Justiça

Audiência de Custódia aponta 2,7 mil casos de tortura

Desde de fevereiro do ano passado, 49.668 audiências foram realizadas.

Imirante Imperatriz, com informações do CNJ.

Atualizada em 27/03/2022 às 11h35
(Divulgação / Assessoria )

BRASIL – Em um ano de funcionamento, o programa Audiência de Custódia registrou 2,7 mil denúncias de tortura e maus-tratos a pessoas presas em todo o país. De acordo com os relatos feitos por presos apresentados nas audiências de custódia, os episódios que envolvem violência policial teriam aconteci, geralmente, entre o momento da prisão e a apresentação do preso a um juiz.

Os dados do primeiro ano do programa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foram apresentados pelo presidente do Conselho e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, em Salvador, no 2º Fórum Nacional de Alternativas Penais (Fonape).

“Já detectamos quase 3 mil casos de tortura e maus-tratos nesse ano que passou, devidamente repassados à apuração competente”, afirmou o ministro. Como o período entre o flagrante e a audiência não deve superar 24 horas, de acordo com as regras do programa, fica mais fácil a investigação dos responsáveis pela violência.

Desde 24 de fevereiro de 2015, quando o programa do CNJ foi implementado no Tribunal de Justiça de São Paulo, 49.668 audiências foram realizadas em todo o país. A avaliação dos juízes sobre a necessidade e a legalidade das prisões dos detidos em flagrante evitou que 25 mil pessoas se juntassem aos mais de 600 mil presos que ocupam o superlotado sistema prisional brasileiro, o quarto maior do mundo em termos absolutos.

“Quase metade (49,61%) das pessoas detidas em flagrante que passaram pelas audiências de custódia não tiveram suas prisões preventivas decretadas. O juiz compreendeu, olhando olho no olho, examinando a circunstância pessoal da pessoa que lhe foi apresentada, que ela não representava perigo para a sociedade”, afirmou o ministro.

De acordo com o ministro, o combate à tortura e maus-tratos no país rendeu reconhecimento por parte de organismos internacionais de direitos humanos. Publicado em janeiro, o relatório da organização não-governamental Human Rights Watch revelou que as audiências de custódia representam uma tentativa do Brasil de combater a violação dos direitos humanos, a submissão dos detentos a uma prisão superlotada e o combate também às torturas e maus-tratos no ato da apreensão.

Instaladas pelo CNJ nos tribunais das 27 unidades da Federação ao longo de 2015, as audiências de custódia inovaram no tratamento dado ao preso no país ao permitir que ele seja apresentado a uma autoridade judicial logo após ser detido. Nessa audiência, a Justiça decide se é necessário manter o preso sob custódia enquanto não é julgado.

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