BRASÍLIA - Dos 178 municípios brasileiros com risco de surto ou em situação de alerta para epidemia de dengue, 70 serão submetidos a um monitoramento semanal dos casos, podendo até mesmo ganhar reforço de ações de saúde para evitar a proliferação de casos graves da doença. Esse grupo de cidades foi classificado pelo chamado "Risco Dengue", que cruza os números da infestação pelo Aedes aegypti com a densidade populacional e o tamanho da rede de atenção à saúde. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o governo deve investir R$ 1,08 bilhão nas ações de combate à dengue no verão 2010/2011.
O "Risco Dengue" se incorpora aos números do Levantamento do Índice Rápido de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRA), que apontou 16 estados com risco muito alto de epidemia, cinco com risco alto e três estados, além do Distrito Federal, com risco moderado. Em setembro, apenas 10 estados apresentavam risco muito alto de surto. De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, Manaus (AM) e Rio Branco (AC) apresentam o quadro mais grave entre as capitais do país.
Os 16 estados considerados com risco "muito alto" de epidemia são Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins, Mato Grosso, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Outros cinco estados foram classificados como de risco "alto" de epidemia (Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Amapá e Roraima). Entre os de risco "moderado", além do Distrito Federal, estão Rondônia, São Paulo, Paraná. Os de "baixo" risco, segundo o ministério, são Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, detalhou na tarde desta terça-feira o plano de ação integrado por 13 órgãos do governo federal para prevenir a evolução da doença e combater a elevação dos casos graves, especialmente na população com menos de 15 anos. De acordo com ele, na próxima semana haverá um encontro em Brasília com 16 secretários estaduais de Saúde para traçar um plano de ação integrado com estados e municípios. O primeiro passo será analisar o plano de contingência de cada governo estadual para impedir o aumento dos casos graves da doença. No ano passado, um milhão de pessoas contraíram dengue no país, com mais de 550 mortes.
No plano de ação do governo federal está previsto, por exemplo, que o Ministério da Defesa ceda militares para auxiliar em ações para destruir os focos do mosquito, quando o número de agentes de saúde for insuficiente. Já o Ministério da Justiça foi encarregado de dar apoio técnico aos estados para executar ações judiciais que permitam a entrada dos agentes em locais fechados, quando há recusa de acesso pelo proprietário.
Estamos realizando uma ação com 13 ministérios e 16 secretários de estaduais de Saúde porque nós queremos nos antecipar a situação que ocorreu no último ano (com o aumento do número de casos). Queremos reforçar dois objetivos: as ações multisetoriais com estados e municípios e reforçar no campo da saúde a integração entre vigilância e atenção à saúde - explicou o ministro Alexandre Padilha.
Governo terá novo sistema de controle da dengue
A presidente Dilma Rousseff fez na manhã desta terça-feira uma reunião com vários ministérios para organizar a ação contra a dengue neste verão. A presidente, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pediu uma ação orquestrada entre as várias pastas e determinou que Padilha se reúna com os 16 secretários se saúde dos estados onde o risco de epidemia é mais grave, entre eles o Rio. Para os demais estados, a ordem, neste momento, é fazer videoconferências para acompanhar a situação. Na reunião, no entanto, não foi definido se o Ministério da Saúde terá um reforço orçamentário para enfrentar o problema.
Padilha disse que o ministério irá criar um sistema de informação que atualize, semanalmente, os números da dengue por região, sobretudo nos locais mais afetados. O ministro também adiantou que o Ministério da Justiça, a Casa Civil e o Ministério da Saúde vão criar um grupo de trabalho conjunto para tratar da revisão da legislação da área epidemiológica, que está defasada. Padilha também não disse se há uma meta.
De acordo com o ministro, cada pasta terá uma tarefa. Desta forma, o da Defesa irá reforçar a vigilância nas fronteiras, o da Educação fará uma ação na rede básica de ensino e nas escolas técnicas e universidades federais. Os médicos residentes serão alertados sobre a necessidade de atenção para a doença. Também faz parte do plano o Ministério do Turismo, que vai orientar os 65 destinos prioritários e fará orientação aos turistas, e o de Meio Ambiente, que vai fiscalizar as empresas fabricantes e recicladoras de pneus.
O Ministério da Justiça ainda apoiará a implantação das leis de vigilância, o da Previdência Social irá usar sua rede de aposentados e pensionistas para informar esse público das ações de prevenção, e o das Cidades atuará em ações de combate nas obras do PAC.
- Nossa meta é intensificar ações multisetoriais, sejam do governo federal ou dos estados. Tem um calendário de mobilização nos estados. Vamos divulgar esse calendário nos vários ministérios para que eles coloquem suas equipes em ação. Também vamos fazer um calendário por setores: com religiosos, empresários, clubes de futebol, os bancos - afirmou Padilha.
- A orientação da presidente é que façamos um monitoramento permanente das ações com os secretários estaduais de saúde e os municípios de mais alto risco. O ministério vai implantar um sistema de informação para que possamos ter informação semanal dos casos e diárias de óbitos suspeitos.
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