Maranhense que mudou de vida em São Paulo retorna à cidade natal com projeto que doa brinquedos e alimentos
O empresário Edimar Vale, de 38 anos, que já foi até garçom e pedreiro, ajuda famílias carentes: "adoro transformar tristeza em alegria", afirma.
SÃO JOSÉ DOS BASÍLIOS – Transformar tristeza em alegria tem sido um dos objetivos de um maranhense que saiu do Estado aos 18 anos em busca de melhores condições de vida em São Paulo. Edimar Vale, de 38 anos, atualmente, é empresário, representante comercial e CEO de um projeto que ajuda famílias em situação de pobreza extrema ou com dificuldade financeira.
São adultos sem oportunidades de empregos, crianças e adolescente que se encontram em condições de vulnerabilidade, e famílias que precisam de atenção das autoridades e políticas públicas. Entendendo a necessidade real dos seus conterrâneos, o maranhense de São José dos Basílios começou levando brinquedos às crianças, comprados com dinheiro tirado do próprio bolso, e hoje desenvolve um projeto maior com parceiros e voluntários.
Da dureza no Maranhão para a nova vida em São Paulo
Edimar Vale nasceu no povoado Mucunã, no município de São José dos Basílios. Até os dois anos viva com a mãe e os dois irmãos. Depois, foi entregue a avó porque a mãe já não tinha condições de trabalhar na roça e cuidar das três crianças, enquanto o pai de Edimar trabalhava em garimpo, passando pouco tempo em casa.
O garoto cresceu sonhando com um futuro melhor. A coragem do rapaz e a dedicação do avô o tiraram daquele local onde as expectativas por uma vida com o mínimo de conforto eram escassas.
“Com 18 anos, pedi para o meu avô me deixar ir para Presidente Dutra (MA), cidade que ficava a 42 km, para estudar e fazer um curso de computação. Eu passava a semana lá e retornava nas sextas-feiras. Resolvi então arrumar um emprego, tomei a iniciativa e coragem, e fui falar com o Sr. Aragão, dono das lojas armazém”, conta ao Imirante.com.
Aquele foi o primeiro emprego de Edimar, onde ficou por oito meses, quando decidiu partir para uma cidade grande: São Paulo. “Com uma rede e umas mudas de roupa, com um pouco de medo, mas certo de que aquela era a minha chance, peguei a estrada e, depois de quatro dias, cheguei em São Paulo com um endereço e um número de telefone em um pedaço de papel”, recorda.
Depois de chegar em São Paulo, Edimar trabalhou como ajudante de serralheiro, vendedor de calçados, garçom, ajudante de pedreiro, pedreiro, encarregado de produção, promotor de vendas e, hoje, tornou-se representante comercial e empresário no ramo de piso industrial.
“Nesse meio termo, em novembro de 2005, sofri um grave acidente com fraturas no corpo. A minha vida começou a melhorar mesmo quando comecei ir para a igreja em 2007 onde conheci Vânia Vale, que hoje é minha esposa”, conta.
Missão de realizar sonhos
Com as conquistas na vida profissional, Edimar marcou as férias de 2011 no Maranhão, em sua cidade natal, e foi então que surgiu a semente do projeto que mudaria sua vida e a de muita gente. “Um dos maiores motivos de ter surgido este projeto foi porque durante toda a minha infância eu nunca recebi um brinquedo de presente. Isso não me deixava triste porque sabia que a preocupação dos meus avós era outra, então eu fazia o meu próprio brinquedo de lata de sardinha e de óleo”, afirma.
Edimar pensou em levar chocolates para as crianças do povoado Mucunã, no Maranhão. A esposa Vânia, porém, deu uma ideia melhor. “Ela me disse: ‘chocolate no calor de lá vai derreter tudo antes da gente entregar (risos), por que não compramos brinquedos?’ Aí começamos a nos empolgar cada vez mais com a ideia de fazer a alegria das crianças daquele lugar”, conta.
