Risco

Fundação aponta solução para lixões

Catadores separam lixo sem qualquer equipamento de proteção.

Acélio Trindade/TV Mirante

Atualizada em 27/03/2022 às 13h15

CODÓ - Na cidade de Codó e em Timbiras tudo que é produzido nas casas vai para um único saco. Separar o lixo é hábito que não existe na maioria dos bairros dessas duas cidades. Em Codó a coleta desse material é regular. Caçambas e até carroças (cerca de 25) fazem parte do serviço. O problema aparece no manuseio, feito sem qualquer equipamento de proteção individual.

Sem aterro

Não há aterro sanitário nas duas cidades. O lixo amontoado apresenta alto risco de contaminação do solo e do lençol freático, como afirma a consultora da Fundação Agente, Lílian Melo, contratada pela Ong Plan para fazer um diagnóstico desses locais.“os problemas são diversos desde os aspectos ambientais, que a gente já conhece, do solo, do ar, dos recursos hídricos, dos lençóis freáticos. Se não forem bem cuidados podem ocorrer contaminações”, explicou a consultora.

Tão ruim e preocupante quanto tal possibilidade é a presença humana nesses lixões. As condições de trabalho expõem os catadores a vários riscos. A sobrevivência deles depende da separação do lixo e para separá-lo é preciso ter contato direto com todo tipo de resíduo.

Crianças no lixão

Quando as caçambas chegam, são as crianças as primeiras a correr, para cima delas. Encontramos quem não estude por falta de registro civil. Mas não é fácil conversar com elas, toda vez que a imprensa chega os adultos orientam para que se escondam e nada falem. Nem sempre conseguem.

Os mais velhos se dizem presos à necessidade. Não é possível deixar o lixão sem a certeza de um novo emprego. “o que faria ele sair daqui é se ele tivesse um serviço melhor em primeiro lugar pra ele, ele não tem e ele se acha julgado a vir pra cá. Outro serviço porque senão ele vai passar fome, ele e a família dele” , justificou José Damásio, catador.

Em debate

Durante dois dias (19 e 20/junho), os impactos ambientais e sócio-econômicos do lixo na vida dos catadores e de famílias que moram próximo aos lixões foram a temática de um seminário realizado pela ONG Plan, que vai distribuir equipamentos de proteção individual e acompanhá-los durante um ano. “eles vão receber uma capacitação do uso desses equipamentos de proteção até mesmo porque eles têm esta cultura de não utilizá-los e também a capacitação da prevenção em saúde, no manuseio do lixo até porque eles dependem daquele lixo para sobreviver”, garantiu Patrícia Barroso.

A Fundação contratada apontou soluções, mas entre elas não está o novo emprego pedido pelos catadores. Primeiro os municípios precisam construir aterros sanitários, depois envolver toda a população na chamada coleta seletiva do lixo. “desde o cidadão, tem que ter suas obrigações bem definidas, tem que ser responsabilizado, tem que ter suas responsabilidades, até os gestores e toda a estrutura da destinação final que aí termina com o catador, com o ser que vai sobreviver daquilo”, disse Lílian Melo.

Poder público

As autoridades presentes, alegaram falta de recursos para a construção dos aterros, mas, ao menos, se comprometeram. “mas nós nos comprometemos que não vamos medir esforços para que nós possamos construir aterro sanitário em Codó, nós vamos buscar todos os meios para que isso seja efetivado”, garantiu o prefeito de Codó Zito Rolim

A maioria das medidas é de longo prazo. Contra elas pesa o descrédito de muitos catadores que já viveram o fracasso de tentativas parecidas.

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