Plenário da Câmara

Câmara vota nesta quarta-feira projeto que cria o Estatuto do Aprendiz

A relatora, deputada Flávia Morais (PDT-GO) apresentou substitutivo ao Projeto de Lei 6461/19, do ex-deputado André de Paula (PE) e outros.

Agência Câmara

Plenário da Câmara Federal vai apreciar matéria
Plenário da Câmara Federal vai apreciar matéria (Foto: Agência Câmara)

BRASÍLIA - A Câmara dos Deputados concluiu a fase de discussão da proposta que institui o Estatuto do Aprendiz, um novo marco legal para o trabalho de jovens entre 14 e 24 anos. Segundo acordo entre os partidos, a proposta será votada no Plenário nesta quarta-feira (20).

A relatora, deputada Flávia Morais (PDT-GO) apresentou substitutivo ao Projeto de Lei 6461/19, do ex-deputado André de Paula (PE) e outros. “A proposta tem como objetivo dar melhores oportunidades de trabalho, em especial para os jovens, que tanto são atraentes para o País e tão pouco recebem da sociedade”, disse a relatora.

Ela lembrou que um jovem “nem-nem” (nem trabalha, nem estuda) é geralmente aquele que se dedica às tarefas domésticas ou ao cuidado dos pais. “Precisamos oferecer um futuro inspirador para esses jovens”, afirmou o relatora.

Dos 48,5 milhões de brasileiros de 15 a 29 anos, 10,9 milhões (22,3%) não trabalham nem estudam. Nesse grupo, as mulheres negras dependem de 43,3%, e as mulheres brancas de 20,1%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) de 2023.

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Flávia Morais destacou também que a aprendizagem é determinada para estimular os jovens a continuarem estudando, os insere no mundo do trabalho, oferece melhores possibilidades de renda, promove o desenvolvimento da cidadania e combate o trabalho infantil.

Regras previstas
De acordo com o substitutivo apresentado em Plenário, caso a empresa demonstre que não é possível realizar as atividades práticas de aprendizagem em seu ambiente de trabalho ou em entidades concedentes de experiência prática, ela poderá deixar de contratar aprendizes e pagar parceladamente em dinheiro por, no máximo, 12 meses à Conta Especial da Aprendizagem Profissional (Ceap) no âmbito do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O valor mensal será equivalente a 70% da multa por não contratação de aprendiz, inserida em R$ 3 mil pelo projeto (portanto, R$ 2,1 mil por aprendiz que deixou de ser contratado).

Quando se tratar de empresas que prestam serviços a terceiros, seus funcionários serão contratados na base de design dessa prestadora, a menos que o contrato com a tomada de serviços preveja o cumprimento da cota da prestadora pelo contratante.

Aprendiz gestante
O substitutivo deixa explícitos vários direitos dos aprendizes aplicados aos contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No caso da aprendiz gestante, além do vale-transporte, o texto assegura o direito à garantia provisória do emprego desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

Durante o período da licença, o aprendiz deve se afastar de suas atividades, com garantia do retorno ao mesmo programa de aprendizagem caso ainda esteja em andamento. A certificação do aproveitamento deverá ser por unidades curriculares, módulos ou etapas concluídas.

Caso o prazo original do contrato se encerre durante a garantia provisória, deverá ser prorrogado até o último dia dessa garantia, mantidas as condições originais, como jornada e horário de trabalho, função e salário, devendo ocorrer normalmente o recolhimento dos honorários adicionais.

As únicas alterações permitidas serão aquelas em benefício do aprendiz e em razão do termo das atividades teóricas do curso de aprendizagem.

Debate em Plenário
Durante o debate sobre o projeto, o deputado Eli Borges (PL-TO) disse que começou um trabalho aos 14 anos e avaliou que a ideia única de estudos para adolescentes não é correta. “O excesso de proteção criou a situação de crianças e adolescentes desocupados, e não acho que isso foi interessante”, declarou.

Para o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), vice-líder da oposição, a previsão do projeto de reservar de 5% a 15% das vagas para pessoas entre 14 e 24 anos inviabiliza a contratação desses profissionais que dependem do ramo. Ele citou as empresas de vigilância, onde menos de 5% dos trabalhadores são de áreas administrativas.

"Isso é uma medida arrecadatória do governo. Hoje eles já arrecadaram R$ 2 bilhões com multas. Eles estimam arrecadar R$ 8 bilhões. Este é o imposto do aprendiz", afirmou Jordy, ao citar multas aplicadas a empresas que não empregam o mínimo previsto.

Já o deputado Reimont (PT-RJ) afirmou que a proposta pode elevar o número de vagas de jovens aprendizes para 1,2 milhão. “Não estamos falando de trabalho infantil ou escravo. É uma jornada complementar ao estudo, de 4 horas”, explicou.

Segundo ele, a proposta também pode ser adotada por aqueles que cumprem medidas socioeducativas.

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