Crime contra a mulher

Maranhão registra 50 feminicídios no ano de 2023; crime cresce no Brasil

Entre os suspeitos pela autoria dos crimes de feminicídio ocorridos no Maranhão no ano passado, 26 eram companheiros das vítimas e outros 13, ex-companheiros.

Imirante, com informações da SSP-MA e Portal Brasil 61

Atualizada em 05/02/2024 às 06h36
Na região metropolitana de São Luís, foram 10 casos de feminicídio, no ano passado.
Na região metropolitana de São Luís, foram 10 casos de feminicídio, no ano passado. (Foto: divulgação)

MARANHÃO - No Maranhão, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-MA), em 2023, houve 50 casos de feminicídios, o que representa uma redução de 28% em comparação com 2022, quando houve 69 casos. Maioria dos suspeitos pelos casos ocorridos no ano passado está presa ainda segundo a pasta.

Os números referentes ao ano passado mostram também que entre os suspeitos pela autoria dos crimes de feminicídio ocorridos no Maranhão no ano passado, 26 eram companheiros das vítimas e outros 13, ex-companheiros. Parentes, amigos e desconhecidos, em menor frequência, aparecem na lista. 

Na região metropolitana de São Luís, foram 10 casos de feminicídio, durante o ano passado, contra 12 registrados no ano anterior.

No acumulado entre janeiro e junho de 2023, o Brasil registrou crescimento de 2,6% de feminicídios, quando comparado com o primeiro semestre de 2022. Os dados foram revelados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O volume de feminicídios registrados nesse intervalo é o maior da série histórica para o primeiro semestre, desde 2019.

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Para a advogada constitucionalista, pesquisadora e professora Christine Peter, a luta do feminismo no Brasil passa pela criminologia, onde estão inseridas questões da violência sobre violência contra mulher, como o feminicídio.

“As mulheres são mortas, são violentadas, machucadas por conta de uma discriminação de gênero, que é dentro da sua casa. Surgiu, obviamente, uma lei para proteger a mulher contra todo o tipo de violência, especialmente a física, que pode levar ao óbito. Esse foi o caso da cearense Maria da Penha. Ela foi violentada diversas vezes, inclusive com intenção de morte pelo seu companheiro”, informa.

Segundo a especialista, Maria da Penha transformou essa violência em uma pauta política e levou o caso para a corte americana de direitos humanos, conseguindo chegar até à Lei Maria da Penha. “Infelizmente, ainda não é suficiente a existência de leis para chaga social tão arraigada na nossa sociedade. Então foi criada também a Lei do Feminicídio, para reforçar a Lei Maria da Penha”, pontua.

Ela explica que assim, quando mulheres são mortas por questões de gênero, há um tipo específico, diferenciando-o da conduta geral de crimes — como é o caso do homicídio qualificado. “Então nós resolvemos dar nome a esse crime que é praticado pelo homem contra mulher e pelo fato de ela ser mulher, pelo fato das questões de gênero”, conclui.

De acordo com o relatório Visível e Invisível, divulgado pelo Fórum Nacional de Segurança Pública, 33,4% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais vivenciaram violência física e/ou sexual por parte de parceiro íntimo ou ex-parceiro.

Prisões de suspeitos de feminicídios

Dos feminicídios ocorridos no ano passado, as forças policiais do Maranhão conseguiram prender 33 suspeitos até o momento. A SSP-MA diz que o resultado se deu após o governo intensificar os “investimentos e ações para a prevenção desse tipo de crime. O principal viés da atuação é a conscientização da população, das vítimas de violência doméstica e familiar, especialmente, para que denunciem os agressores. Somente assim, o sistema de segurança, por meio das polícias Civil e Militar, pode agir, evitando a ocorrência do feminicídio”.

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