinco microbacias são algumas questões deste estudo, segundo a Secretaria.

Poluição e assoreamento prejudicam rios de São Luís

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