Combustível

Fiscalização de cartel em São Luís e Brasília foi intensificada na ANP

Para Haroldo Lima, presidente da agência, indícios são inaceitáveis e serão denunciados.

Imirante, com informações da ANP

Atualizada em 27/03/2022 às 12h39

SÃO LUÍS – A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) está intensificando os esforços em identificar possíveis indícios de cartel e preços abusivos em postos de combustível em todo o país, com destaque para o mercado de São Luís e Brasília (DF). Embora os preços estejam liberados desde 2002, diz a ANP, de acordo com a lei 9.478, a agência reforçou a fiscalização das notas fiscais dos postos revendedores e as análises dos dados obtidos no Levantamento de Preços.

A medida foi tomada, segundo a ANP, diante da escalada dos preços de combustível, que estão aumentando em todos os Estados. Nesta terça-feira (26), a ANP encaminhou à Secretaria de Direito Econômico (SDE) informações sobre possível cartel em Brasília (DF), no período entre janeiro de 2010 e março de 2011. Em 30 de março, a ANP já havia encaminhado à SDE e ao Cade documentos com informações de indícios de cartel no mercado da revenda de São Luís, no período de fevereiro até o início de março deste ano. As análises mostraram que a variação de preços que até meados de fevereiro oscilava entre R$ 2,30 a R$ 2,70, passou para um intervalo de apenas R$ 0,12, de R$ 2,70 a R$ 2,82. Também foi constatado que a partir de 20 de fevereiro a margem bruta de lucro dos postos de São Luis praticamente dobrou, passando de R$ 0,20 a R$ 0,25, para R$ 0,50 por litro de gasolina comum no final de fevereiro e início de março deste ano.

Divulgação ANP

Em Brasília, de acordo com dados obtidos no Levantamento de Preços da ANP, nas duas primeiras semanas de março, 111 postos revendedores (equivalentes a 63% do total) vendiam gasolina a R$ 2,94, apesar de terem estruturas de custos distintas (aluguel, gastos com pessoal e equipamento etc). Nesse período, todos os postos pesquisados do Distrito Federal estavam vendendo gasolina com preços entre R$ 2,94 e R$ 2,95.

Na revenda de etanol a variação de preços foi ainda menor, chegando a zero em algumas semanas de janeiro e fevereiro de 2011. Nas semanas seguintes, a ANP notou que quase todos os postos pesquisados tinham o mesmo preço para o etanol. Até meados de março, 98% dos postos vendiam o combustível a R$ 2,25. Na segunda metade do mês 75% dos postos vendiam a R$ 2,45. E na última semana de março e na primeira de abril, 90% dos postos vendia o etanol a R$ 2,84.

"Os indícios que nos chegam de Brasília são inaceitáveis. Também vamos encaminhar essas informações para o Ministério Público do Distrito Federal e faremos o mesmo no Maranhão", afirmou o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima.

Em contato com a produção da TV Mirante, na manhã desta terça-feira (26), o promotor José Osmar Alves, que está investigando os indícios de cartel em São Luís, disse que o relatório deverá ficar pronto apenas em meados de maio. Segundo ele, ainda são necessárias algumas oitivas com proprietários de postos. A investigação do Ministério Público do Maranhão teve início nos primeiros dias de março.

Fiscalização

A ANP também está apurando a escalada de preços acima da média em outras cidades brasileiras. A agência divulga semanalmente o Levantamento de Preços na página na internet (www.anp.gov.br), que também pode ser acessado por celular, com o objetivo de orientar o consumidor na hora da compra do combustível. Segundo o Haroldo Lima, "a despeito do país estar passando por uma fase de desenvolvimento que impactou bastante na demanda de combustíveis, mesmo descontando os problemas advindos com a entressafra do etanol, nada justifica a escalada que está se verificando em algumas grandes cidades".

"Estamos estudando a possibilidade de, nos casos necessários, examinarmos a planilha dos postos revendedores. O consumidor brasileiro não pode ser prejudicado. Com custos tão diferenciados em função das próprias localizações dos postos, é altamente suspeita a uniformidade de preços verificada, por exemplo, em Brasília", afirmou o diretor-geral da ANP.

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