Mergulhadores, sonares e robôs: como são as buscas por vítimas do desabamento de ponte
Força-tarefa reúne bombeiros dos dois estados, militares da Marinha, embarcações e equipamentos tecnológicos para minimizar riscos durante o resgate dos corpos.
ESTREITO - Uma força-tarefa com bombeiros, mergulhadores, drones e equipamentos subaquáticos trabalha para localizar os desaparecidos da queda da ponte na divisa do Maranhão e Tocantins. A profundidade do Rio Tocantins, que pode chegar a aproximadamente 48 metros, e a quantidade de escombros têm dificultado as buscas.
A ponte JK desabou na BR-226, entre as cidades de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), no dia 22 de dezembro. Equipes de resgate localizaram, nesse domingo (29), os corpos de mais duas vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A informação é da Marinha e foi divulgada no fim da noite.
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Com isso, subiu para 11 o número de mortos, segundo a Marinha. Destes, nove corpos já foram resgatados e dois localizados pelas equipes de busca, mas ainda não haviam sido retirados do rio Tocantins até o fim da noite de domingo. Seis pessoas seguem desaparecidas.
Integram a operação o Corpo dos Bombeiros dos dois estados, o efetivo da Marinha com 87 militares, além dos 20 militares que participam remotamente, em Belém (PA), do planejamento e da logística da operação. Equipes de papiloscopistas e legistas também trabalham na identificação e liberação dos corpos.
Em entrevista à TV Anhanguera, o almirante Coelho Rangel, coordenador das operações de busca e resgate e Chefe do Estado-Maior do 4º Distrito Naval da Marinha detalhou como estão sendo feita toda operação.
"Nós temos a equipe de mergulho autônomo que faz a busca, mas não consegue ficar muito tempo embaixo, embora consiga ir e voltar mais rápido do leito do rio. Tem a equipe de mergulho dependente que vai para ficar mais tempo, fazer esforço, colocar equipamento e temos os robôs que fazem a parte de buscas na área."
A força-tarefa ainda busca por motos, uma caminhonete e um carro de passeio. "Ainda temos que achar a S-10 que achamos alguns pedaços. Ontem [sábado] nós achamos a placa de um carro voyage e estamos tentando identificar onde estão estes dois veículos. E tem as partes das motos que achamos alguns pedaços", contou.
Sonar e robôs subaquáticos
Estão sendo usados na operação drones subaquáticos da Polícia Federal, da Transpetro/Petrobras e da Marinha do Brasil, além de um helicóptero da Secretaria de Segurança do Maranhão (SSP) e embarcações.
Entre os equipamentos estão os veículos subaquáticos operados à distância (ROVs), que permitem a realização de investigações em ambientes aquáticos de difícil acesso, garantindo segurança tanto para as equipes de mergulho quanto para as operações de resgate.
Equipados com câmeras e iluminação, os robôs ROVs possibilitam visualizar e mapear o fundo do rio, identificando possíveis vítimas e objetos de interesse sem a necessidade da presença de mergulhadores, conforme explicou o almirante.
"Nós estamos sendo guiados, muitas vezes, pelos robôs subaquáticos e pelos sonares que vão posicionando a gente para buscarmos a área de interesse. Depois que eles localizam algum ponto de interesse ou a gente vai fazendo essa reunião de coordenação, sobe com imagens, compara as imagens e tem o ponto para realizar as buscas", explicou.
A Marinha informou que também está utilizando um equipamento chamado Sidescan Sonar para localizar os veículos submersos no leito do rio. Com ele, foram localizados as embalagens de agrotóxicos e os tanques dos três caminhões que caíram no rio transportando 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas.
"Mas é um conjunto, é todo mundo trabalhando no sentido de nós identificarmos os corpos que estão desaparecidos", comentou o almirante, explicando que o uso dos robôs também está sendo dificultado pela quantidade de escombros.
"Tem muita ponta de vergalhão, pedaços de concreto e eles não conseguem navegar entre esses escombros. Isso dificulta. Tivemos um robô subaquático que ficou preso e aí foi preciso deslocar mergulhadores que estavam fazendo busca para poder soltar esse robô."
Equipes também mantém uma rotina de verificação das condições da água realizadas por especialistas em Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica. Os resultados deste sábado (29) demonstraram não haver contaminação por agentes químicos ou defensores agrícolas e confirmaram as condições favoráveis para as atividades de mergulho.
Mergulho em águas profundas
Uma estação de mergulho foi montada em um flutuante no rio Tocantins. A estrutura é movida para áreas de interesse em que foram visualizados veículos ou possíveis silhuetas humanas. Os mergulhos se concentram nesses pontos, previamente sinalizados por boias.
Segundo o almirante Coelho Rangel, após a delimitação do raio de segurança a equipe de busca fará uso de uma câmara hiperbárica para auxiliar em casos de acidente em águas profundas.
O equipamento foi trazido do Rio de Janeiro para o local do acidente por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na quinta-feira (26). A câmara é utilizada quando ocorre a chamada doença descompressiva.
"Em águas profundas, nós colocamos o equipamento de mergulho dependente com suprimento de ar em mangueiras em um capacete. Então a gente otimiza muito o uso do mergulhador lá embaixo. Quando ele volta à superfície precisa fazer as descompressões. Mas caso ele passe mal lá embaixo, não vai conseguir passar pelas etapas. Então ele é colocado dentro da câmara hiperbárica e vai fazer essas etapas de compressão nas pressões estabelecidas. Isso traz total segurança para o mergulho", explicou o almirante.
Marinha localiza corpos de duas vítimas de desabamento
Equipes de resgate localizaram, nesse domingo (29), os corpos de mais duas vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre o Maranhão e o Tocantins. A informação é da Marinha e foi divulgada no fim da noite.
Com isso, subiu para 11 o número de mortos, segundo a Marinha. Destes, nove corpos já foram resgatados e dois localizados pelas equipes de busca, mas ainda não haviam sido retirados do rio Tocantins até o fim da noite de domingo. Seis pessoas seguem desaparecidas.
Outras vítimas localizadas
- Um homem de 36 anos, Jairo Silva Rodrigues, foi encontrado com vida por moradores e levado ao hospital de Estreito
- No domingo (22), o corpo de Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos foi localizado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que ela é natural de Estreito (MA), mas morava em Aguiarnópolis (TO)
- No dia 24 de dezembro, o corpo de Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos, foi encontrado no rio, segundo os bombeiros do Maranhão. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, com origem em Dom Eliseu (PA)
- Por volta das 9h do dia 24, também foi achado o corpo Kecio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas;
- Ainda no dia 24, por volta das 11h20, o corpo de Andreia Maria de Souza, de 45 anos, foi encontrado. Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico.
- No dia 25, foram localizados os corpos de Anisio Padilha Soares, de 43 anos, e de Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos;
- Na manhã do dia 26, mergulhadores localizaram o corpo de Elisangela Santos das Chagas, 50 anos.
- Rosimarina da Silva Carvalho, 48 anos, foi encontrada também na quinta (26).
- Na manhã do dia 29, mergulhadores retiraram do rio Tocantins o corpo do vereador Ailson Gomes Carneiro (PSD), de 57 anos.
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