Reassentamento

Documentário mostra as lutas da comunidade de Piquiá de Baixo

<i>Desenhando um Sonho: a história de luta de Piquiá de Baixo</i> foi apresentado na UFMA.

Alan Milhomem / Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h40
 O trabalho foi apresentado nesta segunda-feira na UFMA, em Imperatriz. (Foto: Alan Milhomem / Imirante Imperatriz)
O trabalho foi apresentado nesta segunda-feira na UFMA, em Imperatriz. (Foto: Alan Milhomem / Imirante Imperatriz)

IMPERATRIZ – As lutas, os anseios e as dificuldades da comunidade de Piquiá de Baixo, bairro de Açailândia, tomaram as telas mais uma vez, agora contada de forma entrelaça pela narração de uma criança e relatos de adultos, em que histórias de lutas e sofrimentos colocam em xeque as faces do tão propagado desenvolvimento.

O documentário Desenhando um Sonho: a história de luta de Piquiá de Baixo foi apresentado nesta segunda-feira (3), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em Imperatriz, pelos alunos de Jornalismo Julielli Soares, que assina a direção, e Mikael Carvalho, roteirista e morador do bairro.

A produção tem pouco mais de 19 minutos e registra, a partir de relatos, as dificuldades enfrentadas pela comunidade diante da poluição causada pelas indústrias instaladas nas proximidades de Piquiá de Baixo, além da busca pelo reassentamento da comunidade, luta que já dura sete anos. São 312 famílias que devem ser reassentadas, segundo a associação de moradores do bairro.

“Além de ser uma comunidade que já luta há décadas contra a poluição, são pessoas que não têm muita visibilidade nos meios de comunicação tradicionais. Então, se fazia necessário um aprofundamento maior na história desses personagens, na história de luta dessa comunidade, foi por isso que a gente decidiu fazer esse resgate histórico”, conta Mikael Carvalho das motivações que levaram a dupla a fazer o documentário.

De acordo com o roteirista, o documentário também visa servir como estímulo para que outras comunidades se mobilizem em buscas de seus direito. “Queremos mostrar que quando há mobilização de um grupo em prol de um bem comum o resultado aparece”, completa Mikael.

 Ao centro, os dois responsáveis pelo documentário. (Foto: Alan Milhomem / Imirante Imperatriz)
Ao centro, os dois responsáveis pelo documentário. (Foto: Alan Milhomem / Imirante Imperatriz)

Foram dois meses gravando, outros dois editando e 14 meses no total, se contar desde a elaboração do projeto até a apresentação do trabalho final. Dentre as oito entrevistas realizadas, cinco foram usadas no vídeo, além de uma narração, que foi feita por uma criança da comunidade.

“Tínhamos a possibilidade de ter o Mikael como narrador, mas a presença da criança traz a perspectiva de futuro. No bairro, são mais de 300 famílias que serão reassentadas e mais de 1.000 pessoas, entre elas muitas crianças como mostramos no documentário, e essa narração mostra a perspectiva de futuro da comunidade”, afirma Julielli.

O projeto de reassentamento, depois de tantas lutas e embates judiciais, encontra-se na fase de final de avaliação pela Caixa Econômica Federal e, assim que sair a aprovação, começarão as obras no local. A associação de moradores tem o terreno, e o projeto urbanístico do novo bairro já está pronto, tudo construído pela comunidade com ajuda de especialistas.

“A nossa luta está sendo reconhecida. O nosso trabalho é um trabalho já de muito tempo, no início parecia tudo muito difícil, mas com o nosso trabalho e dignidade estamos sendo reconhecidos e vamos conseguir aquilo que nós queremos para sobreviver. Estamos pedindo pra sair porque não conseguimos viver mais lá, não resistimos mais. Direto temos problemas de saúde e muitas outras coisas”, relata o presidente da associação de moradores, Edivaldo Dantas.

“Eu me sinto muito feliz, não só por ser morador, mas por ver a comunidade falar com tanta propriedade das suas lutas e falar criticamente dos problemas que sofrem”, completa Mikael. O documentário foi apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso e foi aprovado pela banca examinadora. O trabalho foi orientado pelo professor Antônio Fabrício Evangelista.

 Dentre as oito entrevistas realizadas, cinco foram usadas no vídeo, além de uma narração, que foi feita por uma criança da comunidade. (Foto: Alan Milhomem / Imirante Imperatriz)
Dentre as oito entrevistas realizadas, cinco foram usadas no vídeo, além de uma narração, que foi feita por uma criança da comunidade. (Foto: Alan Milhomem / Imirante Imperatriz)

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