Comissão Nacional da Verdade

CNV divulga, em Porto Franco, análise de restos mortais de desaparecidos

Também será apresentado o relatório preliminar sobre a Operação Mesopotâmia.

Divulgação / Assessoria

Atualizada em 27/03/2022 às 11h51
(João Rodrigues / Imirante Imperatriz )

PORTO FRANCO – A Comissão Nacional da Verdade (CNV) chega ao Maranhão neste sábado (30) para apresentar, no domingo (31), em Porto Franco, o resultado da análise pericial de restos mortais sepultados no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília, no dia 21 de agosto de 1971.

Os restos mortais podem ser do sapateiro e líder comunista maranhense Epaminondas Gomes de Oliveira, nascido em Pastos Bons, em 1902. Além do resultado pericial, a CNV apresentará relatório preliminar de pesquisa sobre o caso Epaminondas e a Operação Mesopotâmia.

A apresentação será a partir das 14h na Loja Maçônica Tiradentes, localizada na rua Teixeira de Freitas, Centro. Epaminondas foi preso em um garimpo paraense, no dia 9 de agosto de 1971, durante a Operação Mesopotâmia.

A ação policial foi realizada para prender lideranças políticas da oposição na Região do Bico do Papagaio, divisa entre os Estados do Pará, Tocantins, então Goiás, e o Maranhão, com o objetivo de tentar detectar focos guerrilheiros na região.

Segundo depoimentos colhidos pela CNV no Maranhão, após ter sido torturado em Porto Franco, onde vivia, e Imperatriz, Epaminondas foi levado a Brasília, onde permaneceu preso e morreu, no dia 20 de agosto de 1971, aos 68 anos, sob a custódia do Exército, no antigo Hospital de Guarnição de Brasília, atual Hospital Militar de Área de Brasília.

Ao todo, a CNV colheu 41 depoimentos, 27 deles no Maranhão, sobre o caso Epaminondas e a Operação Mesopotâmia. Também foram colhidos testemunhos em Brasília e no Tocantins.

Não há informações que comprovem a participação de Epaminondas e de outros militantes comunistas de Porto Franco (MA) e da vizinha Tocantinópolis (TO) com a guerrilha.

A única ligação é que, em virtude da militância, Epaminondas e seu grupo teriam intermediado com o Partido Comunista a instalação em Porto Franco do médico João Carlos Haas Sobrinho, desaparecido na Guerrilha do Araguaia, que antes de engajar-se na luta armada viveu 20 meses na cidade, onde atuou como cirurgião.

Exumação

Os restos mortais que podem ser de Epaminondas Gomes de Oliveira foram exumados, a pedido da CNV, em 24 de setembro de 2013, por equipe da Seção de Antropologia do Instituto Médico Legal de Brasília, que possui convênio com a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).

A CNV decidiu pedir a exumação após ter tido acesso a uma carta enviada pelo Exército em 1971 à família, indicando que Epaminondas havia morrido em Brasília, mas que seu corpo só poderia ser exumado depois de cinco anos. O documento informava, inclusive, o local de sepultamento e as coordenadas no cemitério Campo da Esperança.

A apresentação dos resultados do trabalho será conduzida pelo pesquisador da CNV, Daniel Lerner, responsável pelo tema. Também estará presente o médico legista Aluísio Trindade Filho, um dos responsáveis pela perícia. Filhos, netos e demais familiares de Epaminondas estarão presentes.

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