Com a ajuda do irmão que mora no Maranhão, foi feita a contagem e deu um total de 90 crianças que receberiam os brinquedos. Edimar, a esposa, outro irmão dele e a cunhada partiram para a famosa Rua 25 de março em São Paulo onde comparam os presentes. “Mesmo sem saber quanto custaria os brinquedos, usamos boa parte do dinheiro das nossas férias e compramos”, revela.
Ele relembra que foi um dia de muita alegria com lanche e entrega de brinquedos. Além disso, foram doados quites escolares por alguns amigos. “Nesse mesmo dia, vimos o quanto estávamos fazendo o bem e a alegria daquelas crianças e percebemos algumas daquelas crianças que estava se alimentando ali e não tinha o que comer em casa compramos cestas básicas e doamos. Surgia aí sem que a gente previsse o Instituto Dia Feliz”, pontua.
A sensação que tenho desse trabalho é que, mesmo parecendo ser muito pouco o que estamos fazendo, é uma alegria gigante para quem está sendo atendido. Só em ver o sorriso no rosto daquelas famílias, tenho a sensação de que o dever está sendo cumprido! E que as futuras gerações carreguem consigo o espírito de solidariedade, respeito e amor ao próximo e que não precisa esperar ser rico financeiramente para ajudar a quem precisa.Edimar Vale
Já amadurecido, o projeto ocorre durante todo ano e são realizadas duas grandes ações de arrecadação e distribuição nos meses de julho e dezembro. Essas arrecadações são feitas com parceiros que contribuem mensalmente. Assim é possível comprar alimentos com parceiros locais, que são levados para a base de apoio onde, por meio dos voluntários, são montadas as cestas.
“Em dezembro proporcionamos várias ações, como a entrega de brinquedos feita para as nossas mil crianças cadastradas no projeto. Eles são doados por empresas parceiras. Recebemos em São Paulo e cuidamos de uma mega logística”, explica.
“Sou um homem muito alegre, brincalhão que sempre carrega um sorriso no rosto independente das circunstâncias, muito objetivo no que faço. Amo demais fazer o bem e adoro transformar tristeza em alegria”, descreve Edimar.
O pai de Melissa, de nove anos, e de Murilo, de sete meses, mesmo vivendo atualmente em Osasco (SP), nunca esqueceu as terras onde nasceu. Ele recorda uma história tocante que reviveu em uma das vindas ao Estado.
“Entre as várias histórias que vimos, a que mais nos chocou foi a de uma moça, mãe de um menino de dois anos e grávida que morava no povoado Santana. Uma criança gritou: 'ei moço, a buchudinha quer uma cesta'. Ela nos levou por um caminho estreito que não passava carro e nos deparamos com a moça que chorava muito. Estava na semana de ganhar sua bebê e tinha outro, de colo, que chorava de fome. A moça recebeu duas cestas básicas. No dia seguinte, os voluntários, comovidos, se juntaram. Com a ajuda de uma empresária de São Paulo, montaram um enxoval para a criança que ia nascer e doaram mais alimentos”, relata.
O Imirante perguntou o que mudou no Edimar? Ele respondeu: “o jeito de enxergar as pessoas e valorizar mais os que estão do meu lado sonhando. O Edimar de ontem tinha sonhos, já o de hoje, além de sonhar, ajuda a realizar”. Perguntamos também o que não mudou. Ele diz: “o meu sorriso”.
Além das pessoas carentes de São José dos Basílios (MA), cidade onde nasceu Edimar, o Instituto Dia Feliz também atende moradores das cidades de Joselândia (MA) e de Osasco (SP).
Veja informações para doar:
Banco: Bradesco
Agência : 2497-0
C/C: 34254-8
Instituto Dia Feliz - Brasil
CNPJ: 38.171.025/0001-20
Chave Pix : 38171025000120
